28 - Leveza

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Aquilo era muito bom, mas não me fez sorrir.
     — O que foi? — Nicole perguntou, estranhando o meu baixo astral. — Parece até que quer continuar com isso — brincou ela, me dando um leve empurrão no braço. — Tem algo a mais?  
     — É só que eu discuti com a Melissa — expliquei, lembrando das palavras dela. — Talvez não exista mais alguma coisa entre nós dois, já que parece que pra ela tudo não passou de uma diversão… Mas ela vai ficar feliz ao saber que você não vai mais mostrar o vídeo ao Henry, então obrigado por isso.
     — Eu não mereço agradecimento — disse Nicole e eu apenas dei de ombros. — Olha, a Srta. Lee é bem diferente de mim, então pode ser que ela esteja com medo. Trair o noivo com o irmão dele não é lá muito ético, não é? — Acabei corando com aquilo, afinal, Nicole tinha razão. — Mas não estou julgando vocês, Harry, longe de mim…, quem sou eu para julgar alguém? — Ela bufou, irônica. — Eu tenho certeza de uma coisa — continuou, muito séria —, se a Srta. Lee sente algo por você e mesmo assim vai casar com o seu irmão, será um arrependimento que ela terá pro resto da vida, porque ela sempre vai sentir que faltou alguma coisa para ser vivida e o Henry não vai ser capaz de preencher isso. 
     — Eu ainda devo esperar por ela?
     — Você sente que deve esperar? 
     — Sim — respondi, após alguns segundos pensando na Melissa e eu. Valia a pena lutar mais um pouquinho..., eu já tinha conseguido chegar no meio do caminho, seria covardia resolver desistir logo ali. 
     — Então é isso. 

Nicole sorriu e depois daquilo eu me despedi dela, a fim de ir pro meu apartamento e cuidar totalmente dos meus ferimentos. Quando cheguei lá, as malas da Victoria já não estavam mais espalhadas pelo chão, significando que ela já tinha se mudado. Tudo bem, agora eu ficaria ali sozinho com a Aster.  

A dor dos ferimentos foi ruim durante o banho e o meu rosto estava dolorido. Tratei de cuidar daquilo e vi que não precisava de pontos. Assim, peguei o meu celular e vi algumas chamadas e mensagens.  Eram chamadas da Victoria, mensagens do Henry, da minha mãe e de alguns amigos. 

Respondi a Victoria dizendo que eu já estava em casa e que me encontrava bem, que se ela precisasse de qualquer coisa poderia me mandar uma mensagem. Em seguida, parti para ver o que Henry estava falando. Ele, como sempre, estava com aquela preocupação e querendo saber o porquê de eu ter saído de casa sem ter falado nada. 

Só ignorei aquilo, respondi as outras mensagens e segui para jantar qualquer coisa. Talvez eu fosse mesmo um idiota apaixonado, afinal de contas, eu não conseguia tirar a Melissa da cabeça. 

Mas eu estava chateado com ela. Mesmo que ela não quisesse fazer mal ao Henry, ela tinha o dever de dizer o que estava acontecendo e de não me deixar sem respostas. Eu andava cego e só seguia o meu coração, porque, se fosse usar a razão, tomaria decisões que ela não iria gostar. E se eu me desapontasse por criar expectativas? Eu não sabia mais o que fazer e estava sem um norte.

Naquela noite, sonhei que estava em um quarto próximo de uma janela, observando a Melissa enquanto ela dormia. A luz da lua iluminava o seu rosto e a fazia transmitir uma paz que era quase palpável. Nas minhas mãos haviam rosas e eu não estava feliz porque, mesmo estando perto da Melissa, eu estava longe. Quando eu tentava me aproximar de onde ela dormia, algo me impedia. E era uma barreira transparente. Eu chamava por ela, só que ela não me ouvia. 

Quando acordei, parecia que eu tinha sofrido um acidente e quebrado todos os ossos. Minhas costas e os meus ombros doíam e eu estava suado. Parecia que havia corrido a noite inteira, o que me fez estranhar e reclamar sozinho comigo mesmo. Ao olhar as horas, me assustei por perceber que passavam das duas da tarde. Que merda, como consegui dormir por tanto tempo? 

Rapidamente vi que haviam mensagens da mamãe, que estava preocupada com o meu suposto desaparecimento. Busquei acalmá-la explicando que só havia dormido demais, que perdi as horas do trabalho e que estava no meu apartamento. Não demorou para que ela me respondesse de volta, dizendo que tinha ligado pra empresa e que eles não sabiam onde eu estava. Avisei que daria satisfações a eles e que eu não estava me sentindo bem para trabalhar. Ela se acalmou e eu fui tomar um banho, já sem pensar tanto no pesadelo que tive. 

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now