a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)

18 - Nicole

Por que eu aceitei não desistir da Melissa?

Já tínhamos conversado sobre o Henry, sim, palavras sempre meio vagas da parte dela e que davam pra perceber algo voando no ar. Havia um desconforto nela quando ela falava dele. Melissa era experiente em esconder o que sentia, contudo, quando se tratava do Henry, era diferente. Eu sempre conseguia perceber, por exemplo, quando os dois tinham brigado. Ela se fechava, não falava tanto e nem observava o mundo à sua volta, como gostava de fazer. Eu não tocava no assunto porque sabia que o Henry faria isso de qualquer jeito. Além de irmãos, éramos amigos também, e ele conversava comigo por mensagens quando estava mal com a Melissa. 

Assim, eu tinha todas as informações possíveis, e ainda podia usar qualquer corda solta no relacionamento deles a meu favor. 

Meu irmão era importante para mim, mas ele merecia mesmo alguém como a Melissa? Talvez merecesse, mas não naquele momento. Ele não estava dando o devido valor a ela, e eu era capaz de fazer aquilo, porque a Melissa merecia aquilo. Eu era o melhor pra ela e eu não podia fugir disso.

Logo, decidi continuar na Daw.

Daquela vez, eu estava me sentindo melhor e mais empolgado. Isso de sair do caminho certo era algo sem volta, e eu me arrependia de não ter feito aquilo de um jeito diferente, como ter sido sincero com o meu irmão desde o começo. 

Não fui honesto e aconteceu o que eu previa.

Antes de adiantar tudo, voltemos ao começo do plano, quando apareci na Daw para trabalhar depois da conversa com a Victoria. Eu não mandei mensagens para a Melissa e nem ela mandou para mim. Achei até que estivesse chateada, então resolvi ir até o seu escritório. 

Ela não estava lá e precisei ir atrás dela em outro lugar. Melissa só tinha dado uma saída, pois a encontrei pelo corredor, com a sua saia justa na altura do joelho, juntamente com uma blusa branca e um casaco vermelho. Seus lábios estavam acompanhados daquele bendito gloss de morango que ela tanto adorava e o seu cabelo estava um pouco diferente: volumoso, ondulado e mais claro, dando mais brilho a ela, algo que ela já tinha de sobra. 

Com isso, esqueci o que eu ia dizer.
     — Harry? — falou a Melissa, sem saber se sorria ou se ficava séria. Pus as mãos nos bolsos da calça e a cumprimentei com um oi. 
     — Podemos conversar no seu escritório? — perguntei logo depois, após me fixar em seus olhos a fim de não gaguejar e parecer um idiota. — Juro que será rápido. 
     — Tudo bem, vem cá. — Melissa seguiu na frente e eu a acompanhei. O escritório já estava a cara dela, porque próximo de uma janela de vidro havia uma planta meio grande e que dava um toque acolhedor. Outras plantas pequenas estavam sobre a sua mesa assim como algumas fotos, como da sua família e do Henry, uma coisa que me fez querer sair dali sem mesmo dizer nada. Contudo, é claro, me segurei e sentei na cadeira de frente para a mesa dela. Melissa então me olhou e esperou que eu começasse a falar, com aquela sua expressão de gentileza, algo que fazia qualquer um querer ser o seu amigo e lhe dar um abraço. — Algum problema?
     — Não, eu só queria me desculpar por aquele dia — expliquei, apertando as mãos e sentindo um calor que me fez suar. — Eu não deveria ter saído daquele jeito, sinto muito.
     — Mas ‘tá tudo bem com você? — ela quis saber, o cenho franzido. Sua confusão me deu vontade de dar um beijo entre as suas sobrancelhas, para que voltassem ao lugar. — Eu fiquei preocupada e achei melhor esperar você falar alguma coisa... 
     — Eu só… — Por um triz corri o risco de dizer a verdade, mas felizmente não falei. — Eu só não me senti bem, sabe?, psicologicamente. Fisicamente eu ‘tô bem como um touro.
     — É algo sério?
     — Não, não — sorri, balançando uma das mãos a fim de que ela esquecesse aquilo. — Sério, eu já estou melhor. Só precisava ficar sozinho, entende? 
     — Mais ou menos?
     — Isso foi uma pergunta ou uma resposta? 
     — É que eu pensei que você poderia ter tido algum problema com a Victoria — confessou ela, sem parar de olhar nos meus olhos, à procura constante de uma resposta clara. — ‘Tá tudo bem com vocês dois?