25 - Confissão

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     — Por favor, não faz isso... — pedi, buscando mudar de atitude e com esperanças de que Nicole me deixasse em paz. Mas a quem eu queria enganar? A expressão dela mostrava o quanto estava decidida. 
     — Eu já dei suas opções, Sr. Styles. 

Aquilo foi péssimo, principalmente quando ela viu que eu não tinha escolhas e se aproveitou de mim. Nicole sorriu com satisfação e puxou levemente o meu paletó, a fim de me beijar. 

Eu não queria isso, porque seria como beijar uma pedra, sem sentir absolutamente nada. Acabei me esquivando daquilo e os seus olhos faiscaram. Ela nem precisou me ameaçar de novo, porque o seu olhar dizia aquilo. 

Seus lábios colaram nos meus e eu franzi o cenho, não gostando nada da sensação e pensando somente na Melissa. Era simples de entender: não havia nada melhor do que os lábios dela. Eu queria apenas ela e mais ninguém. Por que a Nicole não resolveu chantagear uma outra pessoa? Ou por que ela não pediu dinheiro ou algo mais fácil de se conseguir? 

Para o meu desagrado, ela quis aprofundar o beijo e tive que retribuir. Suas mãos ficaram envolta do meu rosto e não consegui tocá-la. Fiquei parado enquanto ela me beijava e ela não reclamou daquilo – afinal, ela já que sabia que estava passando do ponto.

Fiquei aliviado quando ouvi alguém batendo na porta e então descolei os lábios da Nicole, para depois olhar na direção do barulho. O alívio logo se foi quando vi Melissa entrando no escritório, dando passos suaves como passos de gato. Tive medo de sua reação e olhei para ela como se lhe implorasse para que escutasse o que eu teria para dizer depois. 

Percebi então que ela estava irritada, mas não comigo. Seus punhos estavam cerrados, mas ela se esforçava para se manter calma. Melissa apenas me fitou, como se a presença da Nicole não existisse, e em seguida respirou fundo. 
     — Desculpa ter interrompido — disse ela, quase como um murmúrio. — É que o pneu do Henry furou e eu preciso de uma carona. Achei mais fácil vir aqui pedir sua ajuda do que chamar um táxi, sabe? 
     — Hã… — Nicole se afastou um pouco de mim, nada envergonhada, e então sorriu para Melissa, mesmo que esta não a olhasse. — Acho melhor eu ir agora. Com licença, tenham uma ótima noite. — Nicole então piscou pra mim e saiu do escritório, muito animada com o seu feito.

Limpei a boca e tive vontade de gritar, mas minha preocupação maior era com a Melissa, que parecia se segurar mais do que eu para manter a boa aparência. Eu nunca a vi irritada a ponto de gritar, e queria permanecer sem ver. 
     — Preciso contar uma coisa… — eu disse rapidamente, me aproximando dela com medo de que saísse sem mim. 
     — Eu já sei, ouvi tudo o que ela disse — falou Melissa, o maxilar rígido e as sobrancelhas franzidas. Ela definitivamente estava irritada, mas fiquei mais calmo por não precisar explicar sobre aquele beijo idiota. — Piranha desgraçada… — Os dentes da Melissa estavam cerrados e ela olhava na direção onde a Nicole tinha saído, batucando com os seus saltos no chão. — Que vontade que eu tive de socar a cara dela… Que cobra infeliz! Ah, se eu não trabalhasse na mesma empresa, ela veria só uma coisa, eu…
     — Não gaste suas energias pensando nela — pedi, tocando os seus punhos e buscando ao máximo acalmá-la. — Eu também estou furioso com ela, nunca imaginei que pudesse fazer algo assim. Eu já estaria morto se arrependimentos matassem. 
     — Não podíamos ter arriscado daquele jeito — reclamou Melissa, se afastando de mim e passando a mão pelos cabelos, um tanto nervosa. — Agora ela tem o vídeo de nós dois juntos! E então, o que vamos fazer? Nem adianta fingir que foi só uma pulada de cerca, porque de qualquer jeito ela pode mostrar o vídeo pras pessoas e pro Henry, e todos vão nos odiar. Eu ainda preciso pensar no que falar pra ele, tenho que me preparar para isso…
     — Desculpe… 
     — Não ‘tô irritada com você, Harry — disse Melissa, se aproximando e segurando as minhas mãos. — Se vamos culpar alguém, então que culpemos nós dois. 
     — Eu não quero ter que fazer nada com ela — reclamei, sentindo insatisfação somente ao pensar em estar com a Nicole. Ela era sim uma mulher bonita, tinha suas qualidades e seus defeitos, mas a questão não era essa. Eu só não a queria comigo. — Que droga, ela quer me fazer de escravo sexual! 

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now