49 - Desencontro

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     — Ei, está tudo bem

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     — Ei, está tudo bem.

Ele afagou o meu braço e sorriu, solenemente. Ficamos nos encarando e tive vontade de chorar, como aconteceu naquelas várias vezes. Eu tinha me tornado muito mais chorão do que quando era menor, emoções fortes não cabiam direito no meu peito e sempre eram extravasadas em forma de lágrimas.

Eu chorei porque ouvir aquilo do meu irmão era muito importante. Eu chorei porque eu tinha a certeza de que ele estava feliz, que estava saudável e que tinha me perdoado. Eu chorei porque agora eu sabia que falar sobre Melissa Lee não era mais algo que o machucava, nem que o aflingia, que ir atrás dela não faria mal para ele, que dizer a ele que eu a amava e que queria que ela fosse a minha mulher não o deixava inquieto ou irritado, que nada daquilo era provocação, apenas os meus sentimentos.
     — É, está tudo bem, sim — repetiu Henry, mais claro. — Ninguém pode duvidar do que você sente por ela, eu consigo ver evidentemente o que tudo isso é. Sinto muito por tudo e sei que você também sente, foi complicado e desafiou a nós mesmos, mas agora está tudo bem…, entendeu?
     — Obrigado…

Minha voz quase não saiu.
     — Você é o meu irmão, Harry, por isso sei o que te faz bem. Nos resolvermos foi bom, mas eu também sei que algo falta para que você esteja cem por cento. Eu não quero que você se sinta mal com o fato de querer ir atrás dela, então você tem que ir. Eu te amo e quero que você seja feliz. Melissa Lee ama você, eu vi nos olhos dela nas vezes em que a vi depois que descobri sobre tudo, então…, por favor, apenas faça isso.
     — Faz bastante tempo que não falo com ela. Ela deixou de me responder, então não sei o que aconteceu...
     — Você vai saber quando for até lá e ver como ela está — disse ele, com um olhar que me passou muita confiança. Ficamos nos observando por alguns segundos e eu assenti, já muito decidido.

Melissa tinha parado de falar comigo, por isso uma das coisas que eu tinha na cabeça era que ela estava irritada comigo por conta de alguma coisa ou que tinha se apaixonado por outra pessoa e agora estava muito melhor sem mim. Mas fiquei lembrando das vezes em que estivemos juntos, da forma como ela me olhava, da forma como ela falava comigo e quando disse que me amava. Ela me amava, portanto não se irritaria caso desse de cara comigo na porta da sua casa, certo?

Me perguntei se não seria melhor mandar alguma mensagem avisando que eu iria vê-la, mas pensei duas vezes. Ela sequer viu as mensagens que eu tinha mandado antes, então por que as veria daquela vez?

Eu não tinha o contato da família dela e eu não queria que paranóias dominassem a minha cabeça, por isso, no dia seguinte fui para o trabalho e falei que precisaria viajar, que não se preocupassem porque eu daria conta do trabalho em casa, que seria tão produtivo quanto estar na empresa pessoalmente. Meu chefe confiou em mim e, durante aquela semana, trabalhei em casa e fui me adaptando, já com algumas roupas prontas para a viagem (poucas, porque eu não tinha certeza de como Melissa reagiria).
     — Você vai mesmo amanhã? — perguntou mamãe, os braços cruzados enquanto eu guardava os meus documentos. — Quantos dias você pretende ficar lá? Você vai falar comigo quando chegar, né, filho?
     — Claro que vou, mamãe — sorri, porque ela estava com aquele olhar de cachorro sem dono, como se eu fosse abandoná-la e nunca mais fosse vê-la na vida. — Não sei quanto tempo vou ficar, porque não tenho certeza de como as coisas vão andar.
     — E se…

a new life • hs | book 2 (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now