CAPÍTULO 3

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Minha avó apenas ficou em silêncio, talvez não queria expor o que conversaram, mas por alguma razão decidiu falar

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Minha avó apenas ficou em silêncio, talvez não queria expor o que conversaram, mas por alguma razão decidiu falar.

— Sempre que me liga é para falar de você, de como está preocupada com seu distanciamento, e isolamento... Acredita que pode acabar entrando em depressão. — O semblante da minha avó estava sério, como poucas vezes vi.

Não tiro a razão dela, nem mesmo estes pensamentos da minha mãe... Se continuar assim, sei que não vai demorar para desenvolver um quadro depressivo, mas o grande problema disso é que não estou assim por escolha, não é como se existisse um botão que apertamos e desligamos esta coisa. Quem dera a vida fosse uma história, onde se algo estivesse errado tudo que tínhamos que fazer seria deletar.

No entanto o erro da vida real permanece, se torna nosso passado, sendo usado como estrutura no presente, para se construir um futuro, é assim que a vida realmente é! Mas claro que não iria dizer isso para ela, então apenas tentei convencê-la do contrário.

— Mais que bobeira vovó! Não estou com depressão, estou triste, não nego... Sinto a falta dele e isso pesa todos os dias, estou de luto! Apenas ainda não consegui lidar com isso, mas sei que vou conseguir, pode acreditar... — Tentei convencê-la com minhas palavras.

— Sabina... Te conheço com a palma de minha mão, eu a vi nascer, troquei suas fraldas, acompanhei toda sua trajetória, talvez mais do que sua própria mãe, devido o trabalho dela, acha mesmo que pode me enganar? Os outros talvez consiga, mas não a mim! Você vem trilhando este caminho, mas sei que dá tempo de voltar, por isso quero apenas que perceba isso, e faça suas próprias escolhas, seja qual for, porém, que esteja ciente do que está fazendo.

— Tudo bem... Mas podemos mudar de assunto? Não é um tema legal para falar no meu aniversário, que tal falarmos da vida da senhora que é bem mais divertida e legal? — Queria escapar daquela conversa a todo custo, aquelas palavras remexiam algo estranho dentro de mim, talvez por que me faziam refletir sobre tudo, e o que não queria era pensar em tudo.

— Como a vida de uma senhora de idade, pode ser mais interessante, ou divertida do que a de uma adolescente cheia de energia, e descobertas por fazer? Não faça piadas sem graça mocinha! Se quer mudar de assunto não tem problema... Apenas me prometa uma coisa, que vai se cuidar... Aqui! — Apontou para o meu coração. — É aqui também...—Apontou para minha cabeça. — Reúna todos os pedaços quebrados desta família e os cole, não tenha pressa, mas faça um pouquinho de cada vez.

Não tive coragem de falar uma única palavra sequer com medo da voz falhar, apenas balancei a cabeça positivamente, enquanto tomava um pouco do café, mesmo sem saber como iria fazer aquele grande feito.

— Mas voltando a um tópico mais alegre, no caso seu aniversário, tenho algo que quero lhe dar. — Sorriu se levantando rapidamente.

— Não vovó... Sem presente, lembra do que tínhamos combinado? — Argumentei me levantando e a seguindo.

— Eu sei disso, mas quando foi que aceitei este combinado? Lembro de você ter falado, mas não concordei com nada disso! — Provocou minha avó. — Não me julgue por querer dar um presente para minha neta. — Sorriu de forma carinhosa, o que acabou arrancando um sorriso meu.

— Que saudades senti deste sorriso. — Vovó disse seguindo em direção a estante de livros, pensei que iria pegar um dos vários exemplares que tinha, mas não foi isso que fez. Pegou algo atrás dos livros e se virou para mim, escondendo às duas mãos nas costas, me olhou e parou a poucos centímetros, estendendo uma caixinha de veludo vermelha que cabia perfeitamente em sua mão.

— Por mais que goste da senhora, não aceito me casar, ainda sou muito jovem, não que não faça meu tipo, sabe. — Brinquei com ela, segurando a caixinha com delicadeza.

— Deixa de besteira menina! Este é o meu presente para você...

Abri a caixinha esperando um anel, mas para minha surpresa o que havia ali era um colar, seu pingente era uma pedra azul, parecia uma safira, o formato era de uma gota, que poderia ser uma gota de água, mas para mim me parecia uma lágrima, não sei porque pensei nisso, ao segurar colar a pedra pareceu brilhar, a correntinha era de prata, com pequenos anéis ter fortaleciam a trama do objeto.

— Que coisa linda vovó! Não posso aceitar. — Falei olhando para ela enquanto o segurava em minhas mãos.

— Deixa de besteira! É meu presente para você... Talvez possa te ajudar. — Não entendi, como um colar poderia me auxiliar em alguma coisa?

— Como um colar, pode me ajudar vovó? — Fiquei confusa.

— Não precisa entender agora, apenas o use está bem? Por mim. — Pegou no colar de minhas mãos colocando em meu pescoço.

— O que este colar deveria fazer exatamente? Me conceder poderes divinos, ou me permitir soltar raios pelos olhos, quem sabe algo mais simples, como voar? — Brinquei com a vovó.

— Não sei se existe uma joia que faça tais coisas, e se tivesse garanto que não daria isso para você, sem ofensa... Apenas acredito que o colar será capaz de abrir seus olhos, para o que precisa realmente ver. — Aquelas palavras soaram enigmáticas demais, era visível que estava emocionada, então apenas abracei agradecendo.

Porém, as palavras dela martelavam em minha mente, o que precisava realmente enxergar? Aquela era uma coisa que não sabia como responder.


Este capitulo tem: 906 palavras

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Este capitulo tem: 906 palavras

Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUWhere stories live. Discover now