CAPÍTULO 50

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Acho que pela primeira vez desde que tudo aquilo tinha começado, notei um semblante diferente em Khonsu, como se ler aquele diário, houvesse mudado alguma coisa nele, apenas não sabia identificar o que era

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Acho que pela primeira vez desde que tudo aquilo tinha começado, notei um semblante diferente em Khonsu, como se ler aquele diário, houvesse mudado alguma coisa nele, apenas não sabia identificar o que era. Seus olhos prendiam os meus.

— Sabina. Sei que tudo isso não é algo que pediu. Também compreendo que seja surreal para sequer medir com a régua do bom-senso, mas apesar disso tudo, posso dizer que está se saindo muito bem, mesmo com suas crises, e dúvidas, ou tantas perguntas que chega a ser sufocante.

Bufei indignada com aquelas palavras, não sabia se estava tentando me animar, ou me irritar com elas, mas Khonsu continuou a falar:

— Entretanto, o que entendi, ou melhor, descobri com o passar do tempo, é que as coisas não acontecem por acaso... Não que o destino esteja escrito, ou coisa do tipo, mas que certas ações acabam sendo necessárias para um determinado desfecho. Como voltar a forma humana somente agora, deve ter um motivo importante, mesmo sem saber qual é, sei que está relacionando com você, apenas não sei dizer o que é ainda.

— Entra na fila, pois é apenas mais um que quer descobrir, queria entender porque isso está acontecendo comigo, porque agora... Passou pela minha cabeça que foi um capricho do destino que deve ser uma criança entediada que precisava se distrair de alguma forma, e a única maneira que achou que seria "divertido" seria virar minha vida de cabeça para baixo!

À medida que deixava as palavras vazarem por minha boca, percebia o quanto estava me sentindo sobrecarregada com aquilo, e como não estava conseguindo entender tudo. Mas será que alguém lidaria de alguma forma melhor naquela situação? Não queria soar como se a culpa de tudo aquilo fosse de Khonsu, pois sabia que não era, havia sido vítima assim como eu, ou até mesmo pior.

— Queria poder colocar isso para fora... Hoje cogitei muito contar tudo para a Kimberly, ou para minha avó, mas tive medo, talvez do que pensariam, se achariam que havia ficado maluca de vez, mas guardar tudo isso é sufocante!

— Posso imaginar... Mais acho que não seria bom contar isso a mais ninguém, pelo menos por enquanto, não ajudaria em nada fazer isso.

Não precisava que me falasse o óbvio, pois sabia muito bem disso, porém saber e entender que não resolveria nada, não tornava meu desejo de contar isso para alguém menos tentador. Entretanto, ficar calada e em silêncio também não era a melhor opção, afinal as respostas não iriam simplesmente cair do céu, direto no meu colo.

Como se lesse minha mente, Khonsu, chamou atenção com suas palavras.

— Sinto que existe magia antiga em você, e não apenas isso, o colar que ganhou também possui um poder estranho, sei que tudo pode parecer confuso, mas deve haver alguma lógica, precisamos apenas encontrar uma forma de unir as peças corretamente deste quebra cabeça. E para isso tenho uma ideia, você pode gostar ou não dela...

Aquilo não estava me cheirando nada bem, mas na atual situação em que me encontrava qualquer coisa era melhor do que nada.

— Desembucha de uma vez! Não cria suspense.

— Acho que temos que seguir para o Egito.

De tudo que podia imaginar, aquelas palavras não faziam parte da lista, me surpreendi e ainda bem que estava na cama, se não teria uma grande chance de cair. Comecei a gargalhar logo em seguida imaginando que aquilo era uma piada, só podia ser isso.

— E, por que raios eu iria para o Egito? — Levantei o questionamento, tentando ver se havia alguma lógica naquela ideia.

— Mesmo sem ter contato direto com minha família há muito tempo, fiz uma pesquisa e descobri que um dos meus descendentes, reside no Egito. Sendo o curador do museu, tentando reaver as relíquias antigas é trazê-las para onde pertencem, sem contar que carrega consigo certos segredos. Porém, não posso ir sozinho. — Concluiu Khonsu.

— Por que não? Se saiu muito bem estes anos, não acho que precise de babá agora.

— Ainda não entendeu... Estamos ligados de alguma forma. No passado fugi do meu lar, das pessoas que me amavam, por puro medo e egoísmo de vê-los partir, enquanto ficava aqui na forma de gato, mas você me mostrou que mudanças podem ocorrer quando menos esperamos. Talvez a pesquisa que minha irmã estava fazendo pode existir e nos mostrar algo que ainda não vimos, conhecendo Zahra sei que ela continuou tentando mesmo quando parti. — O tom de voz de Khonsu era pesaroso, mais uma vez, havia culpa, tristeza e saudade ali presente, uma sensação que conhecia muito bem desde que havia perdido meu irmão.

Todo aquele sentimento, se refletia em mim mesma, pois havia passado por algo parecido. Claro que nem de longe se compara, mas a perda era a mesma no final, não sei se teria a coragem de simplesmente me distanciar como Khonsu fez, mesmo que de vez enquanto aparecesse de longe, aquilo não seria o correto e muito menos o bastante, pelo menos não para mim. Isso me fez ponderar aquela ideia maluca.

— Se por acaso aceitasse ir, o que seria impossível, como acha que faria isso exatamente? Acha que se chegar nos meus pais e dizer: "Estou indo para o Egito, porque meu gato que, na verdade, é um humano, que foi amaldiçoado, tem coisas para resolver e precisa que o acompanhe." — Externar aquilo em palavras deixa tudo ainda mais ridículo. — Não acho que isso vai colar, a não ser que tenha uma bela desculpa para fazer o resultado ser diferente.

— Pelo que compreendi das leis desse tempo, você logo completará dezoito anos, isso a tornará independente, não precisará de permissão.

— Que engraçado, então está querendo que passe um ano todo, no olho do furacão com tudo isso acontecendo, com você na forma de gato e homem, tendo que ir para o colégio? Isso não vai rolar! — Deixei claro meu ponto.

Não tinha psicológico para aguentar aquilo por muito tempo, sem contar esconder todos estes segredos, sabia que cedo, ou tarde tudo iria desmoronar como um castelo de cartas. Porém, a pergunta que ficava no ar era onde e quando isso aconteceria, e não estava muito disposta em pagar para ver isso acontecer.

— Caso queira, podemos dizer que vai fazer um intercâmbio no Egito, assim como fiz. — Aquilo era uma possibilidade minimamente plausível.

Porém, precisava ser realista, aquilo não era um conto de fadas e muito menos um filme, não tinha como não levantar suspeitas, de repente e do nada ir para o Egito sem sequer te me inscrito em alguma coisa do tipo, ou ter a documentação necessária para confirmar tudo aquilo.

— Isso não vai funcionar... Teremos que pensar em outra forma de resolver isso. Você disse que um dos seus descendentes e curador, acha que não seria mais fácil entrar em contato com ele, para vermos se temos mais sucesso, do que sair em uma viagem louca e sem sentido, sem ter qualquer certeza de alguma coisa?

— Pode ser... Mas e se não acreditar? E se a fizer isso eu descobrir que não passo de um fragmento esquecido do passado e ninguém que possua meu sangue sabe quem sou?

Aquilo bateu fundo no coração. Era difícil imaginar Khonsu inseguro... Sempre demonstrava descontraído, misterioso e enigmático, mas vulnerável era algo que vi apenas quando achei que ele era um humano e que poderia morrer se caísse do terraço do colégio.

 Sempre demonstrava descontraído, misterioso e enigmático, mas vulnerável era algo que vi apenas quando achei que ele era um humano e que poderia morrer se caísse do terraço do colégio

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O DESTINO DE KHONSUOnde histórias criam vida. Descubra agora