CAPÍTULO 55

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À medida que avançamos, decidi não me aprofundar sobre aquele assunto, me atentando apenas a concordar

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À medida que avançamos, decidi não me aprofundar sobre aquele assunto, me atentando apenas a concordar.

— Faz sentido. — Confirmei, observando caminhar com muita propriedade pelos corredores. — Parece que conhece bem o caminho. — Constatei o óbvio.

— Sim... Venho aqui há alguns anos, mas se não se importar, gostaria de trocar algumas palavrinhas com o médico que acompanha o caso da minha mãe. Quero saber dele se podemos vê-la realmente, tudo que menos quero e piorar o estado dela. — Aquelas palavras partiam meu coração.

— Sem problemas. — Sorri, a acompanhando.

— Obrigada... — Assim que chegamos ao final do corredor, ao invés de seguir na direção orientada pela moça da recepção, seguimos na direção oposta.

O ambiente era bem claro, com suas paredes brancas, o que dava a sensação de ser maior do que realmente era. Aquele branco trazia mais luz ao corredor, que poderia ser confundido com o de um hospital. O lugar estava completamente silencioso, nossos passos ecoavam à medida que avançávamos, o piso de porcelanato estava tão lustroso que era possível ver nosso reflexo nele.

Havia várias portas, mas Kim parecia focada em chegar a um único lugar. Assim que paramos no final do corredor, havia uma porta à esquerda, fixada no centro dela uma plaquinha dourada. Talvez de acrílico? Tinha gravado nela: Dr. Marcus Salles Marinho.

Minha amiga parou alguns instantes, como se estivesse tendo um debate interno, mas não durou muito, erguendo a mão, deu duas batidas suaves na porta e aguardou. Pouco depois, a porta se abriu, revelando um homem de jaleco branco, por baixo uma camisa social azul bebê, e uma calça cinza-escuro. Deveria estar na casa dos cinquenta e poucos, seus cabelos começavam a assumir tons grisalhos, o que lhe concedia um ar maduro, mas ainda jovial.

Seu rosto era bem definido e marcado com um queixo quadrado e uma barba cerrada, muito bem cuidada e aparada, usava óculos de haste fina que ornava bem com seu rosto, seus olhos castanhos, pareciam conter pigmentos vermelhos, não sabia se era verdade aquilo, ou se estava imaginando coisas, afinal estava avaliando o médico de cima a baixo, quando comecei a fazer isso? Me questionei.

— Vejam só, se não é a senhorita Kimberly. — Sorriu de forma educada, mas sincera, seus olhos se viraram para mim. — Mais noto que não veio sozinha desta vez, isso é muito raro. — Senti Kim desviar um pouco o olhar.

— Está e minha amiga Sabina. — Me apresentou ao médico.

— Como vai, doutor? Me chamo Sabina Santoro de Alencar.

Os olhos do doutor se arregalaram momentaneamente ao ouvir meu nome completo. — Você por acaso seria filha da doutora Luciana Santoro?

— Sou sim. O senhor a conhece? — Perguntei, surpresa.

— Tive algumas matérias com ela na época da faculdade e fomos residentes no mesmo hospital, como o mundo é pequeno... Mas acredito que a vinda de vocês aqui hoje é por outro assunto, não é mesmo? — O tom de voz dele ficou mais sério.

— O senhor está certo. — Kimberly concordou com o médico.

— Que tal entrarmos, assim podemos conversar melhor. — Abriu espaço para que entrássemos.

A sala era simples, com poucas coisas, uma mesa de vidro com um notebook, assim como um porta-retrato, uma cadeira com rodinhas, um quadro minimalista ao fundo. Duas outras cadeiras para receber os pacientes, ou parentes, um sofá pequeno e uma estante com vários livros.

Fechou a porta, caminhando até sua mesa, se sentando e nos convidando a nos acomodar.

— Por que não se sentam? Acho que assim será mais confortável.

— Obrigada. — Falamos praticamente juntas à medida que sentávamos.

— Acredito que veio aqui para visitar sua mãe? — A pergunta era mais retórica do que qualquer outra coisa, mas o doutor fez mesmo assim.

— Exatamente. Mas antes de ir, queria saber como ela está... Se seria uma boa ideia ela receber visita agora, já tivemos algumas situações não muito agradáveis. — O tom taciturno dela me fez pensar no que aquilo significava.

— Acredito que não iremos ter episódios como aqueles, sua mãe está relativamente bem, claro dentro do possível, se considerarmos tudo, como muitos pacientes que têm seus altos e baixos, não seria diferente com Miranda. Porém, o novo tratamento tem se mostrado bem promissor e tem ajudado a estabilizar.

— Soube desse tratamento quando recebi a carta dela relatando que iria começar um tratamento experimental. — Relatou Kim, ao médico.

Enquanto falavam fiquei em silêncio apenas observando tudo, e tentando entender a conversa, mas sem saber de muitos dos acontecimentos era difícil ter certeza de alguma coisa, saber que Kim se comunicava com sua mãe por meio de carta, era algo que pouco conseguia imaginar, com a era digital tão presente, mas guardei aquilo para mim mesma.

— Isso facilita as coisas para mim, queria falar pessoalmente, por isso não disse nada nos relatórios da sua mãe, este tratamento ainda é recente, não temos como prever como serão os resultados, mas estou bastante confiante, os pacientes tem aceitado bem tanto a medicação quando a socialização, a melhora é visível. — Garantiu o doutor com certo entusiasmo.

— Mas é seguro? — Perguntou Kim parecendo preocupada.

— No campo da medicina, nada é seguro ou certo, entretanto os testes iniciais se mostraram promissores, é uma pesquisa que vem sendo estudada há muitos anos, os efeitos colaterais registrados são mínimos... Apesar disso, o processo é lento e nem todos os pacientes conseguem manter o cronograma até o final, mas como a taxa tem se mostrado satisfatória, achei que seria bom tentar este tratamento.

— Vou confiar em seu julgamento, doutor, mas acredita que podemos conseguir inibir os episódios com este tratamento experimental?

— Não quero dar falsas esperanças, por isso não tem como afirmar nada, porém acho que a medicação e o tratamento, vai ajudar a manter uma estabilidade maior, reduzindo as crises e episódios, e mesmo que ocorram, será em uma escala bem mais reduzida. Acredito que agora precisamos ser positivos, estamos monitorando todos os pacientes que entraram na fase de testes deste tratamento, para ver se algum deles apresenta alguma anormalidade, mas posso dizer que sua mãe é uma das que tem aceitado super bem toda a medicação do tratamento.

 Acredito que agora precisamos ser positivos, estamos monitorando todos os pacientes que entraram na fase de testes deste tratamento, para ver se algum deles apresenta alguma anormalidade, mas posso dizer que sua mãe é uma das que tem aceitado sup...

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Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUWhere stories live. Discover now