CAPÍTULO 41

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Nenhum barulho conseguia ser escutado, além da chama, queimando e de minha irmã que gemia

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Nenhum barulho conseguia ser escutado, além da chama, queimando e de minha irmã que gemia. Como aquilo me partiu em pedaços, ainda hoje me pergunto como consegui resistir em não avançar imediatamente contra aquele ancião e matá-lo ali mesmo! Talvez os deuses estivessem olhando por mim.

Como se usasse aquelas lembranças para me punir, relembrei tudo que aconteceu com cada detalhe que minha mente imortal conseguia processar, o ancião sorriu aos devotos sombrios quando deixou as palavras saírem:

― Hoje oferecemos o sangue, da última filha de Bastet! ― Apesar daquelas palavras, minha irmã não era, teoricamente, a última filha de Bastet, mas sim, a última que havia nascido na linhagem daqueles que serviam a deusa gato. ― O coração dela será um sacrifício a Anúbis! Com isso vamos provar nosso valor, o deus do submundo irá ver nossa devoção e voltara sua atenção para conosco!

Anúbis assim como os demais deuses não se comunicava com os mortais, porém ele possuía uma legião de seguidores, talvez com a intenção de salvar suas vidas, ou almas após a morte, mas o deus nunca se manifestou... Sequer deu qualquer sinal que estava com os humanos. Entretanto, ali estavam eles adorando e fazendo o que bem entendiam, na esperança de atrair a atenção de uma divindade que poderia ser apenas uma invenção.

― Como esta grande prova de nossa fé, seremos recompensados com a imortalidade! Esperamos por tempo de mais para nos fazermos ser escutados, hoje iremos mostrar a todos que Anúbis nos observa.

Os demais gritaram em aprovação as palavras do ancião, eram todos fanáticos seguindo um maluco que acreditava nas suas próprias loucuras! Estavam dispostos a matar minha irmã em nome de um deus que sequer havia se manifestado, meu sangue ferveu naquele mesmo instante, senti meus dentes trincarem, tamanha era a força que estava fazendo para me controlar. O gosto do sangue ainda podia ser sentido em minha boca.

Quando todo o alvoroço diminuiu, um dos encapuzados perguntou:

― Tem certeza que vai funcionar? Tentamos vários rituais, no que este é diferente dos outros?

Os olhos do ancião se fixaram no dono da pergunta com um olhar perigoso e macabro, mas logo deu lugar para um semblante calmo e sereno.

― Este ritual é único... Pois não é apenas uma oferenda, mas sim um sacrifício! Por décadas nossos antepassados tentam, sem sucesso, adquirir uma conexão com Anúbis e nunca estivemos tão perto disso!

O dono daquela voz que perguntara, pertencia a uma mulher. Com a resposta afiada que veio do ancião a fez se calar, porém, o velho maldito ainda continuou com suas sandices.

― Claro que nada de fato é realmente certo, mas o que estamos prestes a concretizar aqui vai mudar para sempre as coisas! Faremos um sacrifício de sangue completo, onde usaremos o poder da alma desta jovem, como um presente. Em troca receberemos vida eterna. Foram estas as palavras traduzidos pelos nossos... As páginas negras são nosso legado.

Com um gesto chamou o encapuzado que segurava a adaga, o mesmo se aproximou se curvou erguendo a lâmina sobre sua cabeça, o ancião a agarrou pelo cabo, apontou para minha irmã, senti o frio subir por toda minha espinha. Jamais iria permitir que aquilo acontecesse! Em meu coração sabia que precisava fazer alguma coisa.

Apenas não sabia o quê! Mas ficar ali não estava resolvendo, ninguém iria chegar e ajudar, não podia contar com ninguém, teria que ser eu a resolver aquilo! Mesmo sabendo que talvez não conseguiríamos sair dali com vida, pelo menos não iria ver minha irmã morrer diante meus olhos. Desci sorrateiramente pela pilastra que ficava no fundo, completamente oculta pela escuridão daquele lugar, tentei ser o mais silencioso possível.

O meu tempo era curto, e sabia que não conseguiria resolver aquele problema, havia muitos devotos ali, mas ser imprudente poderia acarretar, em uma tragédia, contudo esperar também não estava ajudando... Todas as minhas opções não eram favoráveis, e em cada uma delas, minha irmã acabava sendo vítima das loucuras dos devotos de Anúbis.

Segui pelo canto da parede, usando as próprias sombras para me esconder, vi um jarro que parecia ser usado para encher de água, estava vazio, porém era pesado o bastante para usar como uma arma. Completamente desesperado sai da escuridão com o jarro em minhas mãos, atraindo todos os olhares em minha direção, antes que sequer pensassem em reagir, corri em rumo ao altar onde estava minha irmã.

Não tinha um plano, pois todos que pensei seriam frustrados, então meu objetivo era salvar minha irmã e improvisar o resto. Com isso lancei o jarro no ancião quando estava a uma distância que sabia que não erraria, o peso, o material e a força que arremessei foi o suficiente para fazê-lo cair no chão com a adaga que saiu girando no chão de pedra.

Com o ancião caído, continuei correndo até onde minha irmã estava deitada, sem entender os devotos se afastaram, atordoados ao primeiro momento. Os olhos da minha irmã me avistaram, se arregalaram de surpresa e alívio, porém mal sabia ela que ainda estávamos em apuros. Corri até a adaga e a segurei em minhas mãos, o ancião ainda gemia no chão, completamente cego pela raiva o chutei diversas vezes.

Sabendo que não podia perder tempo, corri até minha irmã cortando suas amarras, os devotos não entendiam o que estava acontecendo, afinal eles não eram guerreiros, e agradeci aos céus por isso. Tirei a mordaça de sua boca, no exato momento que me alertou que em um encapuzado se aproximava por trás, o mesmo segurava uma espada curvada que poderia parecer até uma foice, o nome dela era Khopesh.

Seu cabo era de uma espada comum, com uma base reta, mas a mesma possuía uma curva longa e aberta, o que dava a impressão de parecer uma foice, a lâmina era afiada e capaz de partir um braço, ou uma perna com extrema facilidade, o devoto mirava minha cabeça, como se quisesse decepá-la, minha irmã me abaixou evitando que tivessem sucesso, me ergui e o chutei pelas costas, já que tinha girado devido ao movimento longo, o mesmo tropeçou em seu mando e girou nos degraus a sua frente.

Assim que a libertei, segurei seu rosto em minhas mãos, deixei o alívio me preencher, mas não durou muito, escutei ao longe:

― Peguem eles! ― Não tinha como saber quem havia dito aquelas palavras.

― Precisamos sair daqui! ― Lhe disse a ajudando descer daquele lugar, a chama do braseiro ainda queimava em seu azul fantasmagórico, lançando sombras para todos os lados naquela confusão que havia se instaurado ali.

Meus olhos faziam uma varredura completa, observando todas as possibilidades que poderiam ser aproveitadas de todo aquele alvoroço, o ancião estava tentando se colocar de pé, o outro encapuzado que estava com a espada Khospeh, se erguia do chão, do lado da minha irmã, o devoto que segurava a tigela surgiu segurando o braço de Zahra que gritou, tentando se desvincular dele.

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Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUWhere stories live. Discover now