CAPÍTULO 36

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Seguimos para o ponto de ônibus, notei os olhares discretos em minha direção, como se tentasse parecer despreocupada, mas era evidente a inquietação em seu semblante

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Seguimos para o ponto de ônibus, notei os olhares discretos em minha direção, como se tentasse parecer despreocupada, mas era evidente a inquietação em seu semblante. Após o intervalo o dia se tornou longo e arrastado, nada fácil para dizer o mínimo, mesmo me segurando para não revelar tudo a Kim, como poderia contar a ela o que estava acontecendo?

Ao mesmo tempo que me sentia confusa com todo aquele turbilhão de informação, tinha o fato de descobrir que Kim havia enfrentado, ou enfrenta até hoje, o problema com a síndrome do pânico, não podia levar mais confusão para a vida dela. Isso me fazia refletir que talvez poderia ser eu passando por coisas assim... se tivesse me deixado afundar ainda mais, se não fosse as pessoas que se importavam comigo e a própria Kim, poderia ser até pior.

Minha admiração por Kim apenas aumentava cada dia mais, era uma garota forte e determinada, sua força não provinha de ser a mais forte, mas de não se deixar vencer, de continuar tentando, de sempre se superar. Mesmo com tudo que havia passado com os pais continuava seguindo em frente, o pai dela deveria ser o mesmo que Sam para mim. Pensando em tudo isso, não queria ser a pessoa que iria fazer o balde transbordar, desejava que viesse a mim quando sentisse pronta e não por forçar compartilhar, isso eu não faria. Pois havia passado por isso.

Assim seguimos em silêncio todo o caminho. Desci primeiro me despedindo e pedindo a Kim para não se preocupar, à medida que caminhava para minha casa, meus pensamentos se tornavam meu maior inimigo, pois traziam à tona, coisas que evitei cogitar. Como encontrar meu gato que agora sei que não é apenas um bichano, mas sim um garoto aprisionando naquela forma.

Parei diante da porta sentindo a coragem sumir do meu corpo, estava com medo do que viria a seguir, peguei as chaves da mochila, minhas mãos estavam tremendo. Abri a porta com cautela, nada fora do comum, tudo estava silencioso, segui para meu quarto, ali procurei pelo gato, mas não o encontrei. Aquilo era estranho, pois sempre estava deitado no beiral da janela ou na cama.

Joguei a mochila no canto, troquei de roupa rapidamente, mandei uma mensagem para minha avó, perguntando se estaria em sua casa, demorou um pouco a responder, a mensagem sempre aparecia digitando, mais nunca vinha nada, esperei pacientemente, quando chegou a mensagem dizendo que estava em casa, em seguida mandei avisando que estava indo visitá-la.

A resposta desta vez veio mais rápido, pois era apenas um emoji de carinha feliz. Dei uma última olhada em todo o quarto em busca do gato, mais realmente não estava ali, não vê-lo apenas me intrigou ainda mais. Do lado de fora vi que o céu estava cinzento, o sol começava a se por, mas não me importei com isso e segui para meu destino.

À medida que caminhava para a casa da minha avó, aproveitava para colocar meus pensamentos em ordem, ou pelo menos tentar, já que ainda continuava com a história de Anúbis e Bastet presa em minha mente, pois Khonsu parou em um momento crucial, queria saber mais, porém qualquer pesquisa que fizesse não me daria a resposta para aquela curiosidade.

Me encontrava tão distraída que sequer me dei conta que estava apenas uma quadra da casa da minha avó, focando no presente segui até a porta e bati suavemente, a batida ecoou, instantes depois a porta se abriu, diante de mim ela surgiu sorridente com seus lábios finos, e sem dizer nada me abraçou.

— É muito bom, ver você querida, faz um tempo que não nos vemos desde seu aniversário, soube por sua mãe que algumas coisas aconteceram... Você fez uma nova amiga e até conseguiu convencê-la a deixar você ter um animal de estimação. — Se afastou segurando minha mão e me puxando para dentro.

— Na verdade, eu o encontrei no meu aniversário quando estava voltando para casa, naquele dia começou a chover e encontrei ele escondido em uma caixa de papelão, sem qualquer identificação. Me pergunto se fui eu que o achei, ou ele que me encontrou — Relatei a ela.

— O levou ao veterinário? Animais de rua precisam ser avaliados, para ver se está tudo bem, é uma segurança até mesmo para vocês. — Aquele tom protetor e preocupado dela se tornou presente.

— Não se preocupe, minha mãe fez questão de me lembrar disso, a condição foi que seria minha responsabilidade cuidar dele, mas Amun é tranquilo e bem-comportado. — Isso me fez recordar que não era o seu verdadeiro nome.

— Então o nome do bichano é Amun, um nome bem peculiar, quero conhecê-lo depois. — Me guiou até a sala me fazendo sentar no sofá enquanto se acomodava em sua poltrona predileta.

— Dei este nome por impulso, mas não acho que combine com ele. — Não podia dizer que descobri o verdadeiro nome dele, e que nem de longe era apenas um gato.

— Deixe de besteira, é um nome diferente, logo se acostuma, mas de onde surgiu tal inspiração? — Perguntou me olhando atentamente.

— É um nome egípcio, comecei a me interessar pela mitologia recentemente, e como os gatos eram reverenciados no Egito, achei que seria legal dar um nome poderoso para o felino. — Aquilo era verdade, porém não toda ela.

Estava buscando uma maneira de entrar no assunto que havia me trazido até ali, mas não sabia muito bem como iniciar a conversa daquele assunto, então iria usar o gato como desculpa para entrar no ponto que precisava chegar.

— Sabe vó, minha mãe não queria deixar que ficasse com o gato, mais alguma coisa a fez mudar de ideia... Não sei o que pode ter sido, mas agradeci por isso, pois acho que precisava de alguma distração.

— Pode até ser... Mas lembre-se que, o bichinho é uma vida que precisa ser cuidada, não o trate como um objeto, que serve apenas para atender suas necessidades. — Sorri para minha avó, o coração generoso dela, era o que mais admirava.

— Não farei isso com ele, pode acreditar, minha mãe também viu o colar que ganhei de presente, e relatou que a senhora contou uma história para ela que aquele colar era um item antigo e mágico que estava em nossa família a muitas gerações, isso é verdade? A senhora nunca me contou essa história.

— Minha querida, você não tinha idade para saber destas coisas, e como bem sabe histórias são apenas histórias, criada apenas para descontrair e ludibriar a mente humana, mas o colar é uma relíquia de família que tem estado na família há muito tempo.

― Sendo assim, a senhora não tinha que ter dado isso para minha mãe, ao invés de mim? E algum dia ela que teria que me entregar? ― Perguntei querendo compreender melhor tudo aquilo.

― Nem tudo é preto no branco, existem situações que não seguem o caminho convencional, a ordem de um acontecimento nem sempre segue uma lógica, o rio apesar de seguir em frente, nunca segue apenas um único caminho, ele se desdobra, desvia, supera desafio e obstáculos, mas sempre chegam ao seu destino. O que posso dizer sobre o colar, é que não era o destino de sua mãe possuí-lo, mas sim o seu. ― O tom de voz da minha vó era misterioso, como se aquilo fosse uma espécie de enigma, lembrei de quando perguntei a ela quando recebi o colar se me daria poderes, me perguntava se era isso que tinha acontecido.

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Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUOnde histórias criam vida. Descubra agora