CAPÍTULO 44

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Do outro lado

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Do outro lado

Khonsu Ramessu


Sei que tudo isso parece surreal demais, e devo concordar, até mesmo para mim que estou ligado a isso diretamente me pego pensando que estou alucinando. Mesmo sendo de um tempo onde as crenças ao misticismo eram muito elevadas. Agora pense em ter a mente humana, em um corpo de gato.

Caso tenha imaginado tal situação, triplique isso! Será mais, ou menos assim que me encontrada, nunca sequer ouvi relatos de tal coisa acontecendo, o que minha irmã tinha feito? Qual foi o preço que precisou pagar? Havia muita coisa para pensar. Porém, vamos voltar para o exato momento que despertei em minha nova forma.

Quando abri meus olhos, ainda sem entender o que tinha acontecido comigo, ergui minha cabeça olhando para minha irmã, não conseguia vê-la com clareza, minha visão estava estranha, mas não sabia o porquê daquilo. Podia ver uma mistura duvidosa sob seu semblante, um misto de alegria e pesar... Talvez por entender o que tinha feito e qual seria minha condição a partir daquele momento.

Não poder falar era o mais frustrante, me comunicar não era uma tarefa fácil, não tinha como sequer reclamar, pois tudo que saía quando abria a boca, era miado e sons estranhos. Zahra me segurou em seus braços e caminhou comigo, não estava conseguindo acreditar que estava sendo carregado pela minha irmã.

Toda a confusão parecia ter sido resolvida, mesmo não conseguindo enxergar com nitidez, ou com todas as cores, porém conseguia distinguir tudo que estava a minha frente, meu campo de visão parecia mais amplo, vi meu pai e outros homens levando os devotos de Thot para fora do templo. Não conseguia ver o ancião ou Edjo, a noite estava quente, Zahra seguiu para nossa casa.

Assim que chegamos fui colocado no chão, cai várias vezes tentando me manter em quatro patas, era difícil me acostumar com aquela minha nova condição, sentia-me todo desengonçado, o simples ato de caminhar era um grande desafio, tudo era muito novo.

Zahra se aproximou da janela, ali se prostrou olhando para o horizonte, a noite estava bonita, nem parecia que tinha acontecido tanta coisa, pequenos pontos brilhantes piscavam na escuridão da noite, sendo observadas pela lua, que iluminava toda a cidade, mas e minha atual percepção tudo estava diferente, conseguia sentir as menores mudanças, foi assim que percebi o suspiro que minha irmã libertou, como se reunisse forças.

― Irmão, você me salvou... Queria agradecer por isso, mas não tivemos tempo, se não entrasse na frente daquela adaga, estaria morta. Mais que isso, minha alma teria sido usada como sacrifício. ― Deu uma pausa.

Queria confortá-la, mas naquele corpo era praticamente impossível, então apenas sentei nas pernas traseiras enquanto minha calda se movia sozinha, jamais imaginei que diria, ou pensaria que teria uma calda. Me distraí por alguns instantes antes de focar nas palavras de Zahra.

― Quando vi que você estava morrendo, não me importei se sua alma seria um sacrifício, ou se seguiria seu curso natural, apenas não estava disposta a aceitar sua partida daquela forma... O que fiz para que ficasse, foi algo sem pensar, pelo menos é isso que digo aos nossos pais, pois era o que queriam ouvir. Entretanto, meu desejo era ter você aqui, e aceitaria qualquer coisa, faria o que estivesse ao meu alcance, apenas não imaginei que tudo isso iria acontecer. ― Apontou para mim.

Não tinha certeza se Zahra sabia que podia entendê-la, ou se queria apenas desabafar, colocar tudo aquilo para fora, e quem melhor que um gato para escutar tudo, sem ter que se preocupar que saia contando para outras pessoas. Minha irmã se aproximou se agachando e afagando minha cabeça, por reflexo ronronei.

― Apesar do medo e angústia, tudo aconteceu tão rápido, que sequer tive tempo de reagir quando vi que a lâmina negra havia perfurado suas costas, meu coração se apertou diante daquela cena. Ao mesmo tempo que sentia seu sangue quente em minhas mãos, buscava uma forma de impedir que o líquido continuasse se esvaindo, porém, a única coisa que estava convicta era que não podia removê-la, pois fazer isso significava esperar por alguma coisa ainda pior.

Que com certeza iria acontecer. Pois a arma eraa única coisa que estava impedido que o sangue jorrasse como uma cachoeira,ouvir da própria irmã como estava se sentindo naquele momento, me fez lembrarcomo me senti a vendo indefesa naquela situação. ― Não sei se a lâmina eraalgum tipo de item especial, mas parecia que estava sugando toda sua vida, semsaber o que fazer, apenas o trouxe para perto de mim, enquanto o abraçava, nemme importei com o ancião. O mesmo começou a insultar você por impedir o planodele, e antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, nosso pai adentrou notemplo com outros homens, o prendendo, com todos os outros envolvidos. ― Aslágrimas ameaçaram cair novamente.


Este capitulo tem: 817 palavras

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Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUWhere stories live. Discover now