CAPÍTULO 38

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Ali havia vários lençóis cobrindo a maioria das coisas, me aproximei do que pareceu ser um manequim

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Ali havia vários lençóis cobrindo a maioria das coisas, me aproximei do que pareceu ser um manequim. Ao puxar o tecido vi que o mesmo trajava uma farda toda empoeirada, o branco havia se tornado amarelo, mas era fácil de identificar que pertencia à marinha, o uniforme parecia pertencer a um oficial. Pois era todo branco, com poucos detalhes em azul-marinho, até mesmo o quepe era branco, no peito do uniforme havia algumas medalhas que revelavam que o posto que vovô possuía não era baixo, as listras em sua manga junto ao uniforme estavam ali para reforçar isso.

Ver aquilo reavivou antigas memórias, lembrei de quando me contou uma de suas aventuras em alto mar, na verdade, sua primeira missão como capitão de Fragata. Lembrei que dei gargalhadas por causa daquele nome diferente, era uma criança, mas mesmo assim vovô me explicou que o nome era dado ao segundo posto de oficial superior das forças navais.

Aquela lembrança apertou meu peito, me fazendo sentir uma saudade que a muito tempo não sentia do meu avô, pois quando partiu para mim foi mais fácil acreditar que ele tinha saído em uma longa viagem, como se estivesse em uma missão do que encarar a dura realidade de sua perda. Mas hoje mais madura e com a perda do meu irmão, sabia que isso era apenas uma forma de tentar diminuir a dor, uma lágrima escorreu por meu rosto, mas sabia que não poderia me deixar afundar nas lembranças, tinha uma razão e objetivo para estar ali.

Sequei a lágrima e respirei fundo tentando controlar minhas emoções. Procurando um pouco mais achei um antigo baú encostado na parede, puxei o lençol que cobria parte dele com cuidado, por conta da poeira, mas mesmo assim espirrei descontroladamente, por alguns longos segundos. Após me recuperar abaixei diante do baú, o mesmo continha um cadeado, que para minha sorte estava aberto, com cuidado abri a tampa.

Assim que o fiz o cheiro me atingiu, era uma mistura de papel velho, poeira e mofo, engasguei tossindo sem parar por quase um minuto inteiro, após me recuperar, evitei tentar respirar fundo, pois na primeira tentativa que fiz senti o gosto do mofo na minha língua, não sabia como era possível associar um cheiro a um sabor. Porém, ali estava eu fazendo exatamente isso, enquanto meus olhos ardiam pelo cheiro pungente.

Me afastei tentando respirar um pouco de ar puro, se é que tinha algum ali dentro daquele cômodo abafado. Assim que me recuperei me aproximei novamente, dentro do baú tinha algumas roupas, pastas e papeis soltos, puxei uma camisa cinza sem perceber uma barata surgiu caminhando sobre meus dedos, joguei a peça no chão balançando a mão, fazendo a mesma cair no chão. Peguei um dos brinquedos dentro do baú e esmaguei a barata.

— Que nojo! — Disse deixando o brinquedo em cima dela.

Com mais atenção comecei a retirar as coisas de dentro, tendo mais cuidado para não ser surpreendida novamente, peguei outras peças de roupa, pastas e vários papéis soltos, em meio a eles encontrei um livro diferente do restante dos objetos que havia ali, sua capa era mais rústica feita de couro, havia uma fita também de couro que se enrolava no livro como uma espécie de proteção.

"— Tomará que seja o que estou procurando." — Pensei comigo mesma.

Segurando o livro caminhei para mais perto da luz, tentando avaliar com mais atenção os detalhes, desenrolei a tira. Percebi que todo trabalho era artesanal, feito a mão, meus dedos passaram por toda a capa chegando no título, o mesmo parecia ter riscos profundos, como se tivesse sigo gravado com ferro quente, me fez lembrar do gado que era marcado da mesma maneira, na capa tinha escrito apenas uma palavra, "Segredos".

Abri o livro em uma página qualquer, a caligrafia que estava dentro era bonita e feita a mão, sem perceber comecei a ler.


12 de agosto de 1800.

Mais uma vez tive aquele mesmo sonho estranho, com pessoas que nunca tinha visto, estava em um lugar que somente havia visto em livros, parecia o Egito, com grandes construções e monumentos. Para todos os lados que olhava tinha apenas areia... Aquela estranha sensação de parecer como um fantasma, como se fosse uma projeção, estava ali me acompanhando, era como se estivesse vendo a mesma cena várias vezes como se fosse um Dejavu, que ia e voltava sem poder fazer nada.


Parei a leitura quando li aquele pequeno trecho, pois notei que tive sonhos parecidos com aqueles ali descrito, porém a maior diferença, era que para mim o sonho parecia real, onde me encontrava de corpo inteiro naquele momento. Completamente diferente daquela descrição que mais parecia uma espécie de projeção astral... Não sabia o que aquilo tudo significava, porém, apenas talvez aquele diário pudesse conter algumas respostas, e explicar o que estava acontecendo.

Sentia que estava no completo escuro, sem entender o porquê aquilo estava acontecendo comigo, e, porque agora, tantas pessoas para passar por isso, por que exatamente eu tinha que ser a contemplada? Será que havia um sentido mais profundo por trás de tudo aquilo, ou apenas foi uma coincidência? Estes eram apenas alguns dos dilemas que queria muito conseguir responder com aquele diário.

Mas não podia me prender aquele desejo, pois poderia acabar me frustrando, ao perceber que o diário era apenas um beco sem saída, que tudo que tinha ali era apenas fragmentos confusos, que não fariam sentido para mim, assim como vovó mesmo tinha mencionado. Apertei o diário em minhas mãos.


Este capitulo tem: 914 palavras

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Pessoal aqui termina este capítulo, se gostou deixe seu voto e seu comentário, isso ajuda e incentiva a continuar trazendo o melhor para vocês.

O DESTINO DE KHONSUWhere stories live. Discover now