Hey, Thief

Capítulo 36

— Amor? Oi. — Seus olhos tentavam focar na figura borrada a sua frente, mas somente conseguiu diferenciar uma silhueta. — Finalmente você acordou. Estava ficando preocupado.

A cabeça da Seokjin latejava a medida que a consciência retornava aos poucos. Ainda incapaz de se mexer muito, sentiu os dedos de Jaehwan passar por seu cabelo. Imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas, queria que ele não o tocasse, estava tão enojado e amedrontado. Reunindo o pouco de força que ainda tinha, se encolheu para não mais ser tocado.

— Ah, você deve estar com fome, não é? Vou preparar alguma coisa. Não demoro.

Piscou várias vezes os olhos enquanto olhava em volta. Onde ele estava? Mexeu-se e percebeu que estava deitado, com um fino lençol o cobrindo. Ele tinha que sair dali, o mais rápido possível. Tentou se forçar para fora da cama, mas percebeu que sua perna direita estava presa em uma espécie de corrente, atada ao estrato de madeira onde o colchão repousava. Sentou-se na cama, controlando a vertigem e ânsia de vômito que seguiram o movimento. Como aquilo podia estar acontecendo? Em que momento sua vida se transformou naquele filme de terror?

O retorno de Jaehwan ao quarto provocou um arrepio na espinha de Jin, principalmente porque o homem sorria, como se aquela cena fosse a situação mais natural possível. Suas mãos traziam uma bandeja com algumas torradas e um copo de suco de laranja.

— Você vai me desculpar, mas eu não sou um cozinheiro como você. — brincou enquanto oferecia um dos pedaços de pão. — Vamos, coma.

— N-não. — murmurou abanando a cabeça e se encolhendo um pouco mais em cima da cama.

— Coma, Seokjin! — O moreno gritou, autoritário. Seus olhos voltaram a faiscar o ódio que o cozinheiro vira momentos antes de ser drogado e arrastado para aquele lugar, sabe-se lá a divindade onde. Esticou o braço para pegar a torrada e mordiscou um pedaço, mais uma vez lutando contra a ânsia. O rosto do advogado voltou ao sorriso afetado de outrora, provocando calafrios em Seokjin. — Bom menino.

— Onde estamos? — perguntou após ingerir a refeição.

— Em um lugar bem tranquilo para aproveitarmos bastante essa noite.

— E-eu... preciso ir ao banheiro.

— Você acha que eu sou idiota?

— Eu realmente preciso ir ao banheiro, amor. — falou se esforçando para soar carinhoso e verdadeiro, em uma tentativa que o outro acreditasse. — Por favor... Depois podemos aproveitar a noite. — Precisava de mais para convencer, sabia disso. Por esse motivo, engoliu a seco e tentou novamente. — Eu reagi muito mal a tudo isso, você tem razão. — Jin abaixou a cabeça e uma lágrima rolou por sua face. — Você me ama acima de qualquer outra coisa, de qualquer pessoa. Eu compreendo isso agora. — Ele parecia arrependido diante dos olhos de Jaehwan, mas na verdade estava chorando de medo e tristeza. — Eu volto em um minuto, prometo.

O advogado se compadeceu do namorado. Afinal fugir ele não conseguiria, principalmente por aquela casa estar cheia de grades nas janelas.

— Tudo bem. — Aproximou-se do loiro, que lhe ofereceu um pequeno sorriso, e com uma chave que estava em cima de uma das cômodas, abriu a corrente que prendia o outro. — Vai lá, amor. Estarei aguardando aqui. — afirmou sorrindo abertamente enquanto sacudia uma faca de carne, como forma de aceno.

Seokjin balançou a cabeça em afirmação e tentou andar tranquilamente até o banheiro. Assim que entrou, trancou a porta do cômodo. Com as costas apoiadas na porta, começou a pensar no que poderia fazer. O basculante do local além de pequeno tinha grades, ou seja, era impossível passar. Lutar contra o outro homem estava fora de cogitação, pois além de estar enfraquecido, sempre soube que Jaehwan apesar de ser mais magro, possuía muito mais coordenação motora que ele. Droga! A ansiedade e o medo começaram a tomar conta do seu corpo, quando sentiu algo vibrar no seu bolso traseiro. Demorou alguns segundos para perceber que era seu celular lhe mandando alguma notificação não importante naquele momento.