Capítulo 75

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Yoongi chegou do trabalho já pensando no que faria de jantar para Hoseok. Aquele dia da semana ele chegava antes que o ruivo em casa e sempre preparava a refeição dos dois. Por um momento, do caminho do restaurante até a casa, pensou em pedir uma pizza, mas essa seria a segunda vez na semana e o noivo não podia ficar comendo besteiras, pois aquele corpinho que o rapper amava, não fora esculpido sem determinação e força de vontade, além de ser o instrumento de trabalho do outro.

Assim que abriu a porta da casa, notou que a luz estava acesa. Teria ele esquecido o interruptor ligado antes de sair? Antes que se culpasse, notou o dançarino surgindo no seu campo de visão. O corte de cabelo recém feito, ainda o deixava com a franja, mas as laterais estavam raspadas e Yoongi demorou para admitir, mas amava passar os dedos e encontrar, com facilidade, o couro cabeludo do mais alto.

— Suga, você chegou!

Hoseok deu um sorriso tão aberto que o moreno se viu copiando o gesto. Assim que fechou a porta e se levantou após fazer carinho em Holly, o rapper sentiu uma mão na sua cintura, seguida de outra em sua nuca. Yoongi fechou os olhos antes de ser beijado pelo ruivo, que sorriu sentindo a urgência da língua do mais baixo em ultrapassar a barreira dos lábios. Ele amava ser recepcionado desse jeito e mesmo acontecendo todas as noites, não deixava de ser mais mágico ou apaixonado.

Ainda estavam no corredor e o dançarino já prendia o noivo contra uma parede. O moreno tentou se ajeitar melhor, mas Holly pulava desesperadamente no casal, pedindo por colo de algum deles. Ambos acabaram rindo enquanto o rapper pegava o cãozinho no colo.

— Você chegou cedo, Hobi. — constatou o mais baixo, enquanto iam para a sala de estar. — Aconteceu alguma coisa?

— Eu tenho uma surpresa! — afirmou, mexendo a cabeça, como se alguma música animada estivesse tocando no fundo. — Coloca Holly no chão e fecha os olhos.

Yoongi deu um olhar divertido para o outro, mas logo colocou o animal de estimação no chão. Não fazia ideia qual era a surpresa que o outro havia preparado, mas sem questionar, fechou as pálpebras. Hoseok balançou uma das mãos na frente do moreno, constatando que ele nada enxergava, mas mesmo assim posicionou-se atrás do mais baixo e cobriu os olhos do outro com as mãos.

O moreno se deixou ser guiado pelo outro, que de vez em quando lhe falava para desviar de algum móvel. Se seu senso de direção estivesse correto, e normalmente estava, os dois deviam estar agora um pouco além do centro da sala de estar. Yoongi conseguia sentir a excitação no jeito do noivo e na maneira como sua voz soava melodiosa e cheia de risinhos sempre que lhe comunicava algum obstáculo no caminho.

— Suga... eu espero que você goste da surpresa, porque não terá como fazer devolução. — O ruivo riu baixinho, afinal tinha certeza de que o namorado iria gostar do presente. — E porque deu muito trabalho...

— Você está começando a me assustar, Hoseok.

— Medroso... Então tudo bem. Quando eu contar até três você abre os olhos. Um, dois... Três.

Hoseok deslizou as mãos pela face de Yoongi e as deixou em seus ombros; o coração do ruivo batia freneticamente em expectativa pela reação do menor.

O moreno por sua vez abriu os olhos, mas se viu obrigado a piscar algumas vezes para que a visão entrasse em foco e quando isso aconteceu ele perdeu o ar diante do que via. Yoongi sentiu as palavras presas em sua garganta. Ele achava que nunca mais veria seu primeiro amor e lá estava ele, tão belo e único quando sua memória conseguia recordar.

O grande piano marrom que lhe conduziu para o mundo da música e que fora afastado dele de uma maneira tão trágica, estava de volta a seu campo de visão. O rapper levou a mão direita à frente dos lábios. Sua face exiba uma expressão que mesclava entre incredulidade e alegria. O homem se aproximou do instrumento com passos lentos e da mesma maneira correu a ponta dos dedos da mão pela madeira lustrosa do piano, que obviamente havia passado por uma leve reforma, afinal ele já era antigo e não brilhava tanto assim em suas lembranças. Continuou acariciando o grande instrumento, agora correndo os dedos pelas teclas brancas e negras, retirando dali um ritmado "dó, ré, mi".

Hey, ThiefWhere stories live. Discover now