"Chuva."

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Sirius corria tão rápido que não sabia se o que escorria pelo seu rosto eram lágrimas, suor ou chuva. O dia cinza parecia expressar muito bem a falta de cor que ele tinha no próprio coração naquele momento.

Não conseguia escutar nada ao seu redor, se não o barulho da chuva na grama recém cortada.

Suas pernas o levaram para o campo de quadribol, nem ele mesmo sabia o porquê, mas continuou a correr até o meio do campo vazio e deitou na grama molhada.

As gotas de chuva batiam violentamente por todo o seu corpo e rosto, o casaco de couro que ele usava reprimia um pouco o frio do local. Seus olhos fechavam com força enquanto o soluço escapava da sua boca, tudo em seu corpo doía, até mesmo sua própria alma parecia machucada.

Sirius escuta passos perto de si, mas a essa altura não conseguia mais ter forças nem para fugir, nem para abrir os olhos.

Abby deitava no chão com a cabeça bem ao lado da dele e seu corpo na direção oposta, seu machucado não parecia doer tanto assim perto da dor que ela via no garoto quebrado na sua frente.

Nem toda chuva do mundo impediria Sirius de sentir o cheiro de primavera que Abby carregava consigo.

- Você vai ficar doente. - Sirius tenta engrossar a voz, mas o melhor que as suas cordas vocais conseguem é uma voz de choro esganiçada.

- Eu não me importo.

- Você não vai me perguntar nada sobre o que viu? - ele pergunta ironicamente cessando o choro.

- Você quer falar algo a respeito? - Abby sabia que Sirius era orgulhoso demais para falar algo sem que ela o contasse alguma coisa antes.

- Talvez. - Ele tira as mãos do rosto e vira devagar para observar uma Abby de olhos fechados e completamente molhada, seus cabelos escuros estavam sujos de terra e grama.

- A minha mãe morreu no dia que eu nasci, eu deveria ter morrido também, foi nesse dia que o meu pai percebeu que eu era... especial. - Abby fala algo que nunca tinha conseguido antes. - As vezes... eu acho que seria melhor se tivesse acontecido o contrário, acho que o meu pai seria mais feliz. - uma lágrima quente escorre pelo rosto pálido dela.

Sirius continuava observando as gotas de chuva caírem contornando o rosto bem desenhado dela, seus dedos formigam com a vontade que ele sente de toca-la.

- Eu não estaria mais feliz. - simplesmente escapa da boca dele, isso faz Abby inclinar a cabeça para olhá-lo.

- Me conte um segredo, Sirius Black. - Sorri para ele.

- Eu saí de casa no ano passado, fui deserdado. - disse olhando nos olhos dela, Abby se sentia hipnotizada pelo hálito quente do garoto que entrava em choque na sua pele fria. - fico com medo do meu irmão ser um black na sua essência, e eu odeio sentir medo, Abby.

- Está tudo bem sentir medo. - o dedo fino dela passeia no rosto bem marcado de Sirius. - não precisa ser forte o tempo todo. - seus dedos param nos lábios dele.

- Sinto que a minha vida é só uma sucessão de dias chuvosos. - aponta para o céu, a metáfora perfeita. - um céu cinza e feio.

Abby observa os olhos acinzentados de Sirius, de coloração igual a que o céu exibia naquela tarde fria, um sorriso brota nos lábios dela.

- Eu gosto. - Sirius sorri com as palavras doces dela, os dedos ásperos dele contornam o desenho dos lábios avermelhados de Abby. - Parecem os seus olhos.

Ele odiava se sentir tão atraído por ela, odiava o fato dela cheirar tão bem, odiava como ela era doce e gentil, odiava os olhos castanhos expressivos, e principalmente, odiava o fato dela estar apaixonada pelo Remo, um dos melhores amigos de Sirius.

O próprio orgulho não o permitiria admitir que estava atraído pela garota que o Remo estava investindo, principalmente quando foi ele que praticamente obrigou o amigo a fazer isso.

O garoto se senta um pouco atordoado, não poderia se deixar levar pelos próprios desejos. Merlin, e como ele desejava beijar aquela garota.

Todo o seu lado racional se esvai quando ela senta ao lado dele, o encarava preocupada, perguntava se tinha dito algo de ruim para que ele ficasse chateado.

- Gosta dos meus olhos? - Ele pergunta, sentia seu corpo pegar fogo como na noite que havia dançado com ela, o corpo dela não saiu da mente do garoto em momento algum em uma semana, até evitava falar com ela.

- Gosto dos seus olhos. - sorriu. - e de dias nublados, eles precedem os mais belos arco-íris.

Sirius abandona todo o seu autocontrole, suas mãos percorriam o corpo dela, os olhos castanhos da garota brilhavam em excitação, ele se espanta com a temperatura elevada que seu corpo emitia.

Ele passeia os olhos pela camisa amarelada justa por conta da água e a saia estava contorcida dando a visão do começos das coxas generosas que Abby possuía. O Black fotografava mentalmente cada parte do corpo dela, o corpo mais bonito que ele havia visto na vida, mas nem se comparava ao rosto dela.

Se amaldiçoava por ter perdido todos esses anos sem prestar atenção e olhar os traços delicados que rosto dela carregava, no momento, ele tinha certeza que nunca havia visto algo tão bonito.

Abby arrepiava a cada toque das mãos calejadas, ele tinha traços rudes e puramente masculinos, cada parte do corpo dele era atraente, desde os braços musculosos até os seus olhos bem desenhados.

As mãos pesadas tocavam o rosto da garota como se ela fosse quebrar a qualquer momento, Sirius não estava acostumado a ser tão cuidadoso, mas tinha medo que sua falta de delicadeza destruísse algo tão bonito.

- Também gosto dos seus olhos... - Ele lambe os próprios lábios secos. - E acho que estou começando a gostar de dias chuvosos. - diz sinceramente, passando os dedos pelo rosto dela.

E finalmente Sirius faz o que o seu corpo implorava, naquela tarde chuvosa, ele toma os lábios da Abby com um beijo.

Ele sentia como se fogos estourassem no seu estômago, como se a sua alma flutuasse, mesmo debaixo de tanta chuva, ele parecia encontrar o arco-íris.

Sirius sentia que poderia arriscar dizer que estava beijando o arco-íris bem naquele momento.

A língua quente invade a boca dela, a fazendo arfar contra os lábios do garoto, as mãos dela passeavam pelo peitoral bem definido e percorriam um caminho indecente até as coxas firmes do Black.

Sirius puxa o corpo dela mais para si, tinha medo de acordar, tinha medo de estar sonhando. Ele agarra os cabelos dela e intensifica mais o beijo, saboreava como se comesse o melhor dos doces.

Abby se sentia flutuando, as mãos pesadas e firmes de Sirius tornavam o beijo cada vez mais intenso, o gosto de hortelã da boca do moreno fazia constantemente com que ela sentisse um arrepio percorrer a própria espinha.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde as histórias ganham vida. Descobre agora