"Cartas"

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- Estupefaça! - Lily grita atingindo Tom, e o fazendo voar para longe de Abigail.

Abby fica de pé com dificuldade pegando a sua varinha do chão, que havia escapado das mãos de Dolohov.

A ordem havia chegado para ajudá-la.

A casa não tinha muitos comensais naquele momento. James Potter nota Alvo Dumbledore observar Abigail de forma quase desesperada, e faz uma nota mental para comentar a estranheza do momento.

- Você está bem? - Sirius pergunta passando as mãos no rosto da sua noiva, que assente, o rosto estava coberto de completo horror.

Abby não conseguia tirar a imagem do sangue jorrando na mesa de jantar, das mãos de Lucy perdendo a força e deixando os talheres caírem. Enfia o rosto nas próprias mãos e aceita a proteção que recebia dos seus aliados pela primeira vez, deixando a tristeza a consumir.

Sirius dá um passo para trás perdendo o equilíbrio quando nota a cena na mesa de Jantar. Um nó se forma na sua garganta e seus olhos lacrimejam.

"Bem vindo à família, filho."

Conseguia ouvir a voz do seu sogro ecoar na sua cabeça, aperta mais Abigail contra si em um abraço, tentando segurar o choro e ser forte para ela. Pressiona o nariz nos cabelos escuros inalando o cheiro agradável que tinham.

Fecha os olhos tentando apagar a imagem da sua mente.

Não era aquela a lembrança que queria guardar consigo.

Os dois são impedidos de serem atingidos pela proteção de Molly Weasley, apontava a sua varinha para Bellatrix Lestrange, a atirando contra a imensa janela de vidro.

A ruiva aparata com os dois até A Toca, Abby cai ao lado de Sirius assim que chegam, chorava como nunca havia chorado antes, o seu peito doía com as lembranças que a invadia, eram como facas.

Sente o corpo de Sirius aquecer o seu, ajoelhando-se ao seu lado e afagando os seus cabelos. A terra entrava nas unhas de Abigail ao passo que ela afundava as suas mãos ali, um grito alto sai dos seus lábios a fim de diminuir a dor que sentia.

Mas, era em vão.

E Sirius sabia disso.

Na mansão Parsons, Alvo Dumbledore e Tom Riddle tinham as suas varinhas empunhadas ameaçadoramente.

- Criou uma máquina, Alvo? - Riddle pergunta sorrindo de leve. - Isso é baixo até para você.

- Não sabe do que está falando. - Dumbledore responde calmamente.

- Mas você sabe. Não sabe? - sussurra a última parte. - Tirou aquela garotinha da sua vida normal e pacata, e a arrastou para a guerra, tinha tanto medo de perder que começou a brincar de marionetes, como sempre fez.

- Está equivocado, Tom. - Nega seriamente. - Como sempre esteve.

- Não estou, você sempre foi assim, diretor, sempre. - O encara não tão friamente quanto gostaria. - Mas, é mais tolo do que eu pensei. A parte ruim das armas humanas, é que todas elas têm um preço para começarem a atirar contra quem os criou, basta apenas saber qual.

Tom aparata, levando o resto dos comensais consigo. Alvo Dumbledore suspira enquanto sentia as lágrimas invadirem os seus olhos. As malditas marionetes não estavam sob o domínio dele há muito tempo.

- Diretor? - James chama, mas não é respondido, Alvo Dumbledore aparata dali sozinho.

Pela primeira vez, não sabia o que aconteceria.

Nos dias que seguiram, Abby quase não saía do seu quarto na Sede da Ordem da Fênix, apenas tomava banho e voltava para a cama. Não se alimentava bem, não conversava com ninguém e não cuidava mais das flores que espalhou por todo o esconderijo.

Sirius saía para trabalhar, e quando voltava, ela ainda estava deitada, as vezes dormindo, as vezes chorando, mas sempre ali.

Era horrível vê-la daquela maneira. E era pior ainda não entender 100% o que ela sentia. Ninguém era tão apegado às pessoas como Abby era.

Porém, em uma noite, Sirius acordou para trabalhar e ela não estava na cama. Ele sorri, imaginando que talvez ela finalmente estivesse se recuperando, ou que havia levantado para tomar banho.

A procurou por toda a casa e não a encontrou. Todos a procuraram por horas, ninguém havia saído para trabalhar naquele dia. Nem mesmo Alvo Dumbledore sabia onde ela estaria.

Abby passava os dedos pelas coisas na mesa do seu pai, haviam muitos papéis espalhados ali, contas do hospital, documentos e contas de casa. Ela organiza tudo em locais separados, guardando os bolos de papel nas gavetas certas.

Ele odiava quando as coisas estavam bagunçadas.

Ao abrir a última gaveta, nota uma pequena chave que havia escorregado para frente com o impulso. Tira dali analisando as outras gavetas, uma delas tinha uma fechadura.

Encaixa ali e quando gira escuta o barulho da tranca, tenta puxar a gaveta, mas parecia emperrada. A madeira velha deveria estar oferecendo alguma resistência naquele momento.

Quando consegue tirar, nota os envelopes amarrados juntos, alguns papéis tão velhos que traças se alojavam ali.

Aperta os lábios, pedindo desculpas mentalmente para o seu pai. E abre a primeira carta.

"Querida Daisy,
Abby deu hoje os seus primeiros passos.
Eu não estava lá.
Você sabe, ainda é difícil demais estar perto dela, ela tem os seus olhos.
Eu amo você,
- A.M.P."

A próxima carta, era um pouco maior.

"Querida Daisy,
Hoje é o dia em que eu vou me casar com a Lucy.
Não porque deixei de amar você, isso nunca seria possível, mas sim porque Abby precisa de alguém que a dê carinho, e eu não posso fazer isso sem lembrar que você adoraria estar ali também.
Você sempre foi melhor do que eu nessas coisas.
Preciso tanto de você aqui.
Sinto a sua falta.
- A.M.P"

"Querida Daisy,
Se passaram onze anos e eu ainda sinto a sua falta.
Todas as flores do jardim morreram, elas não parecem ter graça quando você não está aqui para me ensinar o nome de todas elas.
Nossa Abby é diferente, o padre disse que ela não é alguém que Deus ama.
Gostaria que você estivesse aqui.
Eu estou com medo.
- A.M.P"

"Querida Daisy,
Hoje a nossa Abby foi para algum tipo de Escola de Magia, eu não pude impedir.
Eu não quis impedir.
Conversei com o padre, e ele me mandou colocá-la em um convento, mas, não a acho algo ruim, tenho esperanças quanto ao desconhecido.
Você saberia o que fazer.
Estou perdido.
Espero não ir para o inferno.
- A.M.P"

Já havia lido mais de dez cartas quando finalmente se deu conta do que fazia, era errado, mas não conseguia parar.

Abby engole em seco, era notório o nervosismo pela letra tremida de Albert, ela vai para as cartas mais recentes, o papel era mais claro e rígido.

"Querida Daisy,
Dezesseis anos se passaram e eu ainda sinto a sua falta.
Fiz algo ruim hoje, briguei com Abigail.
Ela pensa que eu não a amo.
Você estaria muito triste comigo agora.
Abigail está namorando com um rapaz incrível, eu o adoro, me faz lembrar de mim quando mais jovem.
Como aconteceu comigo, a família não ficou feliz com a chegada dele.
Abby o defendeu como você fez comigo.
Doeu lembrar do que passamos.
Lucy está desapontada comigo, ela chorou lembrando de você hoje.
Você não deixaria as pessoas julgarem o garoto.
Sirius. O nome dele é Sirius Black.
Olhe por ele também aí de cima, como você olha por nós.
Eu amo você.
- A.M.P"

- Sabia que encontraria você aqui. - a voz conhecida a faz arrepiar e largar as cartas na mesa do pai com uma expressão culpada.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde as histórias ganham vida. Descobre agora