TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK

"Entrega"

Abby arrumava a cama confortavelmente para os gêmeos dormirem, fazia uma pilha de travesseiros nas pontas para que eles não caiam durante o sono. Eles continuavam elétricos e animados, brincando de uma maneira que só os dois conseguiam entender.

Um cão preto a observava do canto do quarto, tinha a cabeça apoiada em suas patinhas, e seus olhos acinzentados focados em Abigail.

Ele sempre apelava para o cãozinho quando não queria que Abby o tirasse do quarto.

- Isso não vai me convencer, Sirius. - o cachorro choraminga em resposta. - Não adianta. - Sirius responde com um uivo em tom chateado. - Já para fora! - os olhos dele parecem ficar maiores ao inclinar a cabeça para baixo, fazendo Abby se sentir um monstro.

Ela revira os olhos e se ajoelha no chão para ficar mais perto do cachorro, acaricia o pêlo macio com delicadeza, tocando de leve no nariz molhado.

- Tudo bem, você pode ficar aqui... - O animal se senta animadamente, sorrindo estranhamente enquanto a encarava. - Seu pulguento!

Ela se joga para frente, na direção do cachorro, que já caí de costas como o homem alto, sustentando o peso de Abigail com o próprio corpo, e com o rosto à milímetros de distância do dela.

Abby ergue o corpo, o apoiando com uma mão só ao lado do rosto de Sirius Black, que sorria bobamente a fitando em cima de si. As grandes mãos envolviam os quadris dela, os apertando com afinco.

- Eu amo você, avoada. - segura o rosto dela com uma das mãos. - Senti falta de nós dois.

- Também senti falta de nós dois, senti falta de você.

Sirius senta com a ajuda da mão que antes segurava os quadris de Abigail, e a mantém sentada no seu colo, sem deixar de envolver o rosto macio com seus dedos rudes.

Seu coração parece querer explodir, fecha os olhos aproximando o seu rosto do dela, o toque da respiração quente na sua pele o faz arfar, e dar a Abigail o hálito mentolado que sua boca tinha.

Abby sente os lábios de Sirius tocarem os seus com cuidado, estavam molhados e pouco ásperos. Antes que pudessem intensificar o beijo, se afastaram rapidamente devido ao susto que o gritinho agudo de Fred os deu.

Eles correm desajeitadamente até a cama, com os corações acelerados, encontrando um Fred sorridente e um George que ria alto encarando o irmãozinho. Os ruivos gargalhavam, e se não tivessem nem dois anos, Sirius diria que fizeram de propósito.

- Ah, seu pestinha maroto! - Sirius pega Fred no colo, não sabia de qual dos gêmeos se tratava. - Por sua causa, eu não consegui beijar a maior gata de todas! Você me paga! - Brinca piscando um olho de leve para Abby. - Sim, estou falando de você, Gata! - Ri dando ênfase na palavra "gata".

- Gata! - George diz ainda deitado, fazendo Sirius arregalar os olhos, Abby repete o gesto, encarando Sirius assustada.

- ISSO! - o rapaz comemora. - Ele repetiu o que eu disse! Você viu?

- Oh, Merlin! Me diz que essa não foi a sua primeira palavra! - Abby lamenta.

- Toma aqui, segura o que não fala, eu gosto mais desse! - Sirius entrega Fred para Abby, e pega George, que ria segurando a barba de Sirius.

- Ele também deve falar! - Abby defende encarando Fred de forma cética. - Vamos lá, diga: "Abby".

- Baby! - Fred tenta e Abby nega com a cabeça.

- Você pode ficar com meio ponto por essa! - Sirius provoca, e Abby faz careta para ele.

- Não! - era nega com a cabeça para o garoto. - Ab... - Fred a interrompe.

- Não! - Fred repete o gesto de Abby, franzindo as sobrancelhas como ela fez.

- Um ponto, aqui! - Ela aponta feliz.

- Vamos lá, ruivinho, mostra para o seu irmão quem é o crânio aqui, fale: "Sirius".

- Shish... - o bebê tenta e encara Sirius de forma reprovadora.

- Tá, essa foi demais para você, vamos tentar... "Cão"! - George tentava verbalizar algo enquanto Sirius o pressionava dizendo "cão" diversas vezes.

Abby encara Fred no seu colo, e o força a dizer "Abby".

- Abba... - tenta. - Abby...- fala com insegurança, mas abre um sorriso quando Abigail assente animadamente.

- Isso! - Ela comemora.

- Cara, você está fazendo papel de burro, vamos lá, diga: Cão! Não é difícil. CÃO!

- NÃO! - George grita.

- CÃO!

- NÃO!

- Bobão! - Abby exclama infantilmente.

- Bobão! - Fred e George repetem apontando para Sirius.

- Vai lá, garoto, puxa o cabelo do seu irmão, se você não pode ser o mais inteligente, tem que ser o mais forte. - Sirius orienta George, que assente, mesmo não entendendo nenhuma palavra do que o moreno dizia.

- Não ensine essas coisas para eles! - Abby belisca a barriga do Black, que sorri de leve com o toque.

Após alguns minutos, eles conseguiram fazer os gêmeos dormirem novamente, e os observavam abraçados em pé ao lado da cama.

- Eles têm muitos filhos. - Sirius comenta. - Devem ser loucos.

- Verdade. - Abby ri. - Mas, são felizes.

- Quem você acha que é o filho favorito? - Sirius pergunta. - Ou o que eles menos gostam?

Abigail sorri estranhamente, o encarando confusa.

- Devem amá-los da mesma forma.

- Não, isso não acontece, sempre tem o filho que os pais gostam mais, o que recebe mais presentes, que recebe a aprovação por qualquer coisa que faz... - Sirius explica.

- Então, no meu caso, eu era filha única... - Abby deduz. - Eu chegava em segundo lugar mesmo sendo a única a competir... bom saber.

- Bom... no caso da família Black, quando não se é o filho mais impressionante, você apanha por falar alto e é obrigado a comer escondido embaixo da cama. - Sirius da de ombros.

- Você ganhou. - Ela sorri tristemente, ficando na ponta dos pés para dar um selinho nos lábios rosados de Sirius.

Mergulham em um silêncio necessário, não era nada constrangedor. O único barulho, era do nariz de Sirius inalando o cheiro floral do pescoço de Abigail.

- Você já pensou realmente em ter filhos comigo? - pergunta passando os dedos pelo braço dela, que assente escorando a cabeça no seu peito.

- Claro que sim.

- Você sabe dos meus problemas.

- Também sei das suas qualidades. - Ela sorri entrelaçando os seus dedos com os dele. - E alguns dos problemas a gente pode ajustar usando um pouquinho de amor.

Sirius sorri apertando mais Abigail contra o seu corpo.

Costumava implorar para que quando o mundo acabasse, ele estivesse abraçando Abigail daquela maneira. Odiava contos de fadas, mas aquele era o felizes para sempre deles.

Não era um homem de muita fé, mas se pegou, naquele momento, implorando à qualquer divindade que o escutasse, para que vivesse tudo o que conseguisse ao lado dela. Todas as etapas.

Por mais idiota que aquilo pudesse soar.

- Eu acho que vou aceitar ser padrinho do Harry. - Sirius constata.

Abby estaria ao seu lado, não havia motivo algum para temer a si mesmo. A parte ruim de Sirius nunca conseguia vencer perto dela.

- Ou Helena... - Ela corrige sorrindo.