"Profecia"

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Dia 31 de outubro do ano de 1980, chovia consideravelmente, o único barulho que se poderia ouvir na mansão dos Potter, eram os gritos de Lily.

Bom... e o pequeno rádio vermelho, que funcionava à pilha, de Sirius.

"Agora, dando continuidade ao Top 10 de músicas mais pedidas, 'Please Don't Go', dos grandes KC and The Sunshine Band"

A melodia tentava acalmar os nervos de James, mas sem qualquer sucesso. Lily tentava prestar atenção na letra, no barulho dos instrumentos, para que pudesse se acalmar. E também para que não doesse tanto.

Abby acariciava os cabelos ruivos com carinho, os tirando da testa suada de Lily.

E, finalmente, Harry James Potter deu o seu primeiro suspiro, assim como o seu primeiro choro intenso.

A velha parteira entrega o pequeno garotinho para a mãe. Os olhos claros de Lily brilhavam ao encarar aquela pequena e frágil criatura, as lágrimas escorriam como nunca, e um sorriso sincero brincava nos seus lábios.

- Ei, meu garoto. - James chama com a voz chorosa. - Não chora, você é um pequeno herói, você conseguiu.

O olhar de James Potter parecia transbordar fascínio e admiração. O seu filho agarra seu dedo com a força limitada e para de chorar arregalando os olhos estranhamente.

- Oh, Harry, querido... - Lily murmura desviando o olhar de Harry por um segundo para fitar Abby e Sirius, que estavam abraçados admirando o pequeno Potter. - Você é tão amado.

James abraça a sua esposa e seu filho como se os seus braços fossem a única coisa necessária para se proteger de todo o mundo. De todo o mal.

O patrono de uma borboleta pairava pelos três, iluminando praticamente a sala inteira.

- Como você está fazendo isso? - Sirius pergunta, sua voz estava um pouco mais grossa pela tentativa de segurar o choro.

- Eu não estou. - Ela parece tão confusa quanto ele, seu rosto estava completamente molhado pelas lágrimas, e Abby apertava mais o abraço.

So please, don't go
Don't go
Don't go away
Please, don't go
Don't go
I'm begging you to stay.

Após alguns minutos, Lily entrega o pequeno Harry nos braços de James, que se aproxima do casal. Ele passa Harry para os braços finos de Abby, que o seguram com carinho e proteção, balançando um pouco para que ele não chore.

- Olhe só para você... - Ela o leva para perto de Sirius, encostando as suas costas no corpo dele. - Você tem os belos olhos da sua mãe. - Abby constata sorrindo. - Eu sei que você ainda não me conhece bem, mas... o que eu posso dizer? Eu amo você.

Abby cheira a cabecinha frágil dele com cuidado, e fica de frente para Sirius, que sorria de leve enquanto observava o momento. Se pudesse, viveria para sempre preso naquela memória da sua vida.

- Você quer segurar? - ela pergunta e ele se afasta um pouco, negando com a cabeça.

- E-eu não sei segurar, vou acabar o machucando inteiro. - Ele lamenta girando os anéis que sua mão tinha.

- Pegue-o. - Lily diz gentilmente. - Eu confio em você.

Sirius encara a ruiva que sorria para ele, seus olhos correm de um James que o encorajava gesticulando nervosamente para uma Abby que o estendia o garotinho curioso.

- Tudo bem. - Ele murmura e Abby coloca o bebê na palma das suas grandes e firmes mãos. - Oh... Merlin! Eu estou segurando ele! - o Black comemora, seus olhos queimavam com as lágrimas que queriam sair.

- Sim, você está. - Abby afirma acariciando o braço dele.

- Oi, garotão. - ele sorri sentindo as lágrimas escorrerem pelos seus olhos. - Sou a sua família também. Seu pai é muito importante para mim. E agora você também é.

Abby beija a bochecha dele carinhosamente, sorrindo com o momento que ela adorou a cada segundo.

Tom Riddle estava parado na porta do incomum e luxuoso quarto de bebê. Sua esposa dormia em uma pequena poltrona ao lado do berço, e uma criança repousava.

Ele queria se aproximar.

Sabia que queria.

Mas, estar próximo delas o fazia se sentir diferente, o fazia sentir algo incômodo no seu estômago e um aperto no coração.

Seus pés se dirigem até o berço projetado em uma madeira escura e design medieval. Pequenas estrelas pareciam cair do teto para o berço, prendendo a atenção da garotinha morena que ali repousava.

- Se eu não o conhecesse, Milorde, diria que está sendo emotivo. - A voz de Leonoora soa, e seu sotaque norte-americano quase faz com que Tom ria.

- Está enganada, Milady. - Ele diz simplesmente. - Apenas estava curioso quanto ao nome dessa pequena criatura.

- Eu não dei nome algum. - a morena dá de ombros, ficando de pé. - Eu não deveria me apegar demais à sua arma, deveria?

- Não é boa em fingir que não tem sentimentos, isso não me magoa, não é possível ferir um homem que não sente nada. - Riddle alerta a fazendo voltar ao seu encontro. - Por mais que você tente, nunca vai conseguir ser eu.

Ela fica cara a cara com ele, parecia brava como um leão, Tom sempre viu semelhanças entre ela e o animal.

- Eu já sou melhor do que você jamais foi. - a mulher rosna. - E melhor do que você jamais será.

Ele não diz uma só palavra, apenas a encarava, até Leonoora dar as costas e caminhar calmamente para fora do quarto.

- Leonoora. - ele diz em voz alta. - Deveria dar o seu nome à ela. Os homens fazem isso o tempo inteiro.

A mulher para no meio do caminho, seu coração parece vacilar, contem as lágrimas que ameaçam cair e volta para buscar a garotinha no berço.

- Que assim seja, Milorde... que assim seja.

Sai do quarto finalmente com a sua filha nos braços.

Não deixaria que Tom destruísse a outra Leonoora, nem que aquilo lhe custasse a sua própria vida.

Tom aperta o berço de madeira tão forte que os nós dos seus dedos embranquecem. Sente seus olhos queimando e pôde notar sua visão ficar turva por conta de uma lágrima idiota.

Riddle nunca chorava.

Ele não se lembrava da última vez que chorou em toda a sua vida.

- Milorde?

Severo Snape estava de pé na porta do quarto da pequena Leonoora, e ao seu lado se encontrava Abraxas Malfoy, ambos tinham uma expressão de pavor no rosto.

- O que querem?

- Existe algo que o senhor precisa saber... - Abraxas inicia. - Severo tem algo importante a ser dito.

O homem de vestes pretas e nariz anguloso parece titubear algumas vezes, sua voz rasgava a garganta, lutando para sair.

Não tinha mais volta.

- É sobre uma profecia. - Severo Snape finalmente diz, chamando a atenção do homem de cabelos escuros, que agora parecia ser o mesmo de sempre e diferente do de segundos atrás.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde as histórias ganham vida. Descobre agora