Acabámos por jantar em casa dos pais do Harry e só voltei para casa perto da meia noite. Durante aquelas horas consegui "desligar" os pensamentos que me lavavam ao Filipe e ao Santiago. Mas tudo voltou no caminho de regresso a casa.
Na manhã seguinte, acordo antes do despertador tocar e vou tomar banho. Visto uma saia preta pelos joelhos e uma blusa de meia manga branca, algo leve e discreto. Chego ao quarto e encontro a Beca sentada na cama, a olhar para o chão.
– Então, pequena, está tudo bem? – pergunto.
– Não sei, mana... – responde, começando a chorar.
Encosto a porta do quarto.
– Conta-me lá o que se passa – digo.
Ela olha para mim e hesita.
– Lembras-te do Martim? – começa ela.
– Aquele rapaz que conheceste e que acabou por te magoar, não é?
– Sim... Bom, nós namorámos... – faz uma longa pausa.
– Para te poder ajudar, tens de me contar tudo. De outra forma não consigo. Sabes que podes confiar em mim. E aquilo que me contares fica só entre nós.
– Eu sei... Pronto, como tu sabes, ele é mais velho. E ele queria avançar na relação, estás a ver?
– Estou a entender onde queres chegar. Sabes que nenhum rapaz te pode obrigar a fazer nada que não queiras. És tu que mandas no teu corpo e ainda és muito nova para essas coisas. Um dia, quando estiveres preparada, então dás o passo em frente.
– Pois, mas... Ele chegou a chatear-me por causa disso e disse que, se eu não queria avançar com ele, era porque não gostava dele como dizia. Então pensei nisso e senti que talvez já estivesse preparada para avançar. Houve um dia que fiquei sozinha a tarde toda, tu e a mãe estavam a trabalhar, e convidei-o para vir cá a casa, ver um filme e estarmos algum tempo juntos. Ele começou a beijar-me, começou a tocar-me e eu deixei-me levar...
– Beca! Tu só tens 13 anos!
– Eu sei, mana, mas a maioria das amigas minhas também já o tinham feito e eu senti que era o momento certo. No dia seguinte, ele passou o tempo a ignorar-me. Não me respondeu às mensagens, não me atendeu as chamadas, nada. Deixámos de falar. Depois ele mandou-me mensagem a dizer que queria falar comigo e pronto, o resto já sabes.
– Porque é que na altura não me contaste tudo?
– Porque tinha vergonha, mana. É complicado falar sobre isso...
– Pelos menos usaram proteção? – pergunto.
– Pois... Não...
– Rebeca! Como é que é possível?!
– Oh mana, eu sei, desculpa... – diz, com as lágrimas a correrem-lhe pelo rosto.
Neste momento, sinto que posso estar numa situação delicada, dividida entre contar à minha mãe, por ser um assunto delicado, ou não contar, para que a Beca continue a confiar em mim.
– Tu não tens de me pedir desculpa, tens é de ter noção das consequências – digo.
– É por isso que preciso da tua ajuda.
– Como assim, Rebeca?
– É que ainda não me veio a menstruação desde que estivemos os dois... E sabes que eu sou sempre bastante certa. Nunca falha nem atrasa.
Agora sim, pode ser uma situação mesmo complexa... A Rebeca começa a chorar cada vez mais.
– Tem calma, não vamos começar a panicar. Eu agora tenho de ir trabalhar e tu tens de ir para a escola. Logo à tarde, quando sair, passo numa farmácia e compro um teste de gravidez. Vou-te buscar à escola e fazes o teste quando chegarmos. Podemos não contar já à mãe, mas já sabes que, se der positivo, a mãe terá de saber... Se der negativo, poderás ter de fazer outro, daqui a uns dias.
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Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...