Capítulo 17

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Acabámos por jantar em casa dos pais do Harry e só voltei para casa perto da meia noite. Durante aquelas horas consegui "desligar" os pensamentos que me lavavam ao Filipe e ao Santiago. Mas tudo voltou no caminho de regresso a casa.

Na manhã seguinte, acordo antes do despertador tocar e vou tomar banho. Visto uma saia preta pelos joelhos e uma blusa de meia manga branca, algo leve e discreto. Chego ao quarto e encontro a Beca sentada na cama, a olhar para o chão.

– Então, pequena, está tudo bem? – pergunto.

– Não sei, mana... – responde, começando a chorar.

Encosto a porta do quarto.

– Conta-me lá o que se passa – digo.

Ela olha para mim e hesita.

– Lembras-te do Martim? – começa ela.

– Aquele rapaz que conheceste e que acabou por te magoar, não é?

– Sim... Bom, nós namorámos... – faz uma longa pausa.

– Para te poder ajudar, tens de me contar tudo. De outra forma não consigo. Sabes que podes confiar em mim. E aquilo que me contares fica só entre nós.

– Eu sei... Pronto, como tu sabes, ele é mais velho. E ele queria avançar na relação, estás a ver?

– Estou a entender onde queres chegar. Sabes que nenhum rapaz te pode obrigar a fazer nada que não queiras. És tu que mandas no teu corpo e ainda és muito nova para essas coisas. Um dia, quando estiveres preparada, então dás o passo em frente.

– Pois, mas... Ele chegou a chatear-me por causa disso e disse que, se eu não queria avançar com ele, era porque não gostava dele como dizia. Então pensei nisso e senti que talvez já estivesse preparada para avançar. Houve um dia que fiquei sozinha a tarde toda, tu e a mãe estavam a trabalhar, e convidei-o para vir cá a casa, ver um filme e estarmos algum tempo juntos. Ele começou a beijar-me, começou a tocar-me e eu deixei-me levar...

– Beca! Tu só tens 13 anos!

– Eu sei, mana, mas a maioria das amigas minhas também já o tinham feito e eu senti que era o momento certo. No dia seguinte, ele passou o tempo a ignorar-me. Não me respondeu às mensagens, não me atendeu as chamadas, nada. Deixámos de falar. Depois ele mandou-me mensagem a dizer que queria falar comigo e pronto, o resto já sabes.

– Porque é que na altura não me contaste tudo?

– Porque tinha vergonha, mana. É complicado falar sobre isso...

– Pelos menos usaram proteção? – pergunto.

– Pois... Não...

– Rebeca! Como é que é possível?!

– Oh mana, eu sei, desculpa... – diz, com as lágrimas a correrem-lhe pelo rosto.

Neste momento, sinto que posso estar numa situação delicada, dividida entre contar à minha mãe, por ser um assunto delicado, ou não contar, para que a Beca continue a confiar em mim.

– Tu não tens de me pedir desculpa, tens é de ter noção das consequências – digo.

– É por isso que preciso da tua ajuda.

– Como assim, Rebeca?

– É que ainda não me veio a menstruação desde que estivemos os dois... E sabes que eu sou sempre bastante certa. Nunca falha nem atrasa.

Agora sim, pode ser uma situação mesmo complexa... A Rebeca começa a chorar cada vez mais.

– Tem calma, não vamos começar a panicar. Eu agora tenho de ir trabalhar e tu tens de ir para a escola. Logo à tarde, quando sair, passo numa farmácia e compro um teste de gravidez. Vou-te buscar à escola e fazes o teste quando chegarmos. Podemos não contar já à mãe, mas já sabes que, se der positivo, a mãe terá de saber... Se der negativo, poderás ter de fazer outro, daqui a uns dias.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now