Capítulo 24

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Cheguei a casa à hora de jantar, precisei de tempo para pensar sozinha.

– Precisas de ajuda, mãe? – questiono, ao chegar à cozinha.

– Não, estou quase a acabar. Demoraste a vir para casa...

– Sim, fui dar uma volta.

– Não estiveste com o Santiago? – pergunta, de forma fria.

– A sério, mãe? Outra vez a desconfiares de mim? Acho que já falámos sobre isso.

– Alice, tens de entender a minha posição.

– Não, mãe, não há posição nenhuma para entender. Não dá para entender a tua atitude. Já agora, depois de jantar vou ter com a Vera.

A minha mãe fica a olhar para mim, sem qualquer expressão. Achei que era melhor não mencionar o nome do Marcos, ele e o Santiago são amigos e a minha mãe podia começar a fazer filmes.

– Agora também já não posso ir ter com os meus amigos, que também ficas desconfiada?

– Podes. Vão onde?

Raios! Esqueci-me deste pormenor.

– Vamos até ao parque – respondo a primeira coisa que me vem à cabeça.

– Não é um pouco perigoso ir para lá à noite?

– Não, mãe, vamos para uma zona iluminada, onde deverão estar mais pessoas.

Estou a começar a sentir-me demasiado desconfortável.

– Mãe, quando é que vou voltar às aulas? – pergunta a Rebeca, interrompendo a nossa conversa.

Sinto-me salva por aquela pergunta.

– Dentro de poucos dias, para ter a certeza de que estás bem – responde a minha mãe, ao colocar a comida na mesa.

Mantivemo-nos caladas o jantar todo. Antes de sair de casa, arrumei a cozinha e deixei tudo orientado, também não me sinto bem em deixar as coisas para a minha mãe fazer.

Já dentro do carro, pego no telemóvel para avisar o Santiago que vou sair e tenho uma mensagem da Vera, a pedir para a ir buscar, visto que vivemos perto e ela não sabe onde fica a casa do Santiago. Ligo-lhe a avisar que estou a sair e chego à porta de sua casa em poucos minutos.

– Será que me podes explicar o que é isto? – pergunta a Vera, ao entrar no carro.

– Nem eu sei. O Santiago só me pediu para te enviar mensagem. Sei tanto como tu.

– Tenho a certeza de que sabes mais que eu... Até porque este convite tem água no bico. Afinal, quem é que vai?

– Exatamente eu, tu, o Marcos e o Santiago – respondo.

– Muito suspeito... Queres contar-me alguma coisa antes de lá chegarmos?

– Nem por isso.

– E não há nada que eu deva saber? Ou que queiras que eu saiba? – insiste a Vera.

– Não estou a ver nada.

– Mulher, tu hoje estás complicada.

– A vida também é complicada – digo, de forma quase inaudível.

– Ui! A coisa hoje está mesmo difícil.

Não digo mais nada até chegarmos ao destino. Saímos do carro, vamos até à porta e tocamos à campainha. Aparece o Marcos.

– Estejam à vontade – diz, dando-nos espaço para entrarmos.

Eu entro e ele puxa a Vera até ele para lhe dar um beijo.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now