Capítulo 45

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Pego nas chaves e na carteira e saio a correr. Estaciono o carro ainda um pouco longe e vou a pé. Passo junto a um café, está toda a gente a olhar para um grande ecrã, onde diz "violento acidente provoca um morto e um ferido grave". Sinto um aperto no peito e apresso-me para o hospital à procura da Vera.

– Alice, mantém-te calma, por favor, não faz bem à tua bebé – diz, ao aproximar-se de mim.

– Vera, por favor diz-me que o Santiago não morreu.

– Não, Alice, houve eventualmente um morto, mas foi o outro senhor. O Santiago está em estado grave...

– O que é que isso significa?

– Que tudo pode acontecer... Temos de acreditar que tudo vai correr bem.

– Eu posso ir vê-lo?

– Não, ele está no bloco, tem uma hemorragia interna e precisa de cirurgia urgente.

– Agora, que finalmente íamos ficar juntos... A nossa filha não pode crescer sem pai. Ele precisa de sobreviver. Vera, façam tudo o que for preciso.

– Nós damos sempre o nosso melhor, mas sabes que não é possível salvar todas as vidas, há pessoas que chegam aqui sem hipóteses de sobreviver.

– Mas o Santiago tem de ter hipótese.

– Alice, vai para casa descansar. Este ambiente não te faz bem.

– Não vou deixar o homem que amo, não desta vez nem neste estado.

Vejo o Harry a entrar no hospital.

– O que é que estás aqui a fazer? – questiono, quando se aproxima.

– A Vera mandou-me mensagem a contar o que se tinha passado, imaginei que precisavas de apoio.

– Ainda bem que vieste, diz à Alice que é melhor ir para casa, aqui não faz nada e precisa de descansar por causa da bebé.

– A Vera tem razão. Eu vou contigo para casa.

– Mas eu queria estar aqui quando ele acordasse...

– A cirurgia vai ser demorada e não o vais poder ver logo. Vai para casa descansar e eu ligo-te assim que souber de alguma coisa. Peço aos meus colegas para me manterem a par quando acabar o turno – diz a Vera.

Acabo por ceder.

– Tudo bem, eu vou para casa. Mas quero mesmo saber tudo, seja a que horas for.

– Não te preocupes, eu ligo. Vai só à receção tratar do que for necessário.

Rapidamente falo com a senhora da receção e vou embora.

O Harry vai comigo para casa e fala com a minha mãe enquanto tomo um duche para tentar relaxar minimamente. Como já esperava, não sou capaz de conter as lágrimas, só de imaginar todos os cenários que podem acontecer.

Coloco a mão na barriga e sinto a minha filha mexer, depois de vestir o pijama. Inexplicavelmente, sinto uma força interior que me dá uma certa esperança.

– Vai ficar tudo bem, meu amor, o papá vai voltar para casa rápido.

Saio da casa de banho e vou para a sala, agora mais recomposta do choro.

– Estás melhor? – pergunta o Harry.

– Ligeiramente. Sinto-me exausta, vou-me deitar.

– Filha, tens de ir comer, não jantaste.

– Eu não tenho fome, mãe. Perdi o apetite.

– Tens de comer alguma coisa. Nem que bebas só um copo de leite antes de dormir. Mas tens de comer algo.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now