Pego nas chaves e na carteira e saio a correr. Estaciono o carro ainda um pouco longe e vou a pé. Passo junto a um café, está toda a gente a olhar para um grande ecrã, onde diz "violento acidente provoca um morto e um ferido grave". Sinto um aperto no peito e apresso-me para o hospital à procura da Vera.
– Alice, mantém-te calma, por favor, não faz bem à tua bebé – diz, ao aproximar-se de mim.
– Vera, por favor diz-me que o Santiago não morreu.
– Não, Alice, houve eventualmente um morto, mas foi o outro senhor. O Santiago está em estado grave...
– O que é que isso significa?
– Que tudo pode acontecer... Temos de acreditar que tudo vai correr bem.
– Eu posso ir vê-lo?
– Não, ele está no bloco, tem uma hemorragia interna e precisa de cirurgia urgente.
– Agora, que finalmente íamos ficar juntos... A nossa filha não pode crescer sem pai. Ele precisa de sobreviver. Vera, façam tudo o que for preciso.
– Nós damos sempre o nosso melhor, mas sabes que não é possível salvar todas as vidas, há pessoas que chegam aqui sem hipóteses de sobreviver.
– Mas o Santiago tem de ter hipótese.
– Alice, vai para casa descansar. Este ambiente não te faz bem.
– Não vou deixar o homem que amo, não desta vez nem neste estado.
Vejo o Harry a entrar no hospital.
– O que é que estás aqui a fazer? – questiono, quando se aproxima.
– A Vera mandou-me mensagem a contar o que se tinha passado, imaginei que precisavas de apoio.
– Ainda bem que vieste, diz à Alice que é melhor ir para casa, aqui não faz nada e precisa de descansar por causa da bebé.
– A Vera tem razão. Eu vou contigo para casa.
– Mas eu queria estar aqui quando ele acordasse...
– A cirurgia vai ser demorada e não o vais poder ver logo. Vai para casa descansar e eu ligo-te assim que souber de alguma coisa. Peço aos meus colegas para me manterem a par quando acabar o turno – diz a Vera.
Acabo por ceder.
– Tudo bem, eu vou para casa. Mas quero mesmo saber tudo, seja a que horas for.
– Não te preocupes, eu ligo. Vai só à receção tratar do que for necessário.
Rapidamente falo com a senhora da receção e vou embora.
O Harry vai comigo para casa e fala com a minha mãe enquanto tomo um duche para tentar relaxar minimamente. Como já esperava, não sou capaz de conter as lágrimas, só de imaginar todos os cenários que podem acontecer.
Coloco a mão na barriga e sinto a minha filha mexer, depois de vestir o pijama. Inexplicavelmente, sinto uma força interior que me dá uma certa esperança.
– Vai ficar tudo bem, meu amor, o papá vai voltar para casa rápido.
Saio da casa de banho e vou para a sala, agora mais recomposta do choro.
– Estás melhor? – pergunta o Harry.
– Ligeiramente. Sinto-me exausta, vou-me deitar.
– Filha, tens de ir comer, não jantaste.
– Eu não tenho fome, mãe. Perdi o apetite.
– Tens de comer alguma coisa. Nem que bebas só um copo de leite antes de dormir. Mas tens de comer algo.
![](https://img.wattpad.com/cover/198991101-288-k152505.jpg)
YOU ARE READING
Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...