Capítulo 44

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Já passaram dois meses desde que fui para o hospital, tenho passado os dias em casa, não voltei ao trabalho para não correr riscos desnecessários. Às vezes ajudo em algo que seja necessário a partir de casa, mas é raro. Nestes dias de novembro já se começa a sentir o frio a chegar, por isso, como a minha mãe está de folga e estamos as duas sozinhas em casa, decidimos ir comprar umas roupas mais quentinhas para a nossa Iara. É verdade, entretanto também já escolhemos nome.

Ao chegar a casa, vemos o carro do Santiago estacionado.

– Estás em casa a esta hora? – pergunto, ao dar-lhe um beijo.

– Sim, tirei a tarde e decidi fazer o almoço hoje. Passei pelo supermercado e comprei mais algumas coisas. Incluindo os teus morangos quase impossíveis de encontrar e que estão ao preço do ouro.

– A culpa é da nossa filha, ela é que decide o que quer comer, eu sou só a informadora e a trituradora.

Ele ri e puxa-me para mais próximo dele.

– A cada dia te amo mais – sussurra-me ao ouvido.

Sinto-me a corar e afasto-me para ir buscar uma taça com água, para deixar a minha fruta.

Os dias têm sido assim, o Santiago tem dormido no sofá ao longo destes meses, pois não aceitámos que a minha mãe nos cedesse a cama dela, e todos os dias traz alguma coisa para casa, seja uma refeição pronta, uma sobremesa, mercearia ou simplesmente algo que me lembrei que me apetecia comer. Estar grávida tem a vantagem de poder pedir tudo e dizer que são desejos, não é verdade?

– Daqui a pouco vou a casa dos meus pais buscar algumas roupas quentes, queres ir comigo, Alice? – pergunta o Santiago.

– Posso ir. Assim ajudo-te a escolher as roupas. É que digamos que o teu gosto para a roupa há uns anos era péssimo e, não ser porquê, aquelas coisas que até me fazem mal aos olhos continuam por lá.

– Ah isso eram as roupas que usava para sair à noite na adolescência. Tínhamos de nos infiltrar bem nos sítios onde íamos.

– Nem quero saber que sítios eram esses. Filha, tapa os ouvidos e não ouças o pai.

– Meninos, durante a tarde vou ajudar a vizinha a proteger as plantas do frio, já só devo voltar perto da hora de jantar – diz a minha mãe, ao chegar à cozinha.

– Nós vamos buscar as roupas a casa dos meus pais – diz o Santiago.

– Ah pois é! Vão lá, vão lá. Até logo!

A minha mãe sai e nós saímos pouco depois. A meio do caminho, percebo que o trajeto não é o que normalmente fazemos.

– Onde é que vamos? – questiono.

– Fazer um pequeno desvio antes de ir buscar a roupa.

Ele para o carro em frente a um portão grande de uma casa.

– Anda – diz, tirando o sinto e abrindo a porta do carro.

– Onde?

– Já vês.

Saio do carro perdida com o que ele está a fazer. De repente, o portão começa a abrir lentamente.

– Santiago, o que é isto?

– Já vais ver, tem calma.

Ele dá-me a mão e começa a andar. Limito-me a segui-lo.

Chegamos à porta da casa, ele tira uma chave do bolso e abre. Visto nesta perspetiva, parece um paraíso. Entramos e sinto-me deslumbrada com tudo.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now