Capítulo 14

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– Preciso de mais água – digo, depois de ter bebido um copo de uma só vez.

Ele sorriu.

– Eu na altura quase que precisei de 5 litros de água. Se havia alguém de quem não esperasse isso, era dela. A família é super amável, os pais são das pessoas com mais valores que conheço.

– E sabes para onde foi? – pergunto.

– Chegaram a dizer-me que tinha ido para o Brasil, mas não sei se realmente foi. E, sinceramente, prefiro nem saber. Ela magoou-me e destruiu-me a vida.

– E depois dela... Já te voltaste a apaixonar?

Ele virou a cara para baixo.

– Já... Por uma rapariga incrível. Mas não consegui avançar com ela, ainda estava muito presente na minha mente aquilo que tinha acontecido e tinha medo que me voltassem a enganar. Tinha medo de me voltar a magoar e não conseguir aguentar...

– E ela também gostava de ti?

– Sim, o que ainda é pior... Acho que posso ter perdido um grande amor. Disse-lhe que ainda não era capaz e, entretanto, já não falamos há 2 anos. Não a voltei a ver... Mas penso nela exatamente como no início. Ela fez-me tão bem, quando estava com ela conseguia esquecer os meus problemas e não pensava em mais nada. Fui um estúpido... Mas também tive medo de a magoar, por ainda não estar bem. Ela merecia alguém melhor.

– Não digas isso! És uma pessoa incrível e, se ela gostava de ti, é porque também viu isso. Aquilo que viveste faz parte da tua história, mas guarda apenas no passado. Nunca poderás apagar, é certo. Mas também não podes deixar que continue a condicionar a tua vida, está na altura de seguires em frente e procurares um amor verdadeiro que te faça "esquecer" o passado.

Fez-se silêncio.

– Agora deixaste-me sem reação. Obrigado, mesmo, por essas palavras.

– Vá, o que tens de fazer é conhecer pessoas novas, aproveitar a vida e deixar de "ser um velho" que passa o tempo em casa e no trabalho. Quem sabe se não voltas a encontrar essa rapariga. Tenho uma amiga com uma história parecida, apaixonou-se por um rapaz, mas ele disse-lhe que precisava de tempo e, entretanto, deixaram de falar. E também lhe disse o mesmo a ela, para partir em busca do amor. Não é a agirem como velhos sedentários que vão longe – digo.

– A idade já não perdoa – ri.

Olho para o relógio.

– Ai nossa, as horas! Tenho de ir trabalhar, se não ainda me despedem.

– Estamos bem a tempo para ir nas calmas.

Pedimos a conta e fomos embora. Quando chegámos à empresa, cada um foi para o seu lado.

O meu maior receio, ao passar por aqueles corredores, era cruzar-me com o Santiago.

Sento-me na minha secretária. Quando leio o nome dele é que me lembro que agora trabalho para ele. Burra! Como é que me vou ver livre dele se trabalho para ele?!

– Inspira. Expira – digo em voz alta, mas em tom baixo.

– A isso chama-se respirar – ouço.

Mando um salto com o susto e abro os olhos. É a Vera.

– Mas tu estás louca?! Se o teu objetivo era provocar-me um ataque cardíaco, não ficaste longe – resmungo.

– Também estou muito contente por te ver, amiga – diz ela, abraçando-me.

– Hoje o dia está difícil. E estou no meu local de trabalho.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora