Capítulo 18

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Continuamos os dois frente a frente. Sinto a mão dele tocar suavemente na minha cara e coloco a minha mão por cima da dele. Dou-lhe um beijo na palma da mão e afasto-a. Ao seguir o movimento com o olhar, reparo numa cicatriz no pulso, na parte que fica visível, com a ligeira subida da camisa no braço. Pego no braço dele, afasto mais a camisa e o casaco e reparo que tem várias marcas. Num impulso, ele tira o braço e tapa. Olho para ele.

– Queres-me contar alguma coisa? – pergunto.

– Talvez um dia. Hoje não – responde.

O Santiago coloca a outra mão no meu pescoço e beija-me. Eu entrego-me àquele beijo e retribuo, mas rapidamente termino, antes que entre alguém.

– Tu sabes que isto não está correto – digo, olhando-o novamente nos olhos.

– Se os dois quisermos, o Destino não contraria. E nada aqui está errado. Somos dois jovens livres, com uma vida à nossa espera e que estamos a descobrir uma paixão, até quem sabe um grande amor.

– Não digas essas coisas... Desarmas-me como nunca ninguém o fez...

– Porque sabes que sentes o mesmo por mim. Não podemos negar que há aqui qualquer coisa. Alice, quando digo que estou apaixonado por ti, digo-o do fundo do coração. Porque é mesmo o que eu sinto. E apaixonei-me por ti, pela tua forma de ser, pelo jeito diferente e até pelo teu "ligeiro" mau feitio.

Esboço um sorriso.

– Oh Santiago – digo, abraçando-o de forma intensa.

Já começa a ser difícil disfarçar o sentimento... A verdade é que ele não me é indiferente e acho que estou mesmo a ficar apaixonada. Aquele lado dele genuíno, quase inocente, deixa-me rendida. Parece tão diferente quando estamos só os dois.

– Agora vamos voltar ao trabalho, antes que chegue alguém – digo.

Ele dá-me mais um beijo e eu sorrio-lhe antes de sair. Fecho a porta e deixo-me ficar uns segundos encostada.

Tentei manter-me focada no meu trabalho o resto do dia, mas não posso negar que aquele papel e as palavras do Santiago não me saiam da cabeça.

Chega a minha hora de saída e já só penso em "fugir" deste ar que me sufoca em pensamentos. Passo pela farmácia mais próxima e peço alguma ajuda à farmacêutica relativamente ao teste de gravidez e à sua eficácia. Depois de uma breve conversa, vou buscar a Rebeca e vamos as duas para casa. Chegamos e a minha mãe está sentada no sofá, a olhar para umas cartas.

– Está tudo bem, mãe? – pergunto, entrando.

– Sim, filha, estava só aqui a ver as contas, para amanhã ir pagar.

– Levas o meu cartão, a partir de agora eu pago sempre a água, a luz e o gás – digo, tirando o cartão da carteira.

– Não, não vais tu ficar com as contas todas!

– Já tinha pensado nisto, só ainda não te tinha dito. O meu ordenado agora é muito melhor, já fiz as contas para mês e tudo. E escusas de tentar dizer-me o contrário, já sabes que eu não cedo, sou a pessoa mais teimosa à face da Terra.

Deixo o cartão em cima da mesa, junto dela, e dou-lhe um beijo.

– E não tentes enganar-me, eu consigo logo ver se fazes os pagamentos do meu cartão – termino, com um sorrido.

– Obrigada, meu amor, não sei o que faria sem ti.

– Não tens nada que agradecer! Eu e a Beca vamos agora acabar um trabalho que ela tem de entregar amanhã, é rápido, depois já te venho ajudar no jantar.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now