Capítulo 4

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– Alice! – grita a Vera, ao ver-me chegar.

Ela correu até mim e deu-me um abraço apertado. Já não nos víamos há cerca de dois meses, por isso as saudades já eram muitas.

– Estou a ficar sem ar – digo.

– Desculpa, desculpa, desculpa.

– Ela tem estado doida o tempo todo – comenta o Harry, ao cumprimentar-me.

– Doida é pouco... – acrescenta a Salomé.

– Então diz-nos lá, onde é que estás a trabalhar agora? – pergunta a Vera.

­– Na CLEMendes. Fiquei com a vaga da empregada que saiu.

– Ouvi dizer que o filho dos donos é um gato. Talvez consigas...

– Nem me digas nada, Vera...

– O que é que aconteceu? Conta tudo! – diz a Salomé, para ajudar.

– Meu, vão entrar naquelas conversas de gajas outra vez. O que me dizes de irmos ver umas cenas para a mota? – pergunta o Mateus ao Harry.

– Não podias ter melhor ideia! – responde o Harry.

Os dois ausentaram-se e eu contei tudo às "meninas", como nos costumamos tratar. Desde o secundário que nos damos todos muito bem e não conseguimos estar longe muito tempo. Eles conheceram mais gente na Universidade, mas a nossa amizade nunca esmoreceu. Eu fui a única que não continuei a estudar, por não ter dinheiro, apesar de a minha mãe, na altura, ter proposto fazer um empréstimo. Mas eu não queria arranjar-lhe mais despesas. E estou feliz com a minha vida.

– Não acredito! Só podes estar a gozar – dispara a Salomé.

– Antes estivesse... Eu devo ter ficado branca quando ele me disse quem era.

– Adorava ter assistido – diz a Vera, entre gargalhadas.

– Já agora, ele é assim tão giro como dizem? – pergunta a Salomé

– Nem por isso... É igual a todos os outros – respondo.

Elas olham uma para a outra e novamente para mim.

– Amiga, estás demasiado corada para quem o acha "igual a todos os outros" – diz a Vera e as duas riem.

– É giro, mas... – digo, até ser interrompida pela Vera.

– Eu sabia! Se calhar tenho de lá ir pedir um projeto para alguma coisa. Estou a precisar de conhecer pessoas novas, para ver se esqueço o Marcos.

– Então? Ele disse-te mais alguma coisa? – pergunto.

– Já não falo com ele há um ano e já não o vejo há quase dois. Quando falei com ele a última vez, decidi que era melhor para mim afastar-me. Ele disse que ainda era cedo para ter alguém, a outra magoou-o mesmo a sério – explica a Vera.

– E ainda não o esqueceste? – pergunta a Salomé.

– Nem por isso... Nos últimos tempos não tenho pensado tanto nele, mas ainda não o esqueci por completo. Se vocês o tivessem conhecido, entendiam-me.

Os rapazes aparecem e sentam-se ao pé de nós. Acabámos por ficar ali sentadas na relva, a conversar o tempo todo.

– Meninas, desculpem estar a interromper a vossa conversa, que deve ser maravilhosa, mas está a ficar tarde e temos de ir embora. Está quase na hora de jantar – diz o Mateus.

– Pois, é melhor. Temos é de marcar coisas destas mais vezes – digo.

– É só uma questão de combinarmos – concorda o Harry.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now