Ao chegar ao hotel, a primeira coisa que faço é trocar de roupa. Visto umas leggings e uma t-shirt e sento-me em cima da cama.
– Desculpa, mas acho que hoje já não vou conseguir sair, prefiro ficar por aqui – digo, enquanto o Santiago tira a comida dos sacos e prepara o nosso almoço, que o amigo dele mandou entregar.
– Não te preocupes, há sempre um programa alternativo que envolve Netflix e uma manta. Trouxe o meu computador, portanto, não há stress.
– Já tens muita experiência com estas situações...
– Já viajei algumas vezes e eu mesmo já me senti menos bem para conseguir seguir os meus planos. Acabei por ficar a ver televisão uma tarde ou um dia, o tempo que precisei para mim. Então comecei a trazer a minha "reserva" no computador. Olha, eles já não tinham muita comida, mas ainda arranjaram uns petiscos.
– Eu gosto de qualquer coisa, é sem problema – respondo.
Ele coloca as embalagens com a comida num tabuleiro e sentamo-nos os dois encostados à cabeceira da cama.
– Queres ver um filme? – pergunta o Santiago, ao ligar o computador.
– Sim, pode ser – respondo, pegando numa coxinha.
– Ei! Apanhas-me distraído e atacas logo a comida. Estou a ver que, se não me despacho, fico sem nada.
– Sim, corres esse risco.
Ele pega no resto da minha coxinha e come de uma vez.
– Olha! Há ali mais!
– Esta estava melhor, de certeza. Foi logo a que pegaste – diz ele, com um sorriso malicioso.
– Mas eu estava a comer...
– Ainda queres? Posso-te devolver já mastigada.
Mando uma gargalhada.
– Não, obrigada.
Ele põe um filme qualquer e comemos calados. Quando acabamos, deitamo-nos ligeiramente na cama, próximos um do outro. Ele puxa-me suavemente e deito a minha cabeça no seu peito.
O Santiago tira o relógio do pulso, pousa-o na mesa-de-cabeceira e põe o braço por cima de mim. Reparo novamente nas marcas nos braços, as mesmas que já me chamaram a atenção antes.
– Santiago?
– Sim?
– Quando é que me vais falar destas cicatrizes? – questiono, tocando no braço.
Instintivamente ele puxa a manga da camisa e tapa.
– Não sei... Queres mesmo saber a minha história?
Levanto a cabeça e olho para ele.
– Sim, quero – respondo, olhos nos olhos.
Ele não desvia o olhar por uns breves segundos. Depois, levanta a manga da camisa e passa os dedos na pele.
– Então, apesar de toda a gente dizer que sou menino da cidade, eu passei grande parte da minha infância em casa dos meus avós maternos, numa pequena aldeia. Passava lá o tempo quando os meus pais não estavam em casa, ajudava a tratar dos animais, regar as plantações... Sempre fui muito próximo deles e sinto um carinho muito especial. O meu avô era o meu exemplo e via nele tudo aquilo que queria um dia também para mim. Mesmo quando cresci, o meu avô era sempre o meu porto de abrigo, com quem falava horas a fio e que me dava os melhores conselhos. Tive uma adolescência um pouco complicada, não me sentia integrado e era o meu avô que me ajudava a enfrentar as coisas. Vê lá que até de miúdas falava com ele.
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Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...