Capítulo 2

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Fui para casa, vi um pouco de televisão, almocei e, entretanto, fui buscar a minha irmã à escola.

Deixei o carro num estacionamento próximo e fui a pé até à entrada. Aproveitei e fiz uma pequena visita aos meus antigos professores. Ao longe, avisto uma menina, da estatura da minha irmã, com cabelo castanho claro e liso, pelo meio das costas. Parece-se mesmo muito com ela, mas está abraçada a um rapaz que parece ser bastante mais velho, por isso não deve ser ela. A Rebeca tem 13 e demonstra ter exatamente essa idade pelo aspeto físico, apesar de gostar de se dar com pessoas mais velhas. No entanto, não imagino um rapaz mais velho andar abraçado, daquela maneira, a uma menina tão nova.

Mando-lhe uma mensagem a dizer que estou à espera dela e dirijo-me ao portão. Vejo a tal menina despedir-se do rapaz com dois beijos na cara e a ir em direção à entrada. Ao aproximar-se, reconheço os olhos verdes, pequenos. É a Rebeca!

– Oi – diz-me, ao chegar ao meu lado.

– Oi? Quem era aquele rapaz? – pergunto.

– Quem?

– Aquele que estavas a abraçar...

– Ah, é o Martim, um amigo.

– Pareciam muito próximos – sondo.

– Impressão tua. Vamos? Estou a morrer de fome, a comida hoje foi horrível – diz, desviando o assunto.

– E alguma vez a comida da cantina da escola foi boa?

Rimos as duas e vamos para o carro. Passámos por uma pastelaria, eu paguei um sumo de laranja natural e uma tosta mista para cada uma e depois fomos para casa. A nossa mãe já estava a começar a fazer o jantar.

– Beca, vai tomar banho e fazer os trabalhos de casa, enquanto eu ajudo a mãe no jantar – digo, ao dirigir-me à cozinha.

Ela revira os olhos, mas obedece. Vou para a cozinha.

– Amanhã saímos de casa a que horas? – pergunto.

– Como entramos às oito, saímos às sete e meia, chegamos em 20 minutos e dá tempo para trocar de roupa.

– Hum ok – respondo, ao pegar nos pratos para pôr a mesa.

– Filha, promete-me que vais ter muito cuidado.

– Sim, mãe, vou guardar o meu mau feitio só para vocês – brinco.

O meu telemóvel toca. Uma mensagem. É do Filipe e diz "Por favor, perdoa-me. Estou cheio de saudades tuas, não vivo sem ti". Ignorei. O Filipe é o meu ex-namorado, acabei tudo com ele há 2 meses, depois de descobrir que me andava a trair com uma colega dele da faculdade. Namorávamos desde os 15 anos e andámos sempre juntos na escola. Já lhe disse imensas vezes que não quero mais nada com ele, mas continua a insistir, com desculpas e promessas, a pedir para o perdoar. Mas não vai acontecer.

Pouso o telemóvel e continuo o que estava a fazer.

– Era outra vez o Filipe? – pergunta a minha mãe, ao ver a minha reação.

– Sim, mas ignorei. Lembrei-me agora, quando fui buscar a Beca, vi-a abraçada a um rapaz mais velho. E eles pareciam muito próximos. Estou um pouco preocupada que ele se queira aproveitar dela... Ela é muito nova e pode acabar por ceder, tendo em conta que a maioria das amizades dela são com raparigas mais velhas.

– Ela não nos vai dar ouvidos, é igualzinha a ti, faz o que quer, não o que nós queremos. De qualquer maneira, dá-te mais ouvidos a ti. Tenta falar com ela.

– Eu estou-lhe sempre a dizer para não ser como eu, preocupar-se mais com as aulas e menos com o que se passa fora delas. Mas tu já sabes que ela sempre foi muito rebelde. Enquanto continuar com boas notas, tudo bem, desde que não estrague a vida dela por determinadas atitudes... – digo.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora