Amar em Pecado (Concluído)

Capítulo 42

Duas semanas depois de o Santiago conhecer a família biológica, marcaram o lanche para juntar as famílias e celebrar o resultado positivo do teste de ADN, que confirmou que o bebé que a Dona Ester "perdeu", na verdade, não faleceu. Não sei os pormenores de como foi feito, tenho-me sentido demasiado cansada com o avançar da gravidez e não senti energia para poder estar envolvida no processo, o Santiago apenas me contou quando recebeu o resultado. Hoje sinto-me particularmente enjoada e exausta, mas não posso deixar de ir com o Santiago ao lanche, os pais dele vão conhecer a família biológica e sinto que devo estar junto dele, para lhe dar apoio.

– Mãe, o Santiago questionou se não querem mesmo ir, que não há problema nenhum – digo, quando a minha mãe chega ao quarto.

– Não, filha, vão vocês e divirtam-se. Hoje também vem cá o senhor para tratar da infiltração, prefiro ficar por casa.

Eu sei que a verdadeira razão de a minha mãe não ir é para não dar despesa, mas não insisto. Eu entendo-a e não a censuro. Claro que uma vizinha poderia ficar com a chave e vir cá, como já fez imensas vezes, mas não pressiono a minha mãe.

– Está bem, mãe, depois aproveita e faz qualquer coisa com a Rebeca, que ela tem andado um pouco entediada.

O Santiago manda-me uma mensagem a dizer que já estão à minha espera, à porta de minha casa. Vamos todos juntos para se tornar, de certo modo, mais fácil para todos chegar ao pequeno convívio.

Despeço-me da minha mãe e da Rebeca e saio. Ao entrar no carro, a Vanda questiona-me se me sinto bem.

– Estou só um pouco maldisposta, mas já passa – respondo.

Todos olham para mim.

– Eu estou bem, não se preocupem.

– Se precisares de alguma coisa, não tenhas medo em dizer – diz o Santiago.

– Eu sei, obrigada.

Seguimos sempre com conversas banais, mas, ao chegar ao nosso destino, todos nos calamos. De repente, instalou-se um ambiente ligeiramente pesado, o Santiago apressa-se rapidamente para a porta e toca à campainha. A Dona Ester abre a porta com um grande sorriso.

O Santiago apresenta-os.

– Fico tão feliz por saber que o meu bebé foi criado por uma família maravilhosa, criaram um filho espetacular. Será sempre vosso filho, quero deixar esclarecido que isto não vai mudar nada, mas gostaria muito de conhecer-vos a todos.

– Eu passo a ter o dobro dos pais, não me importo.

Todos rimos.

– Teremos todo o gosto em conhecê-la a si e à sua família, assim como permitir que conheça este filho que, na verdade, também é seu – diz a Vanda.

– Eu e o meu marido fizemos o funeral ao nosso bebé, que é vosso filho. Se quiserem, e quando quiserem, eu levo-vos até lá. Todos os dias vou ao cemitério e assim vai continuar a ser, será sempre o meu anjinho lá em cima. Agora, é o nosso anjinho, sei que um pedacinho de vós também está com ele.

Quando dou por mim, já tenho as lágrimas a correr pelo rosto. O Santiago aproxima-se de mim e dá-me um beijo na testa, quando me vê limpar as lágrimas.

– Vá, agora vamos lá para trás onde está a comidinha – diz a Dona Ester, encaminhando-nos para um jardim nas traseiras que abrange a casa do lado e a sua.

Vem a família toda para nos cumprimentar, bastante simpáticos e atenciosos. Deparo-me a olhar para o Santiago e para os pais dele, não sabia ao certo como seriam as reações, mas está tudo a correr lindamente e os sorrisos visíveis nos rostos são prova disso.