Capítulo 6

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Chegou a segunda feira e a minha vontade era de ficar em casa. A segunda é sempre o dia que custa mais, depois de um fim de semana sem fazer nada não apetece voltar ao trabalho. Mas tem de ser. Levanto-me, tomo banho, como qualquer coisa e vou para o trabalho, sozinha, porque hoje a minha mãe está de folga.

Chego e começo logo por tratar do corredor do primeiro andar. Lavar o chão, limpar as molduras, regar as plantas... Acaba por ser um dos melhores trabalhos que por aqui fazemos.

Estou concentrada a trabalhar, quando, de repente, ouço um grande estrondo. Olho para trás e vejo o Santiago a cair, tentando apoiar-se no carrinho, sem sucesso. Corro até ele e tento segurá-lo, mas não chego a tempo e ele cai desmaiado. Está completamente pálido.

– Socorro, alguém que chame uma ambulância! – grito.

Uma porta abre-se e sai alguém de dentro de um escritório. É o Marcos.

– O que se passa? – pergunta ele, preocupado.

– O doutor Santiago desmaiou e não reage.

Automaticamente ele agarra no telemóvel e liga para o 112. Mas toda a gente sabe como funciona o sistema e uma ambulância demora uma eternidade a chegar.

– Ajuda-me a elevar as pernas, pode ser que ajude – digo.

Entretanto, começam a chegar mais pessoas que se aperceberam do alvoroço e juntam -se todos a "tentar ajudar" (nós sabemos que o único objetivo deles é saber o que se passa, lá querem eles saber de ajudar).

Passados 15 minutos lá chegou o INEM e levaram-no para o hospital, ainda inconsciente. Os pais dele ainda não tinham chegado, era cedo, por isso o Marcos pediu-me para ser eu a acompanhá-lo ao hospital.

– Convém ir alguém com ele, já tentei ligar ao doutor Henrique e à doutora Vanda, mas nenhum me atendeu. A esta hora não está quase ninguém e como assististe ao que aconteceu, é mais fácil ires tu, até podes dar uma ajuda aos médicos – disse ele.

– Mas eu não sei de nada, só o vi a cair.

– Podes ser mais útil que qualquer pessoa aqui e há outras funcionárias para fazer o teu trabalho. É só até os pais dele chegarem lá, para poderes ir dando novidades.

– Está bem... – acabo por ceder.

Vou com os paramédicos e, ao chegar ao hospital, os médicos também me perguntam se há mais algum aspeto relevante e eu digo-lhes a única coisa que vi. Eles levam-no para dentro e eu fico na sala de espera, à espera (tal como o nome indica) de notícias.

Passado meia hora aparece novamente o médico e explica que foi algo provocado pela ansiedade. Ainda iriam fazer mais exames, mas só para ver se estava tudo bem. Liguei ao Marcos, passei a informação que me tinham dado e ele disse-me que os pais dele já estavam a caminho, mas havia muito trânsito e ainda iam demorar. Decidi ir ver como o Santiago estava, até mesmo para ele perceber que não estava sozinho.

Chego ao quarto, a porta está aberta e reparo que ele olha pela janela que se encontra do lado direito da maca onde estava deitado. Aproximo-me.

– Já te sentes melhor? – pergunto.

– Prontíssimo para outra – responde, em tom de brincadeira.

– Não digas isso nem a brincar! Os teus pais vêm a caminho, mas a esta hora já sabes como é, há imenso trânsito e ainda vai demorar um pouco.

– Não há problema, tenho a minha heroína comigo.

– O quê, não me digas que tens droga nos bolsos – digo, sem pensar que ele continua a ser meu patrão.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now