Capítulo 36

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Ainda estou fechada na casa de banho e ouço a Rebeca do outro lado a questionar se está tudo bem.

– Sim, Beca, deve ter sido alguma coisa que comi estragada.

– E tens a certeza que não precisas de nada?

– Sim, isto passa. Volta para o quarto, por favor.

– Sim, mana. Se precisares de algo, diz.

Volto para a cozinha e tento manter o meu melhor ar.

– Estás bem, Alice? – pergunta a Vanda.

– Sim – respondo prontamente.

– Estás pálida.

– Só fiquei um pouco maldisposta, mas isto já passa.

Se repente, desviam todos o olhar para mim.

– Estou bem, a sério. Acho que só comi algo que não me fez bem.

– Pronto, acho que já está tudo falado. Podemos ir andando – acrescenta a Vanda.

– Preciso de falar contigo – diz o Santiago, virando-se novamente para mim.

– Agora? – pergunto.

– Sim. Se não te importasses, depois levavas-me a casa.

– Santiago... – diz o Henrique, baixinho.

– Pai, só vamos falar um bocado. Acho que ainda posso falar com pessoas... Depois vou para casa, ela deixa-me no apartamento para ir buscar o carro e vou ter convosco.

Saímos todos ao mesmo tempo. Eu e o Santiago seguimos para o meu carro e, mal começamos a andar, ele fala.

– Os meus pais acham que assim fica provado que o teu pai é meu pai e que está na altura de parar de mexer neste assunto. Mas eu não me conformo assim, tenho de ir até ao fim com isto. Queria saber se posso contar com a tua ajuda.

– Achas que vale mesmo a pena? – questiono.

– Alice, tenho de saber realmente quem sou, entendes? E tu vales a pena.

– Mas... Há coisas que valem mais não serem descobertas...

– Então estás a dizer que vale mais a nossa relação ficar por aqui e não descobrir quem é realmente o meu pai. Pensei que gostavas de mim da mesma forma que gosto de ti, mas já percebi...

– Santiago, não é nada disso. Há pessoas que não estão destinadas a ficar juntas e esse é, talvez, o nosso caso.

– Se é o que queres... Mas vou saber a minha história. Contigo ou sem ti. Se não me amas, então ficamos por aqui. Pensei que fosses diferente das outras, mas pelos vistos enganei-me.

Paro o carro no estacionamento junto ao apartamento dele.

– Santiago, sempre jurei a mim mesma que nunca me meteria com os meus patrões. Sabes porquê? Porque é difícil ser mulher no meio de homens. Tu não fazes ideia da quantidade de vezes que fui assediada e abordada pelos homens com quem trabalhava porque achavam que tinham o direito de me tocar por ser mulher. Uns levaram uns estalos, outros foram denunciados na polícia. E eu? Fui despedida, fui apelidada de coisas horrorosas e ainda insultada por ser uma "oferecida", enquanto a única coisa que fiz foi ser mulher. Caso não tenhas reparado, tu és meu patrão e acabei por me envolver contigo. Porquê? Porque me apaixonei por ti e surgiu um sentimento impossível de ignorar. Por isso, não duvides quando digo que te amo, não tenhas sequer coragem de dizer que não tenho um sentimento suficientemente forte por ti. Não é justo...

– Não estás a lutar por nós. Para mim isso chega. Já agora, o assunto da morte do Filipe está tratado, entreguei na polícia as provas que tinha e agora eles saberão o que fazer. Vemo-nos no trabalho.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now