Capítulo 19

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Às 19 horas em ponto recebo uma mensagem do Santiago com a localização detalhada do apartamento dele.

Visto um vestido azul-turquesa discreto e coloco uma maquilhagem leve. Aviso a minha mãe de que não janto em casa e sigo viagem em direção à morada, mas chego à porta e penso desistir. Contudo, é tarde demais, o Santiago já está à minha espera. Saio do carro, olho em volta e reparo que se trata de um prédio recente.

– Estás... – começa ele.

Lanço-lhe um olhar. Acho que ele percebe a "indireta".

– Perfeita. Posso dizer o que me apetecer, aqui ninguém nos vai julgar – continua.

– Dizes tu! Não é preciso muito...

– É só um jantar entre dois amigos, não tem nada de mal.

Isto é tudo muito estranho. Somos dois adultos livres, mas continuo a sentir que não está correto.

Subimos as escadas até ao segundo andar e ele abre a porta. Entro e fico deslumbrada com o apartamento. É um T1, mas acho que consegue ter mais espaço que muitas casas. Toda a decoração é moderna e o espaço está organizado de forma a tornar tudo ainda mais belo.

– Ainda tu dizes que é um apartamento pequeno... – digo.

– Não é muito grande, a disposição é que o torna maior. Mas para agora é suficiente. Vamos sentar? Fui eu que fiz o jantar, desculpa se não estiver muito bom.

Dirigimo-nos para a mesa e olho para as duas velas no centro.

– Eu juro que isto não tem nada de romântico. É só para não ficar demasiado escuro aqui, esta lâmpada não é muito boa e falha muito... – diz o Santiago.

Vou fingir que acredito.

– Então se calhar podias ter comprado outra lâmpada, com o dinheiro das velas. Mas isto sou eu a dizer. De qualquer maneira, estou com fome e curiosa para ver o que fizeste – digo.

Ele sorri e vai buscar o jantar, enquanto me vou sentando na mesa. Fez uns legumes salteados com bife de frango grelhado e arroz. Olho para aquele prato e sinto uma fome enorme.

– É assim, eu não costumo cozinhar muito, por isso é provável que falte um pouco de tempero ou de sal. Mas eu dei o meu melhor – diz ele, sentando-se.

– Tem ótimo aspeto – digo, com um sorriso, olhando-o nos olhos.

– Bom apetite – diz, levantando o copo para um brinde.

Começamos a comer e é um dos melhores pratos que comi até hoje. Tem um sabor diferente.

– Tens a certeza que foste tu que cozinhaste? – pergunto.

– Absoluta – responde ele, a rir.

– E não costumas cozinhar. Podes começar a cozinhar todos os dias.

– Para ti, até o pequeno-almoço todos os dias na cama – diz ele, sorrindo, ao beber um gole de vinho branco.

– Santiago...

– Desculpa, saiu-me. Eu prometo que não digo mais nada.

Aquelas palavras, aquele olhar, aquele ambiente com as luzes baixas, a chama das velas... Exatamente tudo como eu não queria que estivesse. Ou queria, mas que não podia ser...

Começo a rir.

– Que foi? A minha comida está assim tão má?

– Não, está bastante boa. Tem um sabor diferente. Especial.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora