Capítulo 10

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A primeira ambulância foi em direção ao hospital. Ia em marcha de emergência e com a máxima velocidade que era possível. Logo atrás foram as outras duas, todas para o mesmo destino.

Não sabíamos quem ia em qual, apenas que havia três feridos e uma das ambulâncias não ia em marcha de emergência. Só no hospital nos dariam mais informações.

– Pessoal, lamento imenso o que aconteceu – diz o Filipe, ao aproximar-se de nós.

– Ninguém podia prever que isto ia acontecer – responde o Mateus.

– Alice, estás bem? – pergunta-me ele.

Na verdade, eu não estava realmente nada bem. Aquela situação tinha-me deixado maldisposta e com tonturas. As lágrimas voltam a surgir nos meus olhos e o Filipe dá-me um abraço bem apertado. Naquele momento não o afastei nem reclamei, acho que estava mesmo a precisar daquilo.

– Ele vai ficar bem, se precisares de alguma coisa, sabes que estou aqui para tudo – diz, ao desfazer o abraço.

– Obrigada – a única coisa que sou capaz de dizer.

– Se precisarem de algo, sabem que podem contar comigo – diz o Filipe, antes de ir embora.

Despede-se de todos e segue caminho. Nós vamos em direção ao hospital e, pela viagem, lembro-me de ligar aos pais do Harry. Nenhum de nós se tinha lembrado de o fazer antes.

Quando os pais dele chegaram ao hospital, nós já lá estávamos, mas ainda ninguém nos tinha dito nada.

– Sabem quem é o médico que está com o caso do Harry? – pergunta o pai do Harry, quando se aproximam de nós.

– Não, ainda não nos disseram nada. Perguntámos quando chegámos, também já perguntámos a algumas enfermeiras, mas a única coisa que dizem é que o médico virá falar assim que possível.

– Oh Alice, como é que ele estava? – pergunta a mãe, completamente de rastos, por causa da notícia.

Eu olho para ela e nem precisei de dizer nada. Ela viu as lágrimas nos meus olhos e deu-me um abraço. Senti as lágrimas dela caírem sobre o meu ombro.

– Boa noite, é o pai do senhor Harry? – ouve-se.

A mãe dele levanta a cabeça e vai em direção ao médico.

– Somos os pais, sim – responde ela.

– É para informar que o vosso filho está a ser levado para o bloco operatório, já teve uma paragem cardiorrespiratória que, felizmente, conseguimos reverter. O prognóstico é ainda muito reservado, voltarei a contactá-los assim que terminarmos a cirurgia. Ainda demorará umas horas, por isso aconselho-vos a ir a casa e voltar depois.

– Obrigada, doutor, mas preferimos ficar aqui – diz a mãe do Harry.

– Com certeza – despede-se o médico.

Passados uns minutos, vemos um casal entrar na sala de espera com um filho pequeno ao colo, a dormir. Assim que os vejo percebo que se trata dos pais do menino que estava a chorar no restaurante. Dirijo-me a eles.

– Está tudo bem com os senhores e com o menino? – pergunto.

– Sim, já conseguimos acalmá-lo e finalmente adormeceu – responde a mãe.

– Ainda bem, foi uma noite complicada.

– Nem me diga nada... E se não fosse o seu amigo, nem quero imaginar. Já têm novidades do estado dele?

– Vai agora ser operado. Até lá, tudo pode acontecer...

– Só espero que ele fique bem. A família dele está cá?

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora