Capítulo 49

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Uma semana depois, o Santiago tem alta e vai para casa dos pais. Entretanto, começámos a fazer obras na nossa casa, na casa que o Santiago comprou, para a tornar totalmente funcional para uma cadeira de rodas. Não tinha noção das alterações, mas, na verdade, todas as casas poderiam ser assim, aptas para todas as pessoas, independentemente do seu estado. Estão já a fazer os últimos retoques, mas acho que é bom o Santiago ficar em casa dos pais no início. Já trataram da fisioterapia e de todos os cuidados que o Santiago precisa de ter.

Agora já não irei sozinha para a maternidade, o Santiago vai finalmente poder conhecer as filhas. Fui logo de manhã ter a casa dele, para o ir buscar. Fiz questão em irmos juntos, afinal, quero conhecer e entrar na rotina do Santiago e começo por saber como o ajudar a entrar no carro e a sair.

– Pronto para conhecer as nossas filhas?

– Já estava mais que pronto ontem, vocês é que não me deixaram ir.

– Ontem tinhas de descansar, saíste do hospital e ainda tiveste de tratar de algumas coisas. Hoje vais a tempo. A Iara já está bem, finalmente.

Chegamos ao estacionamento e vou ajudar o Santiago. Abro a cadeira e ele faz tudo o resto sozinho. A naturalidade é tanta, que parece que já o faz há imenso tempo e só ontem saiu do hospital.

– Eu sempre me desenrasquei – sorri.

Já dentro da maternidade, trocam a cadeira do Santiago, para não correr o risco de haver transmissão de alguma coisa, visto não ser possível "tapar", como fazemos a tudo o que temos vestido. Quando chegamos à sala da neonatologia, está lá uma das enfermeiras que já me conhece.

– Bom dia, Alice, estou a ver que hoje vem acompanhada.

– A partir de hoje, o Santiago também virá ver as filhas.

– E certamente irá fazer bem a todos. Fiquem à vontade.

No exato momento em que ele olha para as bebés, fica parado. Não consigo decifrar-lhe a cara ou o olhar, até que vejo uma lágrima a cair.

– Alice, elas são lindas. Posso-lhes tocar?

– Podes, tem de ser por uma destas aberturas pequeninas. E também podes falar para elas, conseguem ouvir-nos.

Fico ali aquele tempo todo a olhar para o cenário da minha família, que é perfeita.

– Alice – chama o Santiago.

– Sim?

– Quero ir para nossa casa o mais cedo possível. E este ano não quero uma festa de Natal, não sem as nossas filhas.

– Por mim passávamos aqui o Natal com elas – digo.

– Achas que é possível?

– Não sei, mas posso ir falar com uma enfermeira. Volto já.

Passado uns minutos, volto para junto deles.

– A enfermeira diz que podemos e que, se tudo correr bem, nessa altura já vamos poder ter as nossas meninas ao colo por uns minutos.

– Elas são tão pequenas e frágeis, tenho medo de as magoar.

Baixo-me e fico à mesma altura do olhar do Santiago.

– Tu és pai delas, saberás o que fazer.

Dou-lhe um beijo e ele convida-me a sentar no seu colo.

– Esta cadeira aguenta com os dois – diz.

E ficamos horas a contemplá-las, até que o estômago começa a dar horas.

– Podemos ir comer qualquer coisa ao bar e depois voltamos a subir – digo.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now