Prólogo

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Tinha apenas 10 anos. Saí da escola, depois de ter tido a minha melhor nota de sempre numa ficha de avaliação, e fui diretamente para casa, ansiosa para ir acariciar a minha mana, que tinha 2 semanas, e partilhar a minha conquista com os meus pais. Podia ter sido o melhor dia da minha vida, mas tornou-se o pior... Lembro-me de chegar a casa e ver a minha mãe a chorar, debruçada no sofá. Ela mal conseguia falar e eu não sabia o que fazer. Queria ajudá-la, mas nunca a tinha visto naquele estado... Pensei que algo tivesse acontecido à Rebeca, mas ela dormia como um anjinho.

Passados uns minutos, vejo o meu pai descer as escadas apressadamente, com as malas nas mãos e as suas únicas palavras foram "podes crer que nunca mais me verás, nem tu, nem essas tuas miúdas". Aquelas palavras feriram o meu pequeno coração e, desde então, nunca mais o vi...

O tempo passou e a minha mãe teve de criar as suas duas filhas sozinha, com o baixo ordenado que tinha. Aos 18 anos, quando terminei o secundário, fui trabalhar. Arranjar emprego não foi fácil, mas consegui, ao fim de 3 meses. Bem, não durou foi muito tempo... Comecei por trabalhar como operadora de caixa, mas fui despedida passados 8 meses, por ter discutido com um cliente rico que tentou roubar um perfume bastante caro (em minha defesa, ele é que começou por me insultar, eu só retribuí os insultos). Depois estive 3 meses num café, até ser despedida por ter discutido com um cliente que me seduziu (ele negou e acreditaram nele). Daí fui para uma loja de roupa, durante 11 meses e, imaginem, fui despedida novamente, mas desta vez por ter discutido com uma cliente que desarrumou a loja toda e não comprou uma única peça de roupa. De seguida, consegui ir para um restaurante, sendo despedida, outra vez, por discutir com um cliente que chocou comigo e me fez virar toda a comida para o chão (eu tinha razão, ele devia olhar por onde anda, em vez de ir no telemóvel). Nos 10 meses seguintes, estive numa perfumaria, onde acabei despedida por discutir com um cliente (nem parece meu...) que experimentou todos os perfumes da loja e não levou nenhum. O último emprego disponível para mim era num outro café, mas acabei de ser despedida, depois de dar um estalo no meu patrão, que tentou colocar a sua mãozinha por baixo da minha blusa. Desta vez tive mesmo razão e, se não fosse despedida, ia eu própria despedir-me.

Bem, acabei de agarrar nas minha coisas e estou a caminho de casa, novamente desempregada e sem qualquer emprego disponível. Digamos que o meu currículo não é o melhor...

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora