Capítulo 38

11 3 2
                                    

Saí rapidamente e segui pelo caminho mais curto. Ao chegar, deparo-me com uma rapariga também à porta. O Santiago abre e entramos as duas.

– Deves ser a Alice – diz a outra rapariga, com uma cara pouco alegre.

– Sou. E tu, quem és? – pergunto.

– Vitória. Uma grande amiga do Santiago.

Olho para o Santiago e certamente demonstro a minha pouca felicidade e confusão com o que está a acontecer.

– Santiago, podemos falar um bocadinho a sós? – questiono.

– Eu vou ao carro, que me esqueci lá do telemóvel, podem falar à vontade. Já volto – diz a Vitória.

Começo a falar quando confirmo que ela saiu.

– Podes-me explicar o que é que se está a passar? Eu achei que tinha acontecido algo de grave. Por acaso sabes o significado da palavra "urgente"?

– Preciso de ti, Alice. Tomei uma decisão relativamente às informações que tenho e queria falar contigo, mas também com a Vicky. Não consigo fazer isto sem ti e ela, sendo psicóloga, vai ajudar-me a agir da melhor forma perante os outros, para não lhes provocar um choque demasiado grande.

– Até tem uma alcunha...

– Alice, nós conhecemo-nos desde crianças, os nossos pais são amigos e crescemos juntos. Aliás, os nossos pais sempre tentaram que ficássemos juntos, mas nós não sentíamos o mesmo.

– Fala por ti – diz a Vitória, ao entrar.

– Como assim? – questiono.

– Nada. Vamos falar daquilo que é importante e que nos trouxe cá.

– Então, vou falar com os meus pais e contar-lhes tudo o que aconteceu. Também já procurei informações sobre a outra família e tenho um endereço onde procurar, mas tenho de ter cuidado com a forma como os vou abordar. Afinal, ainda há coisas a confirmar.

– Santi, tens de ter mesmo cuidado. Imagina, os teus pais podem ter perdido um filho biológico. A outra família sempre acreditou ter perdido o filho e, agora, podem ter o filho biológico vivo. O choque pode ser demasiado forte e difícil. Mas dou-te umas dicas de como podes falar, de algumas palavras que podes usar.

– Obrigado, Vicky. Tendo o curso de psicologia, és a pessoa mais indicada para me ajudar nisso. Entendes a mente e essas cenas. Se calhar não é mal pensado fazer uma espécie de guião, só mesmo para ter noção do que dizer.

Fico a olhar para os dois a conversar e pego nas minhas coisas.

– Não estou aqui a fazer nada, por isso vou andando. Se precisares de mim, diz – digo, despedindo-me do Santiago.

– Não vás, fica aqui comigo – pede ele.

– A sério, fiquem vocês a tratar disso. Depois falamos.

Dou-lhe um beijo rápido e saio. Mando mensagem à Vera e ela diz-me que permanece no mesmo sítio, o Marcos foi ter com ela. Decido voltar para lá e ficar um pouco com eles.

Ao chegar, sento-me sem dizer nada antes.

– Desculpa, Alice, acabei por comer o teu lanche. Abandonaste-o aqui – diz o Marcos.

– Sem problema, não tenho fome.

– Alice, tu não comeste nada. Vai pedir qualquer coisa – diz a Vera.

– Só de olhar para aqueles bolos fico enjoada.

Os dois olham para mim.

– O que foi? – questiono.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now