Amar em Pecado (Concluído)

Capítulo 35

Dois dias depois do jantar, recebi uma chamada do Harry, a dizer que não é preciso ação judicial para se fazer um teste de paternidade, se quiserem apenas saber a ligação parental. Nesse caso, o Santiago podia simplesmente dirigir-se a uma clínica, junto com o pai. Foi o que fizerem naquela tarde. Logo a seguir ao almoço, foram até à clínica mais próxima e fizeram o teste. Disseram-lhes que demoraria uma semana. Foi uma semana em que senti o Santiago mais ansioso, em que passei os dias com ele, no trabalho, cheia de vontade de o abraçar e manter junto a mim, até o acalmar. É duro não poder viver um amor descontraído, sem contratempos. Não poder beijar ou abraçar quando queremos.

– Santiago, já sabes alguma coisa do resultado? – questiono, ao chegar ao trabalho no dia em que tinham dado a previsão da entrega do resultado do teste.

– Ainda não... Pensava que tinha o mail logo de manhã.

– Não deve faltar muito.

– Espero que não, mas já não digo nada. Quando souber de algo, digo-te.

Saio e começo o meu trabalho. Não me consigo concentrar ao máximo, a minha cabeça permanece no resultado do teste, na incerteza daquilo que aí vem.

O Santiago passou a manhã toda sem sair do escritório e eu mantive-me na minha secretária. Já é hora de almoço quando o Santiago sai e me questiona se posso ir almoçar com ele.

– Achas boa ideia irmos almoçar juntos? – pergunto.

– Vá lá, Alice. Preciso de ti – diz ele, com um ar cabisbaixo.

– Vamos lá comer.

Durante o almoço tentei manter sempre conversa, para ver conseguia distrai-lo um pouco. Mas o telemóvel dele vibrou e, a partir daí, já não havia nada que eu pudesse fazer.

– É da clínica – diz ele, ao pegar no telemóvel.

– É o resultado?

– Não. É uma mensagem a dizer que o laboratório está com problemas a enviar os resultados. Têm lá uma carta para ir buscar.

– Eu vou contigo, assim que sairmos daqui.

– Obrigado, Alice.

Saímos o mais rápido que conseguimos, não me lembro de alguma vez ter acabado de comer tão rápido.

O caminho até à clínica parecia extremamente longo, mas chegámos em menos de 10 minutos. Os 10 minutos mais longos de sempre.

– Boa tarde, vinha buscar uns resultados – diz o Santiago, ao entrar.

Uma enfermeira entrega-lhe o envelope e saímos os dois. Encostamo-nos ao carro e ele fica a olhar para o envelope.

– Não vais abrir? – questiono.

– Tenho medo...

– Eu estou aqui contigo.

Lentamente, vejo-o abrir o envelope e retirar a folha. Fecha os olhos antes de começar a ler.

– Então?

Ele olha para mim com os olhos cheios de lágrimas. Pego na folha que ele tem nas mãos.

– Ele não é meu pai, Alice – diz, começando a chorar abraçado a mim.

– Isto deve ser um erro qualquer...

– Não é... Eu não acredito que o Henrique não é mesmo meu pai biológico.

E agora?

– Santiago, o que é que isto significa? Será que...