Capítulo 13

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Quando abro os olhos vejo o Marcos a vir na minha direção com um copo de água e sinto os olhares todos direcionados para nós.

– Está tudo bem, podem todos voltar ao vosso trabalho – diz o Santiago.

– Toma, é água com açúcar – diz o Marcos, ao entregar-me o copo.

É quando o tento agarrar que percebo que estou a tremer, por causa dos nervos.

– Vamos lá para dentro, para ver se ficas mais calma.

Vamos os três para o escritório do Santiago e ele diz-me para sentar na cadeira dele, por ser mais confortável.

– Eu estou bem, preciso de voltar ao meu trabalho – digo.

– É que nem penses! Só quando estiveres mesmo bem. A Denise ainda não se foi embora, ela pode segurar as pontas.

Cedo e sento-me. Sinto-me meia tonta e confusa com tudo.

– Bem, eu vou lá fora ver se os ânimos já estão mais calmos. Volto mais tarde, para ver se estás melhor – diz o Marcos e sai.

O Santiago encosta-se à secretária e vira-se para mim.

– Agora podes contar-me o que aconteceu lá fora. Se quiseres, claro. Mas pode ser bom desabafares.

Pouso o copo em cima da secretária e a minha mão raspa na perna dele, por estar demasiado próximo.

– Era o meu ex-namorado... Acabei com ele quando descobri que me andava a trair, mas ele nunca aceitou. Chateou-me imenso tempo, mandava mensagens, chegou até a ameaçar-me. Já não me dizia nada há muito tempo, encontrámo-nos no dia do assalto, ele também estava no restaurante. Naquela noite o tempo parou e eu não deixei que o passado tornasse as coisas ainda piores, já estava demasiado mal para poder fazer qualquer coisa. No dia seguinte ele ligou-me para saber do Harry e pedi para não me voltar a ligar. Hoje chegou aqui para me chatear mais uma vez, beijou-me à força e eu dei-lhe um estalo... O resto tu já sabes...

– E alguma vez foste à polícia apresentar queixa dele, ou assim?

– Não, nunca liguei muito ao que ele me dizia.

– Mas se ele te ameaçava e intimidava, devias ter feito alguma coisa. Ainda tens essas mensagens? – pergunta o Santiago.

– Acho que sim.

Agarro no telemóvel e procuro. Entrego-lhe nas mensagens dele. Fica calado uns segundos, a ler.

– Juro, se ele te fizer mais alguma coisa, eu próprio vou ter com ele. Não admito que ele te trate como tratou e ainda por cima depois disto – diz, mexendo no telemóvel.

– Eu espero que ele hoje tenha aprendido a lição. Estou tão cansada disto... – digo, curvando-me sobre as minhas pernas.

– Calma, estou aqui contigo – responde ele, baixando-se para me abraçar.

– Desculpa pelo que aconteceu hoje... Eu não me consegui controlar...

– Não tens nada de me pedir desculpa, não tiveste culpa de nada – diz, limpando-me as lágrimas que me correm pelo rosto.

– Obrigada.

Olhamo-nos nos olhos intensamente. Levanto-me para quebrar aquilo que está a acontecer. Ele levanta-se logo de seguida.

– Bem, é melhor ir, tenho de voltar ao trabalho – digo, voltando-me para a porta.

– Espera – diz ele.

Volto-me para trás, ele puxa-me suavemente pelo braço e beija-me. Eu tento afastá-lo, mas o meu corpo não cede e entrego-me àquele beijo. Ele encosta-me à secretária e o beijo torna-se ainda mais intenso. Sinto as mãos dele no fundo das minhas costas e coloco uma mão no pescoço e a outra no ombro dele. É quando sinto a mão dele subir pelas minhas costas que ganho forças e paro aquele beijo, que nem devia ter começado.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora