Capítulo 20

28 5 2
                                    

– Mas o que é que aconteceu? – pergunto, quando ganho forças para falar?

– Não sei, filha... – a minha mãe começa a chorar.

– Vão para o hospital! Alice, vai com a tua mãe, não te preocupes, eu desenrasco-me aqui – diz o Santiago.

– Mas não podes ficar aqui sozinho... – respondo.

– Não te preocupes, eu estou bem. Se precisar de alguma coisa, ligo à minha mãe. A tua irmã precisa de vocês.

Olho para ele, corro em direção à minha mãe e vamos as duas o mais rápido possível até ao meu carro. Vou em direção ao hospital e chegamos lá em poucos minutos. Corremos pelos corredores até encontrar alguém que nos ajude. Aparece uma enfermeira que nos ajuda a encontrar a médica que recebeu a Rebeca.

– Como é que está a minha irmã? – pergunto, assim que a médica se aproxima.

– A Rebeca encontra-se num estado delicado. Perdeu muito sangue e terá de ficar sob observação até amanhã, pelo menos.

– Mas ela vai ficar bem? – pergunto.

– Ainda teremos de fazer mais uns exames...

– E o bebé? – interrompo.

A médica olha para a minha mãe e para mim.

– Nós soubemos mesmo há pouco, a Rebeca nem sabia porque não viu bem o teste, não deve ter dado tempo, mas isso agora não interessa – digo.

– A Rebeca sofreu um aborto espontâneo, provavelmente provocado pelo esforço físico.

Eu e a minha mãe entreolhamo-nos.

– Posso-lhe pedir para não contar nada à minha irmã? Preferíamos ser nós a falar com ela – digo, permanecendo a minha mãe calada.

– Claro! Ela deve acordar em breve, podem ficar no quarto e aguardar, se quiserem.

– Obrigada, doutora – diz a minha mãe, muito baixinho.

Vamos para o quarto que a médica nos indica e ficamos junto à Beca. Passados uns minutos, ela acorda.

– Filha! – diz a minha mãe, abraçando-se a ela.

– Mãe, o que é que me aconteceu mesmo?

Aquela pergunta veio demasiado cedo. Acho que nenhuma de nós tinha pensado mesmo naquilo que teríamos de dizer. Olho para a minha mãe e percebo que ela não tem forças para explicar tudo. Aproximo-me mais delas.

– Beca, é uma situação muito delicada. Vou-te contar tudo e peço-te que tenhas muita calma.

Tento explicar da melhor forma possível tudo o que aconteceu, desde a descoberta do teste, até à notícia da médica.

– Eu matei o meu filho? – pergunta ela, com os olhos cheios de lágrimas.

– Não, Beca, a culpa não foi tua. São coisas que acontecem.

– Mas se eu tivesse esperado mais tempo para ver o teste, não tinha feito a aula e o meu filho ainda estaria vivo... – diz, colocando as mãos na barriga, a chorar.

– Tem calma, meu amor – diz a minha mãe.

– Podia ter acontecido na mesma, agora ou mais tarde. Não sabemos. De qualquer maneira, ainda és muito nova. Um dia serás uma mãe fantástica, tenho a certeza.

Ela continua a chorar agarrada à barriga e nós tentamos acalmá-la. A médica chega e também fala como ela, nomeadamente dos riscos que correria com uma gravidez numa fase tão precoce.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora