Amar em Pecado (Concluído)

Capítulo 34

À hora marcada vou buscar o Santiago, passamos pela pizzaria e seguimos para casa da Vera, em silêncio.

– Alice, achas que os teus amigos vão gostar de mim?

– Então, de onde vêm essas inseguranças? Se eu gosto de ti, claro que eles também vão gostar. Sou eu que sou difícil de gostar de alguém, não eles. Não te preocupes, são muito porreiros.

Dá-me um beijo na bochecha e saímos do carro. A porta da varanda está aberta, por isso bato e entramos logo. Vejo a Vera e a Salomé de um lado da sala e o Harry e o Mateus do outro. As duas meninas sorriem e a Vera sussurra algo à Salomé. Se estava à espera de outra reação? Claro que não! Não seriam as minhas amigas, com certeza.

O Harry dirige-se a nós e cumprimenta-nos.

– Alice, já tinha saudades – diz, abraçando-me.

– Não passou assim tanto tempo, Harry, não exageres – respondo.

Ele dirige-se ao Santiago.

– E tu deves ser o Santiago. Já ouvi falar de ti, mas aqui a "ice cream" só falou bem.

– Harry! – repreendo.

O Santiago ri.

– Também já ouvi falar muito bem de ti. Como estás? A Alice chegou a contar-me o que aconteceu... – diz o Santiago.

– Já estou muito melhor, obrigado. Foi um grande susto, mas correu tudo bem. Anda, junta-te ali um bocadinho a mim e ao Mateus, que ali aquelas meninas devem precisar de pôr a conversa em dia enquanto organizam as coisas.

– Olá – acena-lhes o Santiago e elas retribuem.

O Harry passa por mim e sussurra-me ao ouvido "aprovado". Não consigo evitar um sorriso.

– Ai Alice, acho que tens muito para nos contar – diz a Salomé.

– Mais do que vocês podem imaginar...

Ficam as duas a olhar para mim.

– Eu não vos vou contar agora, é algo que precisamos de falar depois.

– Pronto, o meu coração que aguente. Mas diz só se vocês...

– Pronto, Vera, para matar a tua curiosidade, sim, estamos mais ou menos juntos.

– Mais ou menos? – questionam, em uníssono.

Os rapazes olham para nós.

– Continuem a vossa conversa, não é para vocês – diz a Vera.

– É complicado. Depois vão perceber. Agora vamos comer, que estou cheia de fome.

Vamos à cozinha buscar copos e batatas fritas e juntamo-nos no sofá, onde já estão as pizas e os sumos. Como o Harry não deve beber álcool, por causa da cirurgia, agora só bebemos sumo e água quando nos juntamos.

Durante o jantar falamos de tudo. Contamos histórias, relembramos momentos, aquilo que fazemos sempre que estamos juntos. Só no fim do jantar, depois de arrumar tudo, é que voltamos para o sofá e começo a conversa delicada que precisamos de ter esta noite.

– Pessoal, há uma coisa que temos de falar convosco – começo.

Olho para o Santiago, que está sentado ao meu lado, e ele assente. Pega-me na mão, de forma natural.

– Harry, basicamente precisamos da tua ajuda. Quer dizer, pelo menos acho que poderás dar-nos uma ajuda.

Contei tudo o que aconteceu. Como nem todos estavam a par da história entre mim e o Santiago, tive de começar por aí.