Capítulo 15

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A Vera e o Marcos já estão junto a mim, a tentar perceber aquilo que se está a passar. Não sou capaz de falar. O Santiago ouve barulho e vem à porta.

– O que é que se passa? Alice, estás bem? – pergunta ele.

– Ela recebeu uma chamada e ficou assim. Não diz nada, ainda não conseguimos perceber o que se está a passar.

– Alice, ouve-me, tem calma.

Ele passa entre o Marcos e a Vera e chega junto a mim. Pega-me na mão, puxa-me para junto dele e abraça-me. Aquele abraço era tudo o que eu estava a precisar. Sinto os olhares postos em nós e ouço uma voz conhecida.

– O que é que se está aqui a passar? – pergunta a Diana, surgindo de repente.

Eu desfaço aquele abraço, agarro nas minhas coisas e saio a correr. A última coisa de que preciso é de um ataque de ciúmes de uma namorada mimada.

Entro no carro e guio sem rumo. Vou para onde a estrada me leva. De manhã estava um dia lindo de sol, que rapidamente se tornou num dia nublado e escuro. Talvez fosse um presságio. Encosto o carro numa berma e debruço-me no volante, a pensar na vida. Vou ao telemóvel e vejo imensas chamadas perdidas da minha mãe e da Vera e uma mensagem do Santiago. Está na hora de voltar para casa.

Chego e a minha mãe está na varanda.

– Oh filha, o que é que se passa? A Vera ligou-me a dizer que recebeste uma chamada e não paraste de chorar.

– Ainda tens aí o número da mãe do Filipe?

– Porquê? – pergunta ela.

– Preciso. Rápido – digo, entrando em casa.

Vou direta à gaveta onde a minha mãe guarda uma agenda com todos os contactos. Folheio e encontro o número dela. Ligo.

– Alice? – ouço do outro lado.

Congelo no momento em que ouço aquela voz tão alegre. Sinto um aperto no peito por ter de lhe dizer algo cruel, como é a perda de um filho. Ninguém merece...

– Sim, sou eu – acabo por responder.

– Ai é tão bom voltar a ouvir a tua voz, minha querida.

– Também é bom voltar a ouvi-la. Infelizmente, não estou a ligar-lhe por bons motivos...

– Que se passa, meu amor?

– Aquilo que tenho para lhe dizer não é nada fácil. Hoje ligaram-me e...

Não há forma de dizer isto...

– Como o meu número estava nos contactos de emergência, fui contactada. Encontraram o Filipe sem vida...

Do outro lado, surge um silêncio ensurdecedor.

– E sabes para onde o levaram? – pergunta ela.

Esqueci-me disso. Sou capaz de ter desligado a chamada demasiado cedo.

– Infelizmente não, fiquei em choque e desliguei a chamada, esquecendo-me de perguntar... Acredito que terá sido para o hospital, até porque em situações como esta tem de ser feito o reconhecimento do corpo, para não haver dúvidas, penso.

– Obrigada por ligares, minha querida. Vou tentar saber o que tenho de fazer agora.

– Não tem nada que agradecer – respondo.

Notava-se na voz daquela mãe que tinha ficado de coração destroçado. Acabo por desligar a chamada e vou para cozinha, beber um copo de água.

– Agora já me podes explicar o que se passa? – pergunta a minha mãe, ao chegar à cozinha.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now