A Vera e o Marcos já estão junto a mim, a tentar perceber aquilo que se está a passar. Não sou capaz de falar. O Santiago ouve barulho e vem à porta.
– O que é que se passa? Alice, estás bem? – pergunta ele.
– Ela recebeu uma chamada e ficou assim. Não diz nada, ainda não conseguimos perceber o que se está a passar.
– Alice, ouve-me, tem calma.
Ele passa entre o Marcos e a Vera e chega junto a mim. Pega-me na mão, puxa-me para junto dele e abraça-me. Aquele abraço era tudo o que eu estava a precisar. Sinto os olhares postos em nós e ouço uma voz conhecida.
– O que é que se está aqui a passar? – pergunta a Diana, surgindo de repente.
Eu desfaço aquele abraço, agarro nas minhas coisas e saio a correr. A última coisa de que preciso é de um ataque de ciúmes de uma namorada mimada.
Entro no carro e guio sem rumo. Vou para onde a estrada me leva. De manhã estava um dia lindo de sol, que rapidamente se tornou num dia nublado e escuro. Talvez fosse um presságio. Encosto o carro numa berma e debruço-me no volante, a pensar na vida. Vou ao telemóvel e vejo imensas chamadas perdidas da minha mãe e da Vera e uma mensagem do Santiago. Está na hora de voltar para casa.
Chego e a minha mãe está na varanda.
– Oh filha, o que é que se passa? A Vera ligou-me a dizer que recebeste uma chamada e não paraste de chorar.
– Ainda tens aí o número da mãe do Filipe?
– Porquê? – pergunta ela.
– Preciso. Rápido – digo, entrando em casa.
Vou direta à gaveta onde a minha mãe guarda uma agenda com todos os contactos. Folheio e encontro o número dela. Ligo.
– Alice? – ouço do outro lado.
Congelo no momento em que ouço aquela voz tão alegre. Sinto um aperto no peito por ter de lhe dizer algo cruel, como é a perda de um filho. Ninguém merece...
– Sim, sou eu – acabo por responder.
– Ai é tão bom voltar a ouvir a tua voz, minha querida.
– Também é bom voltar a ouvi-la. Infelizmente, não estou a ligar-lhe por bons motivos...
– Que se passa, meu amor?
– Aquilo que tenho para lhe dizer não é nada fácil. Hoje ligaram-me e...
Não há forma de dizer isto...
– Como o meu número estava nos contactos de emergência, fui contactada. Encontraram o Filipe sem vida...
Do outro lado, surge um silêncio ensurdecedor.
– E sabes para onde o levaram? – pergunta ela.
Esqueci-me disso. Sou capaz de ter desligado a chamada demasiado cedo.
– Infelizmente não, fiquei em choque e desliguei a chamada, esquecendo-me de perguntar... Acredito que terá sido para o hospital, até porque em situações como esta tem de ser feito o reconhecimento do corpo, para não haver dúvidas, penso.
– Obrigada por ligares, minha querida. Vou tentar saber o que tenho de fazer agora.
– Não tem nada que agradecer – respondo.
Notava-se na voz daquela mãe que tinha ficado de coração destroçado. Acabo por desligar a chamada e vou para cozinha, beber um copo de água.
– Agora já me podes explicar o que se passa? – pergunta a minha mãe, ao chegar à cozinha.
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Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...