Capítulo 33

24 4 4
                                    

Tentei explicar de forma mais ou menos rápida tudo o que aconteceu nestes últimos dias. Desde o encontro com o meu pai, até ao teste de ADN. A minha mãe e os pais do Santiago mantiveram-se em silêncio.

– Portanto, disto tudo, podemos concluir que eu e a Alice não somos irmãos – conclui o Santiago, quando termino.

– Não pode ser... – diz a Vanda.

– Pode, mãe, há um teste a confirmá-lo.

– Mas o Henrique não pode ter filhos, já falámos disso. Tens a certeza de que o resultado do teste é viável?

– Quantas vezes os médicos já erraram em diagnósticos como o que deram ao pai? Claro que também não há 100% de certeza no resultado do teste, acho que nunca há. Mas eu e o pai podemos fazer um teste de paternidade.

– As coisas não são assim tão simples, filho. Não se pode fazer um teste de paternidade "só porque sim" – diz o Henrique, olhando o Santiago de forma ternurenta.

– Temos um motivo forte. Posso tratar de tudo o que for necessário.

– O Harry estudou direito, deve conseguir ajudar, pelo menos muitas vezes essas questões são tratadas nos tribunais, ou seja, os advogados terão alguns conhecimentos – digo.

– Perfeito! – diz o Santiago.

A minha mãe permanece calada, com um olhar profundo. Aproximo-me dela e questiono-lhe, baixinho:

– Sentes-te bem, mãe?

Ela abraça-se a mim com força.

– Desculpa por tudo o que tens passado – diz, correndo-lhe uma lágrima.

– Mãe, não tens de pedir desculpa. Tu não tens culpa. Em toda esta situação só há um culpado e não é ninguém que esteja aqui. Não há nada que se possa fazer para mudar o passado, temos de aceitar e tentar "esquecer" ao máximo.

Eu e o Santiago olhamos um para o outro e nem precisamos de dizer nada, para que a Vanda perceba que algo se passa.

– Apesar de tudo o que acabaram de nos contar e de tudo o que desconfiam, acho que está bem claro que continuam a não poder estar juntos. Pelo menos até haver confirmação de que realmente não são irmãos, caso venha a acontecer – diz a Vanda, com um ar sério.

O Santiago olha para mim e depois para a mãe.

– Não somos irmãos. Por isso já não há nada que nos impeça – diz ele.

– Há! Um outro teste que realmente o confirme! Sabes perfeitamente que pode sempre ocorrer algum erro. Errar é humano, pode acontecer a qualquer um, há sempre essa probabilidade, ainda que mínima. Eu sei que tudo isto são só especulações, mas todos sabemos que pode acontecer, até no melhor laboratório do mundo. Se vais fazer um teste de paternidade com o teu pai, então até termos o resultado, agimos como se nada tivesse mudado.

– Mãe, eu confio plenamente no resultado que tenho, não há motivos para não o fazer. Não me impeças de seguir com a minha vida só porque continuas a não acreditar. Eu acredito muito mais neste teste do que no que disseram ao pai quando ele era criança, a evolução da medicina é no sentido de diminuir os erros, não de os aumentar.

– Eu não estou a dizer que não confio no resultado que tens, mas, se vai ser feito outro teste, então vamos esperar por esse resultado para tirar todas as conclusões. Aí então falamos. Até lá, a vossa relação continuará a ser meramente profissional. E não falamos mais neste assunto, acaba aqui.

O Santiago sai, claramente chateado.

– Vamos andando para casa – diz a minha mãe.

Saímos as duas, entramos no carro e, uns metros depois, a minha mãe começa a falar.

Amar em Pecado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora