O resto do dia passou rápido e o cansaço era tanto, que rapidamente chegou a hora de nos deitarmos.
– Como é que queres fazer? Se quiseres, posso dormir naquele sofá – diz o Santiago, apontando para um pequeno sofá que se encontra na extremidade oposta do quarto.
– Nós não somos nenhumas crianças e, além do mais, a cama é suficientemente larga para podermos dormir os dois à-vontade, sem nos tocarmos. Dormiam umas 7 pessoas aqui, se fosse preciso.
– Podemos usar um cobertor, ou algo assim, para separar. Não quero criar nenhuma situação constrangedora.
– Santiago, não te preocupes. Vamos dormir, estamos os dois cansados e não estamos a fazer nada de mal. No secundário cheguei a dormir com amigas e amigos, tudo à mistura, e foi bastante tranquilo. Hoje somos dois amigos que vão partilhar a mesma cama, simples – digo.
– Somos mais dois irmãos...
Só aquela palavra, "irmãos", fez-me estremecer.
– Por favor, não digas isso. Ainda não me conformei com essa questão... Agora vamos dormir.
Eu deito-me de um lado e o Santiago do outro, os dois de costas um para o outro. A cama parece ainda maior depois de nos deitarmos.
– Santiago?
– Sim?
– O que é que teria acontecido se não fossemos... Tu sabes... "Meios-irmãos"? – questiono, mantendo-me virada de costas.
Sinto o Santiago a virar-se, olho e vejo-o virado para mim. Viro-me também para ele.
– Para ser sincero, contigo imaginava-me a casar e formar uma família. Comprar uma casa grande, com jardim para os nossos dois ou três filhos correrem e serem felizes. Não pensava minimamente nisso, até te conhecer. Não sei, talvez tenhas despertado o meu lado mais paterno e familiar.
Não deixo de sentir uma certa nostalgia. Parece mesmo um final feliz, não parece? Daqueles dos contos de fadas.
– Mas vá, agora vamos dormir que amanhã temos de acordar cedo – diz ele, aproximando-se para me dar um beijo na testa.
Aquela história continuou a ecoar na minha cabeça, até que adormeci. Não sei quanto tempo consegui dormir, mas quando o despertador tocou, parecia que só tinha passado meia hora.
– Alice, se quiseres podes ir primeiro tomar banho. Eu posso ir depois, enquanto te arranjas. Imagino que demores mais tempo que eu.
– Pode ser – respondo, cheia de sono, e dirijo-me à casa de banho.
Tomo um bom banho, visto o roupão e vou para o quarto. Ao chegar, vejo o Santiago de boxers e t-shirt a olhar para aquilo que me parece ser comida.
– Eles ficaram a achar que... Como é uma suite, acharam que éramos um casal e fizeram um pequeno-almoço romântico. Estava incluído serviço de quartos, mas achei que fosse algo mais "normal".
– Estou cheia de fome, se é romântico ou não, por mim é igual. Vamos simplesmente comer, que o dia é longo.
Sentámo-nos na cama e começámos a comer.
– Eu deixei algumas coisas na casa de banho, para não ter de estar sempre a levar. Espero que não te importes – digo, pegando num morango.
O Santiago olha para mim e engole em seco.
– Claro, sem problema. Eu também vou deixar algumas coisas, para ser mais fácil – diz, desviando ligeiramente o olhar para baixo.
Olho e reparo que o meu roupão está ligeiramente aberto na parte superior e a mostrar mais do que era suposto. Sinto-me corar e tento fechar novamente.
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Amar em Pecado (Concluído)
RomanceAlice Freitas, de 23 anos, está novamente à procura de emprego, depois de ser despedida pela sexta vez, em apenas 5 anos. Devido ao desaparecimento do seu pai, Alice ajuda a mãe nas contas e tenta proporcionar o melhor à sua irmã mais nova, Rebeca. ...