Capítulo 12

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Chego ao meu quarto e encontro a Rebeca a chorar.

– Então, pequena, que se passa? – pergunto, sentando-me ao lado dela na cama.

– Oh mana...

Abraça-me e eu deixo-a ficar assim por uns momentos, sem lhe perguntar mais nada. Quando a noto um pouco mais calma, pergunto-lhe:

– Vá, diz-me lá agora o que se passa. Já não é a primeira vez que te encontro assim.

Desfez o abraço e olhou por breves instantes para baixo.

– Lembras-te daquele rapaz com quem me viste, o Martim?

– Claro que lembro, aquele teu amigo mais velho.

– Pois, na verdade, ele era mais do que meu amigo...

Já estou a ver o filme todo, faz todo o sentido. Nada que não tivesse pensado antes.

– Ele disse que gostava de ti, começaram a namorar e agora ele deixou-te. Estou certa?

– Sim...

– Mana, já devias saber que os rapazes mais velhos costumam gostar de raparigas mais velhas, da idade deles.

– Mas ele dizia-me que era especial. E que parecia madura para a idade...

– E quando é que acabaram?

– Naquele dia em que me encontraste no quarto a chorar. Ele mandou-me uma mensagem a pedir para não lhe enviar mais nada, para não falar mais com ele.

– Mas hoje de manhã parecias bem-disposta.

– Porque tinha uma última esperança de que ele me poderia dar mais uma oportunidade... Mas quando fui ter com ele, mandou-me embora e disse para desaparecer de uma vez da vida dele, que era só "mais uma pita mimada, como todas as outras".

Eu não acredito que o meu anjinho já teve de passar pelo primeiro desgosto amoroso. É, talvez, aquele que dói mais. E ela ainda só tem 13 anos.

– Não acredites no que ele diz, vais ver que vais encontrar um menino da tua idade de quem vais gostar muito.

– Mas eu gostava tanto dele... Acho que estava mesmo apaixonada. Sabes aquela sensação de querer estar junto da outra pessoa sempre e de sentir uma segurança diferente? Era assim que me sentia em relação a ele. E cada vez que o via o meu coração parecia que ia explodir.

Como assim aos 13 anos já estava apaixonada? Estas crianças de hoje em dia crescem mesmo rápido. No meu tempo, com 13 anos, ainda mal tinha deixado de brincar com bonecas, como é que andaria a pensar em rapazes já numa "fase tão avançada"?

– Eu sei que custa muito e ainda vai continuar a custar. Pensa que chegará o dia em que a dor irá embora. Faz parte da adolescência e certamente não será o teu único desgosto amoroso. Só não podes deixar que te tire a alegria, o teu sorriso é bonito demais para ficar escondido. Ele é só mais um rapaz estúpido e que vai sempre ficar na tua história, mas cabe-te agora a ti deixares esse capítulo encerrado e seguir em frente. Levará o seu tempo, mas vais ver que consegues e eu estou aqui ao teu lado para te apoiar, sabes que podes falar comigo sempre que precisares.

– Obrigada, mana, não sei o que seria mesmo de mim sem ti – conclui.

Não digo mais nada e deixo-a absorver tudo aquilo que disse. É difícil encontrar as palavras certas para momentos destes, principalmente quando se trata de adolescentes. E a Beca sempre foi um pouco avançada para a idade, por isso torna-se ainda mais complicado conseguir chegar até ela. Espero bem que tenha conseguido transmitir aquilo que tinha de ser. Desgostos nesta idade podem ser bem complicados... E só mesmo tendo alguém em quem se confia para enfrentar.

Amar em Pecado (Concluído)Where stories live. Discover now