Amar em Pecado (Concluído)

Capítulo 21

– Pronto, basicamente é isto – termino.

– E como é que te tens sentido? – pergunta ele.

– Queres que seja sincera? Não sei. Não sei mesmo. Aconteceu tudo muito de repente, mal tive tempo de processar. Sinto-me num filme.

– Entendo. A vida tem sido mesmo dura contigo. Só nestes últimos tempos... O teu amigo foi parar ao hospital com um tiro, o teu ex-namorado morreu, agora a tua irmã está no hospital... Por falar nisso, como é que está o teu amigo?

– Está praticamente recuperado, só tem algumas dores na zona quando faz mais esforços. Mas dizem que é normal porque ainda não teve tempo de recuperar totalmente – digo.

– Pelo menos boas notícias no meio disto tudo.

– Sim, não tenho falado muito com ele, mais por mensagem, mas é melhor que nada. Agora está na altura de voltar ao trabalho.

– O teu patrão não se está a queixar – diz o Santiago, a sorrir.

– Mas é para isso que me pagam, para trabalhar – digo, levantando-me.

Ele levanta-se, puxa-me suavemente pelo braço e dá-me um beijo nos lábios. Apesar de ser apanhada desprevenida, retribuo.

– Agora o trabalho até te corre melhor – diz ele, piscando-me o olho.

Sorrio, pego nos copos do café vazios e saio.

Ligo à minha mãe e combinamos que já não volto lá hoje, saio um pouco mais tarde do trabalho, para repor as horas e vou depois para casa. Desligo e mando mensagem à Salomé a questionar se ela não quer ir a minha casa depois de jantar, para podermos falar. Estou demasiado curiosa para esperar por domingo.

Saio à hora de fechar a empresa. Chego a casa e a Salomé e o Mateus estão sentados no degrau da varanda.

– Afinal ainda chegaram mais cedo que eu – digo, ao aproximar-me deles.

– Sim, decidimos trazer-te o jantar e comermos juntos. Assim já não precisas de cozinhar – diz a Salomé.

– Amanhã à mesma hora – brinco.

Entramos, meto rapidamente a mesa e começamos a comer.

– Então e o que é que têm para falar comigo? – pergunto.

– É melhor falarmos depois de jantar. É mesmo uma situação complicada, não sei se esta será a melhor altura. A tua irmã está no hospital e precisa de ti – diz o Mateus.

– Não, eu prefiro saber já. Está a deixar-me demasiado ansiosa não saber.

Eles olham um para o outro.

– Falamos no fim de jantar, então – diz o Mateus.

Acabamos de comer, arrumamos todos a cozinha rapidamente e vamos para a sala. O Mateus leva uma saca na mão com algo dentro.

Sentamo-nos no sofá e começo a sentir um clima cada vez mais tenso.

– Alice, aquilo que tenho para te dizer é mesmo muito delicado – começa o Mateus.

– Estás a deixar-me cada vez mais nervosa...

– É sobre o Filipe.

Não acredito, estava a sentir-me finalmente livre dos pensamentos...

– Lembras-te do dia do assalto no restaurante? Uns dias depois, o Filipe apareceu em minha casa – continua o Mateus.

Olha para a Salomé, ela anui e ele continua.