07| Tu és tão infantil!

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 Quando os meus sentidos voltaram, um cheiro horrível infiltrou-se pelas minhas narinas, levando-me a franzir o nariz. Abri rapidamente os olhos e observei o espaço à minha volta, começando rapidamente a hiperventilar.

“Oh meu deus! Oh meu deus!”, Inspirei e expirei com dificuldade, pressionando o meu braço contra o vidro daquilo que me pareceu ser a janela de um carro. “OH MEU DEUS!”, Choraminguei.

“Hey, hey!”, Uma voz masculina chamou a minha atenção. Rodei a cabeça, de olhos arregalados, e encontrei Mike a olhar-me com preocupação. Ele tinha as mãos pressionadas no volante, manobrando-o irresponsavelmente. “Estás bem?”, Ele questionou, cauteloso.

“Não sei…”, a minha voz saiu tremida. Por momentos pensei que fosse desabar em lágrimas mas, quando um riso quase psicótico abandonou os meus lábios, percebi que devia respirar fundo e acalmar-me. “Sabes, tive um sonho incrivelmente assustador.”, Confessei, observando a paisagem australiana pelo vidro.

“Jura.”, Michael proclamou, sorrindo levemente. Quando o voltei a observar reparei que as suas faces estavam rosadas e o seu cabelo azul-arroxeado desgrenhado.

“Yap. Sonhei que tinha pegado fogo à minha própria casa.”, Soltei uma gargalhada nervosa e seguidamente um suspiro. Baixei o rosto e brinquei com os fios da bainha da minha camisola. “Muito realista, por acaso.”

“Ambos sabemos que isso não foi um sonho.”, Michael rodou o seu rosto e encarou-me, mostrando-me um sorriso enviesado. Apenas revirei os olhos, irritada por ele não entrar no meu jogo. Eu só não queria sentir-me culpada. “Tu sabes isso, certo?”, Ele perguntou, segundos depois, parecendo genuinamente preocupado com a minha ingenuidade.

“Eu sei…”, assenti, deixando a minha cabeça tombar sobre o vidro da janela baça, “Eu só achei que ainda me restava algum sentido de humor. Afinal estava enganada. Afinal eu perdi tudo!”, Soltei um grande suspiro e esfreguei a palma da mão nos meus olhos lacrimejantes.

“Cloe, não estarás a exagerar?”, Michael sorriu vagamente. “Eu acho que estás a exagerar.”

“Eu peguei fogo a uma casa...”, murmurei, cabisbaixa, “À minha casa.” Abanei a cabeça e fechei brevemente os olhos, voltando a abri-los segundos depois, precisando desesperadamente de saber o que tinha acontecido depois de eu ter desmaiado, “O que aconteceu?”

“Bem…”, Michael respirou fundo e travou o carro, parando num semáforo, “Depois de tu desmaiares peguei em ti e trouxe-te para o carro.”, Franzi o nariz, chegando à conclusão que ele me havia tocado muito mais do que o pretendido. “Depois entrei em pânico e liguei à minha mãe.”

“Oh meu deus, Michael!”, Levei as mãos à cabeça, assustada com a probabilidade de a confrontação com a minha mãe ser mais rápida do que o esperado. Michael não me deixou terminar o discurso.

“Calma! Ela não atendeu.”, Soltei um suspiro de alívio e esperei que o rapaz continuasse. “Então, como não sabia o que raio fazer e a tua casa não parava de arder, liguei aos Bombeiros. Foi a decisão mais sensata de sempre Cloe! Tu devias tê-lo feito logo!”

“A sério, Michael?”, Abri a boca e olhei para ele com irritação. “Não interessa, o que aconteceu depois?”

“Depois os Bombeiros apareceram e eu desapareci dali.”, Ele terminou com um sorriso, voltando a carregar no pedal do acelerador. Olhei-o com confusão e cerrei os olhos.

“Então, tu saíste dali sem mais nem menos?”

“Yap.”, Ele assentiu, sorridente. “Mas agora está tudo bem! Tu estás em segurança, eu estou livre de perigo, a tua casa está a ser bem tratada e o Sol continua a brilhar!”

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