11| Vou ver se chove

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Olhei-o nos olhos, esperando que uma resposta saísse dos seus lábios carnudos. Michael limitou-se a rasgar um sorriso, pegando na sua tigela vazia e levantando-se da mesa, deixando-me especada a olhar para ele. Cerrei as sobrancelhas e, com alguma preguiça, ergui-me da mesa, pegando também na minha tigela. Avancei na direção do lava-louça e pousei-a lá, esperando ansiosamente por algo que nem eu sabia o que era.

"Hey, terra chama Michael?" Pousei as mãos na cintura, apoiando o meu peso numa única perna, balouçando a outra de trás para a frente. Michael passou uma das suas mãos pelo cabelo, despenteando-o de uma maneira absurdamente simples, e enterrou a outra no bolso das suas skinny jeans - que, para que conste, eram exatamente iguais às que eu tinha vestido. Que originalidade. "Quem é o Leo?", Voltei a perguntar, desta vez com um tom semelhante ao de uma criança de oito anos.

"Que chata, !", Michael soltou uma risada e virou-se de novo para mim, prendendo o seu lábio inferior entre os dentes. Ergui as sobrancelhas e aclarei a garganta, tentando, de certa forma, mostrar uma posição altiva. "Bem, eu vou mostrar-te quem é o Leo."

"A sério? ", Murmurei, encarando a parede bege atrás do rapaz. "Eu acho que prefiro que me digas o que é o Leo primeiro? Apenas para prevenir.", Cerrei as sobrancelhas, ligeiramente assustada com a possibilidade de Leo ser apenas algum objeto sexual com que o rapaz se diverte nos tempos livres.

"Oh, mas eu prefiro mostrar-to!", Ele retrucou, sorridente. E após aquela frase, Michael pegou na minha mão e puxou-me até às escadas, de forma tão abrupta que nem tive tempo de o agredir ou simplesmente protestar. "Vais adorá-lo!"

Quando chegámos ao piso de cima, Michael largou a minha mão. Aproveitei para inspirar algum ar, cansada de toda a correria a que este gremlin atarantado me havia submetido e, com um movimento exagerado, virei-me para o encarar, sacudindo os meus longos cabelos para trás das costas.

"MAS TU ÉS PARVO?", Gritei, arregalando os olhos à medida que o sangue me subia à cabeça. Michael deu alguns passos para trás, encostando-se à parede. "EU PODIA TER TROPEÇADO E MORRIDO!"

"Que drama.", O rapaz de cabelo arroxeado murmurou, encarando a carpete cor de vinho, fazendo uma careta de desagrado. Abanei negativamente a cabeça e cruzei os braços ao peito, olhando fixamente para os pés do moreno. "Já pensaste em frequentar um psicólogo?"

Pisquei os olhos vagarosamente, "Por acaso já." Respondi, com brutidão, continuando o meu drama, "Depois de tantos anos a conviver contigo enlouqueci."

Michael voltou a erguer o rosto, fixando os seus olhos nos meus. Um sorriso pretensioso cresceu nos seus lábios e, enquanto ele se descolava da parede, senti um arrepio na espinha. "Igualmente.", Ele afirmou, caminhando na direção de uma porta.

Revirei os olhos e suspirei, enquanto uma lâmpada se acendia no meu cérebro, relembrando-me a razão pela qual eu odiava tanto Michael. Na verdade, não havia nenhuma razão em concreto para eu sentir estas coisas. Apenas odiava porque odiar é fácil e, sejamos sinceros, é muito fácil odiar aquele rapaz. Ele é como uma pedra num sapato.

Quando voltei a tomar atenção à realidade que me rodeava, Michael havia desaparecido, e eu encontrava-me especada num corredor vazio, amaldiçoando-me permanentemente por ser uma alma tão vazia e ignorante. "Michael!?"

"Aqui em cima!", Ouvi-o gritar.

Revirei os olhos e caminhei até à porta que Michael abrira há apenas alguns minutos. Inclinei o meu tronco para a frente e espreitei, vislumbrando um animador futuro onde uma Cloe totalmente desportiva subia uma escadaria com mil e quinhentos andares! Não, não me parece.

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