16| A Cloe tinha razão

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Depois de almoçarmos, agarrámos nos nossos sacos de compras e fizemo-nos à estrada, passando primeiro por casa, para vestirmos os nossos trajes de banho. Michael não chegou a ver o que eu comprei, até porque eu impedi-o que o fizesse, ameaçando-o de morte se espreitasse para dentro do meu saco. Queria que fosse uma surpresa, se bem que era apenas um fato de banho tão vulgar como tantos outros. O que eu queria mesmo ver era Michael em calções de banho. Isso sim era algo pelo qual eu ansiava.

"Posso pôr musica?", perguntei eu, enquanto Michael conduzia o seu veiculo podre. Sem dizer uma única palavra, vi a sua mão pegar num monte exageradamente grande de CD's. Ele atirou-mos para o colo, sem sequer avisar que o ia fazer. Soltei um grunhido, beijando o meu dedo dorido. "MAGOASTE-ME O DEDO!"

"Queres um beijinho?" Ele virou a sua cabeça na minha direção e mostrou-me uma duck face exageradamente ridícula, à qual eu respondi com o dedo do meio – que por acaso não estava magoado. "Não sejas rude."

"Why you gotta be so rude? Don't you know I'm human too?", cantarolei, não conseguindo sequer evitar que a letra daquela canção escapasse dos meus lábios. Consegui ver pela minha visão periférica a careta que Michael fez. "Não canto assim tão mal. Não faças essa cara."

"Eu canto melhor que tu, isso é garantido.", ele ripostou, confiante. Ergui uma sobrancelha e soltei uma gargalhada demoníaca, pegando nos CD's que ele me havia dado. Observei-os a todos, um a um, procurando aquele que me agradasse – ou que eu conhecesse. Alguns dos álbuns já me eram familiares devido àquele período de tempo que eu passei no carro de Michael, no dia do incêndio, quando não tinha nada para fazer e decidi que era interessante revistar o seu carro. Continuava a achar o seu gosto musical muito estranho.

"Mas que raio de coisas são estas?", murmurei, um pouco exasperada.

"Espera, tu não conheces nenhuma dessas bandas?" Michael levantou as mãos do volante e, por momentos, achei que ambos fôssemos morrer atropelados por um camião. Isso não aconteceu. Infelizmente.

"Devia conhecer?", encolhi os ombros, "Sleeping With Sirens? Mas quem é o anormal que quer dormir com sirenes?", comentei, atirando esse CD para o meu colo. "A sério Michael, metade destes nomes são estúpidos."

"São originais." Ele bufou, parecendo realmente aborrecido com a minha demonstração de ódio pelas suas relíquias musicais. Revirei os olhos e decidi escolher o CD com o título Sempiternal. Enfiei o pedaço de plástico ou metal ou vinil ou lá o que era aquilo na ranhura do rádio, destinada a CD's, e carreguei no botão, esperando que a melodia começasse.

"Bring me The Horizon. Boa escolha.", Michael declarou, levantando o polegar para cima. Abanei a cabeça e cruzei os braços sobre o peito, descansando as costas sobre o banco de pele. Quando a música começou, fechei os olhos, tentando interiorizar a batida lenta que introduzia a música desconhecida. Foi só após alguns segundos que os meus ouvidos começaram a doer. "CAN YOU HEAR THE SILENCE?"

"Não!"

"CAN YOU SEE THE DARK?"

"Sim!"

"CAN YOU FIX THE BROKEN?"

"Quem me dera."

"CAN YOU FEEL, CAN YOU FEEL MY HEART?"

Massajei as têmporas e agradeci a todo o universo por, finalmente, aquela conspiração do Diabo ter terminado. Michael abanava a cabeça a um ritmo desenfreado, ziguezagueando pela estrada como um doido varrido. Quando começou a tocar a música seguinte, senti os meus ouvidos a sangrarem.

"Esquece, vou desligar isto." Carreguei no botão e arrumei o CD na sua caixa, decidindo que nunca, mas nunca, se deve confiar nos gostos musicais de um rapaz chamado Michael Clifford.

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