— O quê?! C-como... como você... Porra, Ruggero! Olha pra mim!
— Está tudo bem, calma.
— Não! — Alex agarra os meus ombros e me faz olhá-lo. — Não está nada bem. Não está certo. Você entende? Não, Ruggero! A gente precisa fazer alguma coisa. Tem um monte de médico por aí, talvez um deles...
— Alex. — Forço um sorriso, fitando-o. — Não há nada o que fazer. Está muito avançado.
Meu amigo se afasta de mim. Ele dá alguns passos na direção da boate e depois volta, entrelaçando as mãos atrás da nuca como se subitamente precisasse se mexer e tomar distância para assimilar o que foi dito.
E eu o entendo. Entendo perfeitamente, e por isso escolhi guardar essa informação pelo tempo que pudesse.
Já há sofrimento demais permeando os assuntos que me envolvem para colocar mais essa pá de problemas em cima.É muito complicado e doloroso.
— Quando soube disso?
Cruzo os braços, encostando-me ao carro.
— Há mais de dois meses.
— Quê?! — Alex guincha sacudindo os braços com força. — Você não podia ter escondido, Ruggero! Nós somos a sua família, porra! Como... como pensou que poderia guardar uma merda dessa? Tem a porra de uma bomba-relógio dentro da sua cabeça e... e vai explodir.
— Que exagerado. — Gracejo para amenizar seu estado de nervos, mas ele não ri.
Alex parece furioso e magoado; ou talvez só esteja apavorado.
— Não tem graça, Ruggero. — Resmunga tirando a chave do carro de dentro do bolso do sobretudo que está vestido. — Não é certo. Além do mais, tínhamos o direito de estar com você, de dividir isso tudo e de lutar.
— Lutar para quê? Os meus exames foram mandados para outros médicos ao redor do mundo. Ótimos especialistas estudaram a minha situação, mas todos possuem a mesma opinião. — Explico dando de ombros. — As coisas são como são e pronto.
— Sabe o que é foda nisso? Que você simplesmente está fazendo o que fez na primeira vez em que descobriu esse maldito tumor.
— Na primeira vez a Elisa estava em um péssimo momento e eu não tinha o direito de...
— De se mostrar frágil e de aceitar a ajuda de quem te ama? — Retruca arqueando uma sobrancelha.— Você não está sozinho, Ruggero, pare de agir como se estivesse, porque está magoando quem te ama.
Abro a boca para respondê-lo, mas Alex simplesmente destrava o carro e entra, ligando-o.
O motor faz um barulho alto e o capô começa a vibrar contra as minhas costas, então me afasto, observando os faróis acenderem.
Esfrego os olhos e depois fito a boate.
Karol...
Aperto os lábios e penso em voltar lá, mas sei que a confusão será maior. Porém de forma alguma vou desistir. Eu vou encontrá-la de novo. Eu vou tirá-la desse lugar nojento e recuperá-la.
Nem que seja a última coisa que eu faça.
Com o corpo congelando de frio apesar da roupa pesada que visto, volto para o carro e afivelo o cinto, deixando que o silêncio faça seu papel em acalmar meu amigo que conduz o veículo em que estamos. Ele parece tenso. Alex tenciona o maxilar vez ou outra e apura a visão para enxergar melhor.
Noto como segura o volante com força e sei que uma hora ou outra vai me dar outra bronca.
Ultimamente todo mundo se acha no direito de me passar sermão.
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Fuego En La Sangre - Livro 2
Romance" Passei bastante tempo nas estradas olhando em volta. Eu procurava algum traço dela, qualquer coisa. O tom de pele, a cor dos cabelos, a risada alta e contagiante. Qualquer coisa mesmo. Mas até a esperança pode acabar. ...