• Cinco

221 41 334
                                    

Acordo com um lado do rosto afundado em um travesseiro fofo que repousa embaixo da minha cabeça dolorida.

Pisco os olhos e apuro a visão, mas tudo ainda parece confuso.

Há um nó esquisito no meu estômago e uma profunda vontade de vomitar, mas empurro isso para segundo plano quando me dou conta de que não estou mais no corredor onde desmaiei, mas sim numa cama que não é a minha, mas que é tão confortável quanto.

Eu me viro com a barriga para cima e encaro o teto, esperando até que a minha vista fique menos embaçada.

Engulo o gosto ruim que sobe pela minha garganta.

Que merda aconteceu?!

— Não se levante ainda, senhor Pasquarelli.

— Onde... que lugar é esse? — Encaro primeiro as mãos que me empurram de volta para o colchão, depois os braços longos cobertos por um jaleco branco, por fim, fito face ligeiramente enrugada do doutor Lizardo. — Doutor? E-eu...

— Você sofreu uma queda de pressão muito brusca, imagino, porque uma das enfermeiras o encontrou desmaiado em frente a minha sala. — Explica com sua voz arrastada e seu sotaque apurado. — Como está se sentindo agora?

Um monte de merda, penso, mas não digo.

Venho me sentindo assim ultimamente, então não é novidade.

— Estamos na clínica ainda? — Murmuro esfregando a lateral da testa que dói muito. — Eu estou enjoado.

— Vou aferir a sua pressão arterial novamente, só um minuto.

E então é aí que algo estala dentro da minha mente.

Num sobressalto agarro o braço do médico antes que ele se afaste. Dr. Lizardo, assustado com a minha ação, franze o cenho por trás dos óculos.

— Cadê ela?! — Pergunto. — Onde ela está? Cadê a Karol?

— Karol? De quem o senhor está falando? Que Karol?

— Eu a vi aqui. Ela estava bem aqui! — Aponto na direção da porta. — Ela... ela estava indo em direção ao elevador que fica perto da sua sala e...

— Senhor Pasquarelli, mantenha-se deitado, por favor. Talvez o senhor tenha sofrido uma concussão, então eu irei chamar o doutor...

— Eu não sofri nada. Eu só quero que vá buscá-la. — Insisto, sentando-me. — Ela está em algum lugar desse prédio. Sei que ela está aqui.

— Por favor, fique deitado.

— Não vou ficar deitado na porra de uma cama enquanto a minha mulher está aqui! — Guincho jogando as pernas para fora da cama. — Isso é um absurdo! Parece que não escuta o que eu digo. — Apoio-me a uma mesinha quando uma tontura me faz tropeçar no tapete. Seguro a cabeça com uma das mãos. Que inferno.

— Escuta — Dr. Lizardo me segura pelos ombros.—, eu vou te ajudar a se sentar na poltrona ali perto da janela e depois vou até a recepção procurar por essa moça, tudo bem? Prometo que volto com uma resposta, mas, por favor, faça o que eu peço e se mantenha quieto até que eu tenha certeza de que o seu desmaio não foi nada grave.

A contragosto sou obrigado a aceitar sua ajuda porque a dor me deixa desorientado.

Eu sabia que um dos sintomas dessa porcaria que está dentro da minha cabeça seria essas avalanches horrorosas de dor, mas agora é o pior momento para isso acontecer.

Karol. — Digo, segurando a mão do médico assim que ele me ajuda a sentar na poltrona. — O nome dela é Karol Sevilla.

— Tudo bem. Eu vou procurá-la.

Fuego En La Sangre - Livro 2Место, где живут истории. Откройте их для себя