• Trinta e Cinco

237 43 369
                                    

Elisa

Daiane aparece na clínica para me buscar e assim que a vejo as lágrimas brotam nos meus olhos. Eu corro em sua direção e a abraço, perguntando como o meu irmão está. Além do Alex, claro.
Simplesmente não consegui parar de pensar nos dois.

— O Alex está estabilizado. Hoje mesmo achamos que ele irá acordar. Os médicos estão otimistas. — ela me esclarece, desvencilhando-se. — E o seu irmão continua um idiota teimoso, mas está bem. Talvez só precise de repouso, mas acredito que vá receber alta logo.

Parece que um peso sai do meu peito. Finalmente consigo respirar melhor, apesar de tudo ainda estar muito confuso.

— Porque fariam isso com eles? Foi um assalto? Por acaso eles reagiram e por isso... aconteceu essa coisa toda?

— Assalto! — Daiane murmura, colocando minhas malas no banco de trás do carro. — Foi coisa do maldito do Vincenzo. Aquele desgraçado deve ter descoberto quem o Ruggero é na vida da Karol. E, claro, deve estar puto com o Alex por causa da Fanny. Foi um atentado, Eli.

Corro as mãos pelos cabelos e sacudo a cabeça, estupefata com tanta maldade. Parece monstruoso demais para aceitar só assim.

Angustiada, me afasto um pouco, encarando a fachada da clínica na qual passei os últimos anos.

Está tudo mudando tão depressa que eu sequer parei para pensar que, finalmente, estou livre desse passado tão amargo que me prendeu nessa situação.

Isso acabou. Agora acabou.

Não que essa ferida vá morrer, afinal tudo aquilo realmente aconteceu, no entanto, essa dor não é mais forte. O que aquele homem fez não me destruiu, e não vai me destruir.

— Eu quero ajudar outras pessoas assim que tudo isso passar, Dai. — Digo, virando-me para ela. — Tenho fé que em breve tudo se resolverá. O meu irmão e a Karol merecem ser felizes com a filhinha deles. E eu quero levar adiante a minha vida, mas não como antes. Quero ajudar pessoas que passaram pelo o que eu passei.

— Espera. Quer dizer, eu concordo plenamente, e claro que vou estar com você nesse propósito tão lindo. Mas... como sabe da Karol? Ou melhor, como sabe da Luna? E-eu... eu não tinha te dito.

Abro um sorriso e arqueio as sobrancelhas.

Aproximo-me dela e jogo meus braços em volta de seu pescoço, fitando seus olhos contornados por cílios coloridos.

— Eu sou uma fada que tudo sabe! Você ficaria surpresa com os meus superpoderes, Daiane.

Ela ri, franzindo o nariz de um jeito fofo.

— Você vai me contar isso nos mínimos detalhes, mocinha!

— Depende.

— Depende?

— Unrrum.

— De quê?

Finjo pensar por um momento, mas aos poucos levo meu olhar até o seu, percebendo que independente do que venha a acontecer, estou com o meu porto seguro.

— Depende da sua resposta. Digo, não precisa dizer o mesmo só porque eu vou dizer, mas... é... o que eu quero dizer é que... bem, eu...

— Eu também te amo! — Ela se adianta, me pegando de surpresa.

Sou tomada por um forte calor no rosto e meu corpo inteiro se arrepia. Parece que estou prestes a deixar o chão para trás e sair flutuando.

— Oh nossa! — Sibilo, rindo. — Eu juro que treinei para falar de uma vez, mas... você me deixou nervosa. Quer dizer, você me deixa nervosa. Acho que... que estou parecendo uma boba, não é? É que eu...

Fuego En La Sangre - Livro 2Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum