• Quatorze

217 41 432
                                    

Sol

Desço do meu carro após estacioná-lo na frente da boate e aperto o casaco que estou usando em volta do meu corpo. Um frio avassalador cobre a cidade apesar de o sol ter dado as caras.

Espirro duas vezes e fungo. A febre ainda me faz ter calafrios e cada vez que os sinto, pergunto-me se Ruggero está bem. Não que ele tenha parecido bem. Mas me questiono se a chuva também o deixou mal como eu.

A verdade é que não consigo parar de pensar naquele italiano maldito. E quanto mais revivo a pequena discussão que tive com Davi, mais me vejo questionando a minha escolha de manter o pai da Luna longe dela.
Porém, o que mais eu poderia fazer? Ruggero não pode ficar na mira do Vincenzo... Além do mais, ele não me parece bem. Algo está muito errado.

— Sol!

Viro-me e observo Fanny se aproximar. Ela desce de um táxi e corre até onde eu estou para me abraçar.

Ao longe consigo ver um dos carros dos seguranças do Vincenzo.

— Precisamos conversar. — Ela sussurra no meu ouvido. — Vamos subir.

Desvencilho-me dela e assinto sutilmente para não chamar a atenção dos brutamontes que sempre estão por perto de nós. Eles são treinados para ouvir as nossas conversas e bater tudo para o chefe.

— Aconteceu alguma coisa? — Murmuro agarrada a mão dela enquanto subimos as escadas que ficam nos fundos do palco. — Fanny, me dá uma pista!

— Vem, vem logo! — Ela me puxa pelo resto dos degraus e dá uma espiada antes de se enfiar dentro do camarim que costuma dividir comigo e com outra dançarina. — O Vincenzo ainda não sabe que você chegou, né?

Observo-a trancar a porta assim que passamos e jogar a bolsinha que traz consigo em cima do sofá cheio de figurinos que fica no canto da parede.

— Não, eu ainda não falei com ele. Mas... o que houve? Você parece nervosa.

— É porque eu estou. — Ela esfrega a testa e vai até a janela, fechando as cortinas. — Sol... eu fui chamada para um trabalho.

Assinto já sabendo que tipo de trabalho foi.

— Aconteceu alguma coisa lá? Avançaram os limites? Você sabe que mesmo sendo um filho da puta, o Vincenzo sempre manda os seguranças para não acontecer... alguma merda muito grande.

— Mas não é exatamente como se ele quisesse nos proteger, né?! — Fanny bufa, inquieta. — Só que não aconteceu nada nesse sentido. Na verdade... não foi bem um encontro daquele tipo.

— Você vai precisar me explicar.

— Ok. Tudo bem. — Ela segura a minha mão e me faz sentar no outro sofá, depois se senta também. — O Alex estava lá.

— Alex... Alex é o cara que se encantou por você aquele dia? — Balbucio já assimilando. — Ah merda! Ele é... esse cara é amigo do Ruggero, Fanny!

— É. Ele é...

— O que você... Puta merda! Fo-foi... foi o Ruggero que te contratou? Ele... ele contratou você para...

— Não, não, não! Não é nada disso, pelo amor de Deus!

A contragosto percebo que isso me deixa aliviada.

Ruggero não é meu, talvez nunca tenha sido, mas imagina-lo com outra pessoa é capaz de me tirar dos eixos. E mesmo sabendo que em três anos ele pode ter tido a mulher que quis em sua cama, ainda assim... ainda assim eu prefiro pensar que não aconteceu.

Fuego En La Sangre - Livro 2जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें